Solidariedade de doadores ajuda projeto a tirar pessoas da rua
Abrigo João de Deus oferece cuidados a pessoas doentes e sem residência e conta com o apoio da sociedade para se manter ativo
A proximidade do Natal, celebrado neste sábado (24), inspira em muitas pessoas o sentimento de solidariedade, e diversos projetos recebem a ajuda da sociedade para manter os custos do trabalho social e ainda presentear e alegrar as pessoas acolhidas em seus espaços e que estão longe de familiares e amigos. Mas, esse espírito de generosidade, embora muito bem-vindo durante as festas de final de ano, deve existir também em outros meses, já que as despesas são fixas e permanentes e os projetos dependem de doações para manter as atividades.
Fundado há 40 anos em Belém, o Abrigo João de Deus tem um trabalho inspirador e exemplar no acolhimento de pessoas em situação de rua. Quem não tem onde morar e vive de maneira vulnerável social e economicamente tem um espaço guardado no prédio de três andares localizado no bairro da Cidade Velha. Lá, os acolhidos recebem uma cama para dormir, refeições e roupas, têm acesso a produtos de higiene pessoal e curativos, participam de momentos de orações e ainda têm espaços de lazer, com televisão, jogos e jardim.
Para manter essas atividades toda ajuda é bem-vinda; por isso pessoas físicas e empresas podem contribuir doando itens básicos e necessários para o dia a dia. Mas, além disso, as doações em dinheiro também são necessárias. Apesar de as irmãs se dedicarem voluntariamente ao projeto, também há funcionários no local, que precisam ser pagos. O abrigo realiza, frequentemente, eventos para arrecadar verba. Esse recurso é destinado ao pagamento da folha desses trabalhadores, além de telefone, energia elétrica, internet e para a compra de proteínas.
"Contamos com a ajuda de muitos voluntários desde o início, mas nunca é suficiente, porque as doações não são fixas, costumam aumentar nessa época do ano, mas tem períodos em que passamos por muita carência. E a maior delas é a financeira, porque geralmente os doadores entregam arroz, feijão e outros produtos básicos, mas o abrigo tem funcionários e eles precisam ser pagos todos os meses. Com a ajuda da graça de Deus, que toca no coração das pessoas, estamos conseguindo desenvolver esse trabalho há 40 anos, mas é muito importante as pessoas terem essa consciência de que é necessário ajudar sempre, todos os meses, porque temos despesas todos os meses, não só em momentos pontuais, como Natais e outras comemorações. Nossos acolhidos precisam comer, se vestir, fazer higiene e curativos todos os dias", argumenta a diretora de assistência social do abrigo, irmã Goreti Soeiro.
Socialização
Além do acolhimento e do acesso a medicamentos e alimentação, as pessoas que vivem no Abrigo João de Deus também passam por um processo de sair da dependência química, seja de drogas ou álcool, e também podem receber cursos e atividades capazes de inseri-las no mercado de trabalho. Com a pandemia da covid-19, no entanto, essa última vertente do projeto ficou paralisada, e a pretensão é que o espaço a retome em 2023. As irmãs também têm o objetivo de inserir de volta essas pessoas ao seio familiar de onde saíram, tentando encontrar parentes que possam receber de volta os acolhidos no abrigo.
"O trabalho, como todas as pessoas que visitam podem perceber, impacta muito positivamente na vida desses acolhidos. Alguns são retirados da condição de morte mesmo, poderiam morrer na rua. Também tem pessoas que já tiveram o vínculo familiar rompido, tem a questão da droga, do álcool, então nós já fizemos muitas tentativas, boa parte deu certo na questão familiar, e já tentamos reinserir no mercado de trabalho, inclusive oferecendo cursos, de algumas instituições parceiras, mas nem sempre dá certo. A maioria dessas pessoas permanecem aqui de forma segura, pelo menos para não entrar em contato com a dependência química, com outros tipos de vício, e muitas delas, por não terem mais vínculos familiares fortalecidos, acabam ficando no abrigo até quando Deus quer. Muitas são idosas também e permanecem aqui", detalha a irmã Goreti.
Recuperação
Em junho deste ano, Lucimar Silva Barros, de 47 anos, chegou ao Abrigo João de Deus em uma situação difícil: portando tuberculose e pesando cerca de 35 quilos. Magro, debilitado e sem conseguir andar sozinho, foi levado até o espaço para tratar da doença e, embora tenha achado que não sobreviveria, conseguiu se recuperar e já chegou aos 65 quilos atuais, encerrando o tratamento. Ele contou ao Grupo Liberal que veio do Piauí para tentar uma vida financeira melhor em Belém, e trabalhava, até poucos meses atrás, como reparador de carro, mas não tinha onde morar. Foi encontrado na rua por um órgão municipal que consulta pessoas em situação de rua.
Lucimar conta que gostou de ter ido para o abrigo porque recebeu assistência. "Eu não tinha como me recuperar sozinho, precisava de ajuda, estava muito debilitado e não tinha condições nem de caminhar sozinho, tinha que ter alguém para me acompanhar porque eu estava bastante enfraquecido. Quando cheguei aqui, particularmente, até pensava que eu não iria conseguir sobreviver, porque nem me alimentar eu conseguia. Aos pouquinhos fui indo, as irmãs tiveram paciência comigo, os cuidadores também, e hoje estou aqui firme e forte pela graça de Deus", celebra.
O acolhido diz que agradece a Deus e ao apoio que teve no Abrigo João de Deus. "O acolhimento que eles me deram foi de respeito, aqui tratam as pessoas super bem, não tem maus tratos, e isso tudo ajuda na recuperação e a estabelecer o vínculo que tínhamos antes, de voltar a querer viver novamente. A parte da convivência do ser humano serve para qualquer um se reabilitar", opina Lucimar. As atividades que ele mais gosta no abrigo são leitura e oração, mas não deixa de brincar: estava jogando dominó no dia da entrevista. A solidariedade de quem tem contribuído com sua estadia e de outros no local, por meio das doações, é vista com muita gratidão por ele: "É um gesto muito lindo".
Solidariedade
Cuidador, o funcionário André Neves trabalha no abrigo há dois anos e presta serviço não só pela renda, mas também por se tratar de um ato de caridade. Sua função é dar amor, carinho e cuidado aos acolhidos, zelando pela integridade física e ajudando cada um com as refeições, banhos, vestimentas e demais necessidades que eles tenham. "Muitas vezes, essas pessoas estão largadas pelas famílias, jogadas pelas ruas, e aqui a gente abraça com todo carinho e amor, e é uma satisfação muito grande em termos de acolhimento e caridade. Eles são vulneráveis, mas com os nossos cuidados e a nossa atenção, vamos desenvolvendo um trabalho que eles realmente necessitam", afirma.
A coordenadora da casa, irmã Goreti, diz que, para as irmãs e todas as pessoas que têm alguma espiritualidade, ajudar o próximo é sinônimo de crescimento espiritual e amor. Segundo ela, vai além de um compromisso de responsabilidade social, mas trata-se de ajudar pessoas a sair de uma condição de vulnerabilidade. "Nós mesmos poderíamos estar nessas condições. Somos todos iguais, temos as fragilidades, a pandemia mostrou que somos fracos, falhos, feitos de carne e osso, então ajudar pessoas significa ajudar a si mesmo, e reconhecer no outro nossa própria fragilidade", declara a irmã. Em sua opinião, este é um "trabalho muito mágico de responsabilidade social" que ajuda quem doa a crescer espiritualmente.
Como contribuir com projetos sociais:
Abrigo João de Deus
Endereço: Travessa Joaquim Távora, 305, Cidade Velha
Telefones: 3241-3195 e (91) 98038-6816
O que doar: móveis, brinquedos, proteínas (carne, peixe e frango), material de limpeza e de higiene pessoal, itens para curativos, leite em pó integral, bolachas e óleo
Para doações em dinheiro, o PIX é o CNPJ 04.347.035/0001-52
Casa do Menino Jesus
Endereço: Travessa Francisco Caldeira Castelo Branco, 1403, São Brás
Telefones: (91) 98271-1256 e (91) 3259-0525
O que doar: alimentação, material de limpeza e de higiene pessoal, remédios, móveis usados ou novos, roupas e presentes de Natal para as crianças
Para doações em dinheiro, o PIX é o email casameninojesusbelem@gmail.com
Associação Voluntariado de Apoio à Oncologia (Avao)
Endereço: Travessa 14 de Abril, 1472, São Brás
Telefone: 3249-8450
O que doar: fraldas geriátricas nos tamanhos M, G e GG, muletas e roupas
Para doações em dinheiro, o banco é Bradesco, agência 3109-7, conta corrente 164014-3, CNPJ 03.114.293/0001-26
Fazenda da Esperança
Endereço: Sítio da Fazenda da Esperança, no ramal da Estrada da Esperança, Mosqueiro
Telefone: (91) 99311-2006
O que doar: alimentos e móveis
Para doações em dinheiro, o PIX é o CNPJ 48.555.775/0097-00
Creche Lar Cordeirinho de Deus
Endereço: Travessa Francisco Caldeira Castelo Branco, 923, São Brás
Telefone: (91) 3249-7376
O que doar: alimentos (carne, salsicha, ovos, leite em pós, cesta básica), material de limpeza e de higiene, fraldas G e XG
Para doações em dinheiro, o PIX é o email cordeirinhocrechelar@gmail.com
Paravidda
Endereço: Avenida Roberto Camelier, 809, Jurunas
Telefone: (91) 3272-4645
O que doar: alimentos, material de higiene e de limpeza, fraldas, lençóis e toalhas
Para doações em dinheiro, o PIX é o CNPJ 83.366.245/0001-64
Arte pela Vida
Endereço: Travessa Rui Barbosa, 1023, Reduto
Telefones: (91) 982802188 e (91) 983142166
O que doar: cestas básicas, fraldas, roupas, sapatos, livros, CDs, cadeiras de rodas e de banho
Para doações em dinheiro, o PIX é o telefone (91) 98250-6161
Movimento República de Emaús
Endereço: Avenida Padre Bruno Sechi, 17, Bengui
Telefone: (91) 3285-7693
Para doações em dinheiro os bancos são Banco do Brasil (agência 1686-1 e conta corrente 735789-3) e Banpará (agência 0024 e conta corrente 301121-6)
Missão Belém
Endereço: Estrada do Bituba, 7, Benevides
Telefone: (91) 99201-3797
O que doar: alimentos, material para curativos, produtos de higiene pessoal e fraldas
Para doações em dinheiro, o PIX é o CNPJ 25.033.205/0001-02
Pará Solidário
Telefone: (91) 99170-2926
O que doar: roupas, sapatos, brinquetos, itens de casa, alimentos
Para doações em dinheiro, o PIX é o CNPJ 42.188.138/0001-06
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