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Trabalho autônomo começa a ganhar mais espaço

Liberdade de tempo e mais satisfação pessoal impulsionam a modalidade

Rodrigo Cabral

A definição no dicionário é inspiradora: “autônomo – aquele que é independente ou livre; que possui autonomia”. Ah, a autonomia. A tão desejada sensação de ser dono de seu tempo, das suas escolhas, da sua rota, do próprio nariz. Porém, além do faro para os negócios, o empreendedor precisa sentir, de longe, o cheiro da grande responsabilidade que tem pela frente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam o que as redes sociais sinalizam: cresce, também na internet, o número de trabalhadores autônomos divulgando os seus serviços. No ano de 2018, já existiam cerca de 23 milhões de profissionais autônomos no Brasil, 2,8% mais do que no ano anterior. 

A manauara Norimar Muller, 40 anos, é uma delas. Depois de trabalhar com carteira assinada por 15 anos, a jornalista decidiu respirar novos ares, diferentes daqueles que envolviam a comunicação empresarial. Seu último emprego, antes da virada de chave, foi em uma grande empresa de telefonia móvel e se estendeu por 13 anos. “Decidi sair para buscar novos horizontes, fazer algo diferente. Senti que era hora de empreender. Logo em seguida, eu montei uma esmalteria. Segui com o novo negócio por oito meses, mas a Comunição falou mais alto (risos). Acabei voltando a prestar serviços de marketing para uma marca de produtos de beleza, que me conheceu através da esmalteria. Isso foi em 2012. Depois de quatro anos, veio a crise na economia e voltei a empreender pela necessidade. Então, fazem seis anos que eu sou autônoma e, atualmente, desenvolvo atividades voltadas para assessoria de imprensa e marketing. Comecei como MEI (Microempreendedor Individual). Mas, rapidamente, ultrapassei a faixa de faturamento permitida para essa modalidade e passei a ser Empresária Individual, estou muito feliz com os resultados”, conta.

image Norimar deixou um emprego de carteira assinada de mais de 15 anos (Naiara Jinknss / Troppo)

 

Amor e liberdade

Dentre as vantagens de mergulhar no mercado autônomo, Norimar faz questão de destacar duas delas. “A primeira é a liberdade de fazer o que você gosta. Normalmente, quem empreende é apaixonado pelo que faz e isso ajuda a ser mais feliz, a trabalhar com afinco e a ter mais criatividade. A segunda é a liberdade de tempo. Hoje eu tenho clientes em Manaus e em Belém. O fato de ser autônoma facilita esse deslocamento, me dá a possibilidade de atender empresas em outros estados, já que eu não tenho vínculo empregatício”, destaca. Não à toa, esses dois fatores também moveram a administradora Fernanda Lobato Coronel, 24 anos, a trabalhar por conta própria como Dog Walker, profissional que cuida do bem-estar e da qualidade de vida dos cães, leva para passear, pratica exercícios e disciplina com os animais. 

image Fernanda e um dos cães que realiza atividades (Naiara Jinknss / Troppo)

 

“Desde pequena, como a maioria das crianças, sempre gostei muito de cães e tinha curiosidade a respeito dos seus comportamentos. E, como nunca tive um cachorro em casa, sempre fui muito apegada aos animais dos parentes e amigos. Constantemente, cuidava deles e os levava pra passear. Após participar de um curso em São Paulo, me perguntei se não dava pra aliar esse meu amor por cães a um trabalho que me trouxesse satisfação. A resposta foi um latido e assim nasceu o ‘Amiga dos Dogs’. Como autônoma, eu faço meu horário, consigo me programar e ter mais tempo. O ruim é a incerteza na remuneração. Depende de mim, da quantidade que eu trabalho. Mas isso acaba sendo bom, pois me força a sair da zona de conforto”, afirma. 

A Dog Walker quer diversificar os seus serviços e está fazendo um curso para se tornar adestradora e ajudar os tutores (donos) a entender e a ensinar seus cães, a fim de estreitar ainda mais os laços entre eles. Mas Fernanda também já trabalhou como vendedora de uma loja de shopping. “A rotina era muito intensa e eu deixava de ter muitos momentos com a minha família, por exemplo. Sem falar que, ao ser autônoma, você acaba fazendo o que gosta, não necessariamente pelo dinheiro. Então fica mais feliz e tendo sucesso no que faz”, aconselha. 

No fluxo do mercado – Com apenas 21 anos, o publicitário Heleno Beckmann sentiu no ar que o mercado estava abrindo mais espaço para trabalhadores autônomos e decidiu que queria trilhar esse caminho, logo no início da sua vida profissional. Ainda na universidade, ele já prestava consultorias em estratégia digital e marketing para empresas. Depois de formado, ampliou a carteira de clientes e serviços. “Hoje eu trabalho como consultor na área de tecnologia e marketing, principalmente voltado para estratégias digitais e análise de métricas. Mas também atuo com webdesign e design de interações. Como autônomo, tenho a possibilidade de expandir minha área de atuação com clientes de segmentos distintos, o que me proporciona criar um networking muito interessante”, conta. 

image Legenda (Acervo pessoal)

 

Com o controle maior de sua carga horária, Heleno divide o tempo entre suas consultorias e uma startup, que toca com a ajuda de duas sócias, também com foco em tecnologia e marketing digital. “Organizando a minha agenda, consigo me envolver, ainda, em outros projetos de curto prazo. Por exemplo, recentemente, desenvolvi um novo serviço que propõe soluções para a questão do lixo em Belém, criado durante um evento realizado na cidade. Ter flexibilidade de horários me possibilita participar desses eventos e ambientes de inovação de forma ativa”, destaca o publicitário.

Desafios

Para a psicóloga e consultora profissional Nara d´Oliveira, trabalhar de forma autônoma exige uma personalidade empreendedora. “Geralmente, quem empreende de forma individual são pessoas que têm gosto por risco, que conseguem bom desempenho em situações pouco estruturadas e não se paralisam frente a desafios e situações não conformes. A organização financeira tem sem mostrado como um dos principais entraves. Por isso, este profissional deve se estruturar para o começo da jornada. Criar um fundo de reserva e já ter um plano de voo é essencial. O indicado é que o autônomo faça um planejamento cuidadoso do novo negócio, projetando no tempo a realização e o retorno de seus objetivos”, orienta.

image Legenda (Naiara Jinknss / Troppo)

 

7 ações importantes para o sucesso como autônomo
Dicas da consultora Nara d´Oliveira

1 – Primeiramente, conhecer bem seu próprio perfil, tendo mapeado seus pontos fortes e aqueles que precisam de desenvolvimento.
2 - Fazer um plano de ação para seus pontos de desenvolvimento.
3 - Ter um planejamento estratégico de seu futuro negócio.
4 - Formatar bem o produto, analisar mercado e tendências.
5 - Fazer um fundo para os primeiros meses.
6 - Estar continuamente ligado em seu mercado e no comportamento do seu público.
7 - Investir em seu marketing pessoal.

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