Leitura ao ar livre: estudantes destacam benéficos da experiência para a mente e produtividade

A combinação da leitura com o ambiente natural aumenta a concentração, a sensação de relaxamento e o bem-estar geral.

O Liberal
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O hábito da leitura ao ar livre reduz o estresse, aumenta a concentração, além de promover a conexão com a natureza. A combinação da leitura com o ambiente natural ainda pode proporcionar uma experiência mais relaxante, melhorando a saúde mental e o bem-estar geral.

Em meio à correria do cotidiano, a estudante Evelyn Ludovina sempre encontra tempo e espaços abertos para ler com tranquilidade. Aluna do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Pará (UFPA), ela costuma ler com frequência no Mirante do Rio, local que oferece vista privilegiada da orla de Belém.

“Eu estou sempre perto da orla. Como também tenho o costume de ler, uma coisa levou à outra. O contato com a natureza faz toda a diferença na hora de mergulhar na leitura. Quando estou no ônibus lendo, minha concentração é outra. O fato de estar na natureza, num ambiente mais silencioso e com menos ruídos, torna a leitura muito mais agradável. Às vezes, parece até que leio mais rápido”, afirma.

Além do prazer em si, Evelyn destaca como o hábito impacta positivamente na sua rotina pessoal e acadêmica. “Eu leio mais por hobby. Mas isso influencia muito na minha produtividade acadêmica, porque consigo descansar minha mente. Quando vou estudar de fato, sinto que minha cabeça já está descansada. Aqui na UFPA, a gente tem uma vista muito boa, então a experiência vai além da leitura. Se tivéssemos mais espaços assim em outros lugares, seria incrível”, comenta.

image Estudante Evelyn Ludovina gosta de ler ao ar livre, na UFPA. (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

Segundo a estudante, entre os benefícios estão a melhora da produtividade, da escrita e da criatividade. “A leitura me ajuda na oratória e na escrita, o que é essencial para minha formação em Jornalismo. Além disso, ler histórias, sejam fictícias ou reais, é um exercício constante de criatividade. Algo indispensável em qualquer área.”

Imersão

Quem também cultiva o hábito de ler ao ar livre é o acadêmico de Letras Luiz Ramiro Cardoso, de 28 anos. Criado em Cametá, ele relata que a leitura sempre esteve presente em sua vivência ribeirinha. “Minha família já incentivava a leitura. Então, essa experiência de ler em contato com a natureza sempre foi muito natural para mim.”

Luiz frequenta espaços abertos para leitura pelo menos três vezes por semana e diz que o ambiente influencia diretamente na experiência do leitor. “A leitura em ambiente fechado parece rígida, como algo obrigatório. Já num ambiente aberto, dependendo da história, você está inserido nela. É uma imersão”, explica.

image Leitura ao ar livre beneficia a produtividade de estudantes. (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

Ele conta que já vivenciou atividades acadêmicas ao ar livre, como aulas no espaço da orla. “Tive experiências em que professores levaram a turma para ler poesia. Ela é muito explorada nesses ambientes, mas o conto e o romance também funcionam bem. Principalmente a literatura regional, que dialoga com o ambiente ribeirinho. Estar ali, perto do rio, faz com que a gente se veja dentro da própria história”, afirma.

Produtividade

Para Luiz, a leitura ao ar livre também ajuda a reduzir o tempo excessivo em frente às telas. “O livro físico, quando te captura, te faz esquecer o celular, o computador. E isso é cada vez mais necessário. As telas em excesso trazem prejuízos. A leitura permite esse respiro, essa reconexão com a palavra.”

Outro estudante que reforça como o ambiente natural tem um papel fundamental para tornar a leitura mais prazerosa é Helton Silva, acadêmico de Letras. “A contemplação da natureza torna tudo mais instigante. A gente lê uma poesia e, em seguida, contempla o rio que transborda, o vento que sopra. É uma experiência completa”, afirma.

image A leitura ao ar livre ajuda na concentração dos estudantes. (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

Helton começou a perceber esse hábito na universidade, incentivado por uma professora que promovia leituras ao ar livre com os alunos. “Eu já lia na praia ou durante reuniões de família, mas foi na UFPA que percebi o quanto isso fazia parte da minha rotina. As áreas próximas ao rio são seus espaços preferidos no campus para ler. São ventilados, tranquilos e com estrutura adequada e confortável. Isso é essencial para a leitura e para a socialização”, garante.

A influência da leitura ao ar livre também se reflete em sua vida pessoal e criativa. “Eu também escrevo. E esse trabalho contemplativo, de consumir a leitura e ver a beleza no mundo, é muito importante. Deixa a rotina mais leve, faz a gente perceber as pequenas belezas ao redor.”

Aprendizado

A pedagoga Silvianilza Baia também destaca os efeitos positivos da leitura ao ar livre no desenvolvimento cognitivo e emocional. Segundo ela, “a leitura ao ar livre gera uma sensação de bem-estar emocional que favorece a concentração, estimula o desenvolvimento de habilidades e contribui para a construção do conhecimento e da aprendizagem na sociedade”.

Ela ressalta que ambientes fechados, como as salas de aula, podem impor certos limites. “As salas de aula são lugares fechados que indicam limites e, muitas vezes, podem gerar bloqueios no desenvolvimento da leitura. Por isso, criar estratégias pedagógicas em ambientes abertos é uma forma eficaz de estimular e motivar o interesse pela leitura.”

Silvianilza lembra que há estudos que comprovam a ligação direta entre leitura e saúde mental. “A leitura não deve ser vista apenas como uma atividade escolar. Ela vai além, dá significado às coisas, amplia a interpretação do mundo e das relações existentes. Estar em contato com a natureza estimula o cérebro e, consequentemente, a saúde mental.”

Para a pedagoga, é essencial que instituições de ensino promovam iniciativas que incentivem esse hábito. “As universidades e escolas devem investir em projetos de leitura em ambientes abertos, com propostas específicas para esses espaços. Construir diários de leitura, promover relatos em voz alta e incentivar leituras direcionadas são algumas estratégias possíveis e bastante eficazes”, sugere.

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