Não é preciso evitar o consumo de álcool após a vacina contra a covid-19; entenda
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que, apesar de muito difundida, a ideia de evitar o consumo de bebida alcoólica no período vacinal é um boato
Uma preocupação para as pessoas que tomaram ou que ainda estão na fila da vacinação contra a covid-19 é sobre o consumo de bebida alcoólica. Nos postos de vacinação as informações são desencontradas, mas a resposta é mais simples do que se imaginava. Não é necessário evitar o álcool antes ou depois de tomar vacina.
A médica Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que, apesar de muito difundida, a ideia de evitar o consumo de bebida alcoólica no período vacinal é um boato. A entidade, que ajuda nas decisões do Programa Nacional de Imunização (PNI) junto ao Ministério da Saúde, não tem nenhuma recomendação neste sentido.
“Há muito tabu e muito despreparo dos profissionais da saúde que estão nas salas de vacinação”, afirma a médica. “Infelizmente, o Brasil não deu conta de fazer um bom treinamento dos profissionais, e cada um fala o que quer”, completa a diretora da SBIm.
Para a especialista, o boato pode desestimular a vacinação de parte da população. O mito se traduz no receio de que a vacina não funcione ou de que provoque uma reação indesejada em quem misturar bebida alcoólica com o imunizante.
No entanto, os fabricantes das vacinas usadas no Brasil, CoronaVac (criado pela biofarmacêutica chinesa SinoVac) e Covishield (do laboratório AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford), não associam comprometimento do efeito ou risco de eventos adversos ao consumo de bebidas alcoólicas. Nos estudos clínicos, os voluntários das vacinas não precisaram ter nenhum cuidado quanto a esse consumo.
Nas bulas dos imunizantes também não há nenhuma especificação quanto a isso, afirma a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por avaliar e liberar os produtos no país.
O Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, a Fiocruz, responsável pela Covishield, e o Ministério da Saúde também afirmam que não há motivos para evitar o álcool por conta da vacina contra a covid-19.
“Não há nenhuma evidência sobre a relação do álcool com o comprometimento da formação de anticorpos promovida pela vacina covid-19”, diz a pasta, por meio de nota.
Para os bebedores pesados, a orientação do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) é a de que ao menos diminuam o consumo durante o processo de imunização.
“A preocupação que a gente tem não é só com a vacina, é por toda a questão do consumo pesado de álcool em tempos de pandemia. É importante que as pessoas tenham um controle do consumo”, explica a biomédica Erica Siu, vice-presidente do Cisa.
A ingestão moderada é calculada como sendo de, no máximo, uma dose por dia para mulher e até duas doses por dia para homem.
“É importante a gente destacar o conceito de dose. Uma dose padrão são 350 ml de cerveja ou 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado”, finaliza.
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