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Mais de 480 mil pessoas com diabetes foram registradas no Pará em 2025; veja dicas de cuidados

A doença exige um alto nível de disciplina e de cuidados, como boa alimentação e prática de exercícios

Bruno Roberto | Especial para O Liberal
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Muitas vezes silencioso, o diabetes é caracterizado pelo alto nível de glicose no sangue, que pode resultar em graves complicações ao corpo humano, exigindo cuidados com a saúde, como alimentação mais saudável e prática de exercícios. Com os grandes riscos que a doença possibilita, novos estudos que fortaleçam o ensino e a produção de pesquisas são importantes, como os que serão realizados pelo Núcleo de Endocrinologia e Diabetes (Nued), aprovado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) no início de outubro.

No Pará, nota-se um crescimento do número de pessoas com diabetes. Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), com base no Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (Sisab), do Ministério da Saúde, o Pará cadastrou 459.403 pessoas com diabetes em 2023, 477.343 em 2024 e 483.003 até abril de 2025.

Um dos casos é o da estudante Isabelly Magalhães da Silva, de 20 anos, que recebeu o diagnóstico de diabetes tipo 1 aos 17 anos de idade, após apresentar sintomas de fadiga, visão embaçada e altos níveis de glicose. Sendo a primeira pessoa da família com diabetes, a estudante precisou passar por uma grande mudança de hábitos, com uma atenção especial à alimentação e à prática de exercícios físicos.

“Mudou muito, pois eu não conhecia muito sobre a doença e ninguém da minha família sabia ao certo como tratar o diabetes. Tive que mudar a alimentação, entender melhor o meu corpo, fazer atividade física, ter disciplina para tomar insulina. Mudei a minha rotina e informei às pessoas próximas para que meus amigos me ajudassem”, conta.

O diabetes tipo 1 demanda que a pessoa tome medicamentos que forneçam insulina ao corpo. No caso de Isabelly, ela toma dois tipos de insulina: a lenta, aplicada uma vez ao dia; e a rápida, antes de cada refeição. Além disso, a estudante usa o glicosímetro para verificar a glicemia pelo menos uma vez ao dia.

A rotina e a disciplina de tomar os medicamentos e medir a glicose frequentemente são desafiadoras, além da falta de compreensão da sociedade. “Além da rotina, o maior desafio é que as pessoas entendam que temos necessidades especiais. É difícil pela falta de informação. O mais difícil é sempre lidar com o medo, ter disciplina, ter que furar o dedo. Você cansa de ser diabética”, afirma Isabelly Magalhães.

Maioria dos casos de diabetes são assintomáticos, alerta endocrinologista

O diabetes é uma doença caracterizada pela elevação do nível de glicose (açúcar) no sangue, segundo a endocrinologista Rafaela Miranda. Ela está diretamente relacionada com a insulina no organismo, isto é, o hormônio produzido no pâncreas que regula a glicose no sangue e, assim, ajuda no fornecimento de energia ao corpo.

Dependendo do que causa essa elevação, a classificação da doença é diferente. Confira os tipos mais comuns de diabetes:

  • Diabetes Tipo 1: doença crônica não transmissível e hereditária, que ocorre quando o organismo produz insulina de forma insuficiente;
  • Diabetes Tipo 2: casos de má absorção de insulina;
  • Pré-diabetes: nível de glicose no sangue maior do que o normal, mas não o suficiente para ser diabetes Tipo 1 ou Tipo 2;
  • Diabetes gestacional: durante a gravidez, a glicemia fica temporariamente acima do normal, mas com valores abaixo do suficiente para ser considerado diabetes Tipo 2.

O diabetes Tipo 1 acomete principalmente crianças e adolescentes que nascem com a doença. O tratamento é feito por meio do uso diário de medicamentos que contêm insulina. O Tipo 2 está associado a quadros de sobrepeso, sedentarismo, hipertensão, hábitos alimentares inadequados e triglicerídeos elevados. Dessa forma, os cuidados com a saúde são importantes para evitar esse tipo de diabetes.

“A medida indicada para evitar o diabetes tipo 2 é manter um estilo de vida saudável. Então, deve-se manter um peso adequado, praticar uma alimentação saudável, com menos açúcar e gordura. Além disso, a prática de atividade física regular é importante”, indica a endocrinologista.

Em caso de diabetes tipo 2, o tratamento é feito com remédios, em sua maioria orais, que ajudam a insulina a ser eficiente. Dependendo da situação, o paciente também pode utilizar medicamentos para aumentar a taxa de insulina no corpo.

Na maioria dos casos, os pacientes com diabetes são assintomáticos, com poucos ou nenhum sintoma, de acordo com a endocrinologista. Por outro lado, a doença pode ser notada em casos de perda de peso de forma inexplicada, sede ou fome em excesso, visão turva, feridas que demoram a cicatrizar, infecções, entre outros sintomas.

O diagnóstico do diabetes é feito de forma laboratorial. O paciente, em jejum, pode realizar um exame de sangue para que o nível de glicemia seja analisado. Além desse método, o médico pode solicitar um exame de hemoglobina glicada para verificar a média do nível de glicose dos últimos três meses. Por fim, a endocrinologista ainda ressalta que há o teste de tolerância oral à glicose, que não é feito em jejum.

O diabetes pode resultar em malefícios para diversos sistemas do corpo humano. As complicações microvasculares podem resultar em alterações na visão, podendo levar a um quadro de cegueira; alterações nas terminações nervosas do corpo, com perda de sensibilidade ao tato, o que pode ocasionar dores e amputações; e mau funcionamento dos rins, com possibilidade de evoluir para insuficiência renal, demandando hemodiálise. Em complicações macrovasculares, são afetados o cérebro e o sistema cardiovascular, podendo evoluir para infarto, AVC, entre outras complicações, segundo Rafaela Miranda.

Tratamento na rede pública

O paciente com diabetes pode realizar o tratamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde tem acesso a consultas médicas, atendimentos com outros profissionais de saúde e medicamentos gratuitos de forma regular e sistemática, conforme a prescrição médica.

Com o Programa Farmácia Popular, a população pode retirar os seguintes medicamentos de forma gratuita:

  • Cloridrato de metformina 500mg;
  • Cloridrato de metformina 500mg - ação prolongada;
  • Cloridrato de metformina 850mg; glibenclamida 5mg;
  • Insulina humana regular 100UI/ml;
  • Insulina humana NPH 100UI/ml.

Para retirar, a pessoa deve levar receita médica e um documento oficial com foto e CPF.

Nued

Durante reunião do Conselho Universitário (Consun), a Universidade Federal do Pará (UFPA) aprovou a criação do Núcleo de Endocrinologia e Diabetes (Nued) da UFPA, no início de outubro de 2025. O objetivo da nova unidade acadêmica é promover pesquisas clínicas e fortalecer a formação acadêmica na região amazônica. O projeto de criação foi encaminhado pelo professor João Soares Felício.

Com a oferta de subsídios e referências acadêmicas, a iniciativa do Nued possibilitará a aplicação de novas pesquisas no ensino e no sistema público de saúde, qualificando profissionais nos âmbitos de pesquisa, ensino e inovação.

A previsão é de que o núcleo tenha um prédio próprio, junto ao Hospital Universitário João de Barros Barreto. Além do Nued, está prevista a implantação do curso de Doutorado em Ciências Médicas, com foco em Endocrinologia.

Para a estudante Isabelly Magalhães, a criação de iniciativas como o Nued é uma esperança para aqueles que apresentam quadro de diabetes. “Ao mesmo tempo que parece que todo mundo conhece alguém que é diabético, ainda há uma enorme desinformação. Saber que existem pessoas que estão lutando para que tenhamos uma qualidade de vida justa dá uma esperança”, afirma.

Aumento de casos

Sobre o aumento de casos de diabetes no Pará, conforme os números da Sespa, a endocrinologista Rafaela Miranda observou que essa é uma tendência mundial. “Então existe cada vez mais uma prevalência aumentada dos casos de diabetes e isso se deve principalmente também a elevação dos casos de obesidade. Então a gente sabe que principalmente o diabetes tipo 2, que é o mais prevalente de todos, está muito relacionado com o excesso de adiposidade, com o excesso de peso. Então como a gente observou, não só recente, mas ao longo das últimas décadas, um aumento maior de casos de obesidade, isso também se reflete nos casos de diabetes", explica.

A especialista reforça que o estilo saudável na rotina diária é essencial para reverter esse cenário. “Então é importante que a população fique alerta em relação a esse sentido, que é possível nós prevenirmos a diabetes, desde que sejam feitas, especialmente políticas de saúde pública, que envolvam medidas. De estilo de vida com a intenção e o objetivo de reduzir o peso e promover a alimentação saudável e atividade física, dentre outros pilares do estilo de vida saudável.”, frisa.

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Saúde
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