Crise de pânico: conheça a condição que afeta a atriz Marina Ruy Barbosa
A ansiedade constante e excesso de trabalho podem ser causas do problema
Batimentos cardíacos acelerados, medo de uma tragédia iminente e a sensação de não ter domínio do próprio corpo — esses são alguns dos sintomas da crise de pânico. O episódio pode acontecer apenas uma vez na vida do indivíduo, gerado por um estresse extremo, mas também com frequência, sendo um dos sinais do quadro de Transtorno do Pânico.
De acordo com Roberta Rios, neuropsicóloga e especialista em saúde mental, a crise de pânico é uma combinação entre fatores biológicos, emocionais e contextuais. “Pode ter acontecido experiência traumática ou estressante, que pode ser o desencadeador. Estilo e hábitos de vida podem também desencadear. Além disso, depressão, fobias, TOC, todos esses podem caminhar junto com o transtorno do pânico”, explica.
Na crise de pânico, a pessoa vivencia uma explosão súbita de medo ou desconforto intenso. Em minutos, a crise atinge o ápice, e nesse intervalo de tempo o corpo e a mente entram em um estado de alerta extremo, como se algo grave estivesse prestes a acontecer. Alguns dos sintomas são: palpitações, aceleração do batimento cardíaco, falta de ar, tontura, tremores, sensação de desmaio, suor excessivo. Em alguns casos, há desconforto no peito e formigamento, sintomas que podem ser confundidos com os sinais característicos do infarto
“Crise de pânico é o momento isolado, e está muito associado ao transtorno de ansiedade generalizada, uma ansiedade constante. O indivíduo tem medo de sentir medo, o que a gente chama de ansiedade antecipatória. Ele passa a ter comportamento de esquiva e evitar lugares e situações, o que causa um prejuízo grande na vida pessoal e profissional”, afirma Roberta Rios.
“Na mente, a pessoa tem medo de estar morrendo, de enlouquecer, de perder o controle, sensação de estar fora do corpo. Os desafios e dificuldades vão muito além daquele momento da crise. A mente continua em alerta, o corpo se acalma, mas geralmente os pacientes relatam que eles passam a ter um medo constante de ter de novo uma crise. Eles começam, por exemplo, a se isolar, evitar situações em que possam desencadear outras crises, um cansaço físico emocional intenso”, diz Roberta.
Redes sociais podem ser combustíveis
A atriz Marina Ruy Barbosa, conhecida por papéis em telenovelas, é afetada pela condição. No caso de Marina, o adoecimento mental surgiu com as cobranças auto impostas em busca de uma perfeição irreal, e também com a pressão de expor detalhes da própria vida, sendo uma figura pública.
Para a neuropsicóloga, a ascensão das redes sociais e a criação de um ambiente virtual com excesso de pressão estética e estímulos, podem contribuir para o surgimento ou agravamento da ansiedade. “A gente vê nesses padrões estéticos inalcançáveis uma comparação sem fim, que muitas vezes estão ali na tela, que nem sabemos se é real, estímulos em excesso e descanso de menos. A autoestima vira refém de curtidas, comentários, seguidores. Tudo isso gera uma identidade muito frágil”, afirma.
O excesso de trabalho e o desequilíbrio nas atividades do dia a dia também podem se relacionar com a condição. “A hiperprodutividade, uma ansiedade constante, e a falta de sono fazem com que o corpo dê sinais de que algo não tá legal. Essa rotina desequilibrada pode desencadear inúmeros transtornos, porque assim, o corpo tem limites, nossa mente também e quando a gente ignora isso, eles gritam”, informa a neuropsicóloga.
Tratamento multiprofissional
Os pacientes devem procurar profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras. A psicoterapia ajuda a reconhecer os fatores desencadeadores, entender os sintomas físicos, reestruturar os pensamentos e desenvolver novas respostas aos sinais do corpo.
“Alguns casos precisam sim de medicação, ansiolítico, antidepressivo, que o psiquiatra vai orientar. A gente precisa mudar também o estilo de vida. Ter um sono de qualidade, praticar exercício físico, reduzir cafeína, álcool e estimulantes, trabalhar essa respiração consciente,reconectar mesmo o corpo com o momento presente” reforça a especialista.
(*Ayla Ferreira, estagiária sob supervisão da jornalista Fabiana Batista, Coordenadora do Núcleo de Atualidade)
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