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Evento adverte para a importância da atividade física na prevenção do AVC e Infarto

A 3ª Corrida e Caminhada de Combate ao Acidente Vascular Cerebral e ao Infarto Agudo do Miocárdio foi realizada neste domingo (20), no Parque Estadual do Utinga

Leila Cruz
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A 3ª Corrida e Caminhada de Combate ao Acidente Vascular Cerebral e ao Infarto Agudo do Miocárdio foi realizada neste domingo (20), no Parque do Utinga, em Belém. A programação esportiva, promovida pelo Instituto AVC da Amazônia e pelo Hospital da Aeronáutica de Belém (HABE), trouxe um alerta para a prevenção das principais causas de morte no Brasil: o Infarto Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral, e contou com a participação de  atletas, profissionais de saúde e adeptos da caminhada comprometidos com a causa.

Um dos participantes foi o ex-atleta Guilherme Leão, 67 anos. Ele participava de competições de atletismo no Rio de Janeiro. Aos 34 anos, sofreu um AVC isquêmico, formado por um coágulo que impediu o fornecimento de sangue para uma parte do cérebro.  Sentiu uma dor na nuca na véspera do acidente. Não procurou atendimento médico e foi trabalhar normalmente pela manhã. 

“Às 11h daquele dia, perdi o movimento da mão e depois da perna, me levaram ao hospital e fiquei 90 dias na UTI. Quando saí, fiquei na cadeira de rodas e fui a Brasília fazer a reabilitação. Fiquei internado durante dois anos até voltar a andar.  Tudo mudou na minha vida, porém, mesmo de muleta, faço minhas caminhadas. E vim ao evento para incentivar outros a se cuidarem”, disse.

image Um dos participantes foi o ex-atleta Guilherme Leão, 67 anos (Divulgação)

Ângela Silva é a presidente da entidade sem fins lucrativos denominada Instituto AVC e afirma que a prevenção da doença é prioridade. “Um dos nossos grandes pilares é a prevenção por meio da prática esportiva, que também auxilia na recuperação dos nossos pacientes. Estamos muito  felizes por ver a capacidade de superação deles. Buscamos acima de tudo priorizar ações voltadas para conscientização, tanto da comunidade quanto do poder público, para chamar atenção sobre a importância da implantação de um protocolo de AVC a fim de facilitar o atendimento desses enfermos”, declara.

O neurologista vascular do HABE, dr. Fernando Paschoal Junior, destaca que o evento alertou para a importância da atividade física regular que aumenta a capacidade cardiorrespiratória e diminui a pressão sanguínea, reduzindo o risco de doenças coronarianas (resultante da obstrução das artérias que irrigam o coração), e das doenças cerebrovasculares (atingem os vasos dos cérebros). “Ambas as enfermidades são tratáveis e passíveis de prevenção. Além da adoção de hábitos saudáveis, é imprescindível o controle do diabetes, hipertensão, colesterol, excesso de peso, bebida alcoólica, fumo e sedentarismo”, destaca.

Cerca de 400 mil brasileiros morrem por ano de doença no coração

Segundo aponta a Sociedade Brasileira de Cardiologia,  quase 14 milhões de brasileiros têm alguma doença no coração e cerca de 400 mil morrem por ano em decorrência dessas enfermidades, o que corresponde a 30% de todas as mortes no país. Por isso, o neurologista vascular Fernando Paschoal também adverte para as doenças coronarianas, sendo a  mais comum o infarto do miocárdio. 

A doença não tem notificação compulsória. Mas, de acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do DataSUS, o Pará registrou, 2.415 internações por infarto agudo do miocárdio, de janeiro a novembro de 2021. No mesmo período foram registrados 2.927 óbitos por infarto do miocárdio no estado. “Na vigência de dor no peito de forma aguda, deve-se procurar um atendimento de emergência para ser avaliado com um eletrocardiograma e exames de sangue para descartar a possibilidade de infarto”, orienta  Paschoal Junior.

Em 2021, foram registradas 1739 internações e 1466 mortes  em decorrência de um Acidente Vascular no Pará, alteração súbita ocasionada pelo bloqueio de um vaso sanguíneo no cérebro (isquêmico) ou pelo rompimento (hemorrágico). Essa emergência médica é a segunda causa de morte no país e a principal causa de incapacidade funcional em adultos no planeta. Os idosos e as pessoas de baixa renda formam o perfil mais acometido.

image Diversas pessoas participaram da corrida (Divulgação)

Complicações do AVC e do infarto 

Adelaide Kondo, 72 anos, vítima de AVC hemorrágico causado por um aneurisma cerebral, recorda bem da data em que quase perdeu a vida. No dia 28 de novembro de 2019, estava recebendo atendimento numa loja de telefonia quando começou a passar mal. Hipertensa, estava bem quando saiu de casa, mas, de repente, sentiu como se tivesse uma onda na cabeça. Só deu tempo de pedir socorro e pedir para ligarem para a filha, e desmaiou.  

“Só sei o que me contaram. Apesar das poucas chances de sobreviver, a cirurgia foi um sucesso. Foram três meses internada. Quando recebi alta, ainda estava muito confusa. Não falava, não enxergava direito, não comia, não andava. O ano de 2020 foi muito difícil”, diz.

image Adelaide Kondo, 72 anos, foi vítima de AVC hemorrágico causado por um aneurisma cerebral (Divulgação)

Fernando Paschoal Junior afirma que as complicações causadas pelo AVC geram um grave problema de saúde pública. Isso porque 70%dos acometidos não retornam ao trabalho e 50% ficam dependentes de outras pessoas para fazer tarefas do cotidiano. “Os dados são preocupantes considerando que a doença pode ser evitada em 90% dos casos com medidas preventivas, mas, a cada ano, atinge 400 mil brasileiros e tira a vida de 100 mil. A população precisa ser alertada sobre  a prevenção e também sobre os fatores de risco  que elevam a incidência”, afirma.

Fique atento aos sinais de AVC e saiba como proceder 

Ao apresentar sinais como boca torta, dificuldade para falar, dor de cabeça de forte intensidade e déficit de força de um dos lados do corpo de forma súbita, a pessoa deve procurar atendimento de forma imediata. O ideal é que seja direcionada a um local que tenha exames de imagem, a tomografia, no mínimo, para o diagnóstico correto e início do tratamento o mais breve possível. 

“As técnicas de hemodinâmica e o atendimento precoce para a retirada do coágulo em até 24h podem ajudar a salvar a vida de um em cada três afetados e reduzir de 14 a 30% das sequelas com um atendimento bem estruturado”, afirma o neurologista vascular.

Na presença de sinais de alarme de um infarto ou AVC, deve-se procurar atendimento o mais breve possível. Nesses casos não se pode seguir a recomendação do “fique em casa”, o paciente ou o familiar deve buscar assistência imediatamente e ligar para 192.

 

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