O desserviço do mundo digital contra o diabetes
Quem poderia imaginar que a Ciência, que luta bravamente para nos oferecer descobertas, curas, vacinas, medicamentos e oportunidades para uma vida humana melhor, estaria vulnerável a uma arma letal? O mundo tecnológico, que pode - e deve - ser usado para informar, com responsabilidade, e auxiliar na propagação de notícias que promovam o diagnóstico precoce, o controle adequado e as melhores formas de tratar o diabetes, doença que atinge mais de meio bilhão de pessoas no mundo, se tornou um verdadeiro vilão ao negligenciar informação séria, atualizada e responsável.
O que se vê, a cada acesso às redes sociais, são pseudo-influencers a promover Ozempics, Wegovys e outros fármacos de forma brutal. Sim, brutal. Não há outra forma de chamar a irresponsabilidade de compartilhar conteúdos falsos, que ferem a ética médica e, o mais importante, podem comprometer a vida de pessoas.
Divulgar a automedicação de canetas injetáveis com a falsa promessa de emagrecimento é o mesmo que garantir que o chamado – e condenado por associações médicas – “chip da beleza”, implante hormonal que pode provocar danos irreversíveis, rejuvenesce e deixa todo mundo mais feliz.
O primeiro ponto aqui é esclarecer que todo e qualquer medicamento para tratamento do diabetes tem como finalidade, de acordo com a bula, tratar o diabetes. Consumir Ozempic simplesmente para emagrecer traz riscos, embora a doença esteja lado a lado com a obesidade, enfermidade que deve ser tratada com outro tipo de medicamento.
Se há remédios e tratamentos para diabetes e há medicamentos para obesidade, qual é o sentido de trocar as bolas? Ou melhor, as canetas (injetáveis)? O alerta é para que a utilização da semaglutida e da tirzepatida, substâncias ativas desses fármacos, só seja feita com a prescrição e acompanhamento, se possível, semanal, de um médico especialista. Caso contrário, comprar o remédio via direct pelo Instagram ou por mensagem privada no TikTok, pode levar o usuário direto para a urgência. Ou para outro lugar.
A Federação Internacional de Diabetes estima que, globalmente, um em cada dez adultos viva com a condição, reforçando a importância de campanhas que promovam o diagnóstico precoce e o controle adequado da doença, estabelecida como crônica e que pode levar a complicações sérias como infarto, AVC, problemas renais e até amputações, representando os principais desafios da saúde pública.
Neste 14 de novembro, quando se comemora o Dia Mundial do Diabetes, fica o alerta para que lutemos contra o desserviço digital no que se refere à saúde de seres humanos. Precisamos e queremos responsabilidade de quem é acompanhado por K e M e busca monetizações, duplicar seguidores e com isso atrapalhar o trabalho de profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra o diabetes e a obesidade, e todas as outras doenças. Responsabilidade digital já!
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