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Projetos incentivam empreendedorismo feminino

Por meio de cursos e capacitações, diversas iniciativas buscam dar oportunidades às mulheres no mercado de trabalho

Redação Integrada

No mês de março, em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, os debates sobre empoderamento feminino se intensificam. Derrubando barreiras e abrindo novas oportunidades, as mulheres têm ocupado mais espaço no mercado de trabalho. Na área do empreendedorismo, por exemplo, elas comandam 51,5% dos negócios abertos em todo o país, segundo dados divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Elas lutam diariamente por melhores condições de vida e de trabalho, mas muitas não têm oportunidades e vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Para atender essas mulheres, vários projetos em Belém têm a atuação voltada para a capacitação e renda, por meio do empreendedorismo. Uma dessas iniciativas é o Costuraê, projeto desenvolvido pelo Time Enactus da Universidade Federal do Pará (UFPA), que tem o objetivo de impactar e melhorar a qualidade de vida nas comunidades por meio do empreendedorismo social. De acordo com o coordenador da equipe, professor José Lacerda, os projetos do Time não têm apenas o intuito de gerar renda, mas um impacto positivo nas localidades de atuação.

Por meio do Costuraê, são oferecidas capacitações em corte e costura, vendas e gestão pessoal para mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica no bairro do Guamá, que tenham entre 35 e 70 anos de idade. Além da parte técnica, as oficinas trabalham o empoderamento e apoio profissional às mulheres, que veem nas aulas uma oportunidade de realizar seus sonhos.

A iniciativa existe há três anos e, atualmente, atende várias mulheres, por tempo indeterminado, e todas com o objetivo de seguir carreira na área. No início, eram oferecidas aulas de crochê e empreendedorismo, mas a equipe conseguiu fundar um ateliê próprio e passou a ensinar noções de corte e costura para as integrantes. Durante as aulas, as mulheres aprendem e produzem. Elas têm suporte no ateliê, com máquinas de costura e materiais doados para ajudar no trabalho.

Entre os materiais produzidos pelas mulheres que são atendidas agora são as ecobags, ou sacolas ecológicas, para diminuir o uso de plástico. Os materiais são comercializados, geralmente, nos pontos turísticos da capital e em eventos e feiras dos quais as integrantes participam. Existe uma rotatividade de capacitações do ramo da moda - elas são ministradas por pessoas que dominam técnicas e se disponibilizam para atuar no projeto como parceiros voluntários. O ateliê fica localizado em uma sala na escola Ruth Rosita, no bairro do Guamá, e funciona pela parte da tarde, de segunda a sexta-feira.

Na opinião da líder do Costuraê, Waleska Oeiras, de 22 anos, ser mulher significa se deparar com barreiras em vários âmbitos, inclusive no mercado de trabalho, e estar em condição de vulnerabilidade social e econômica cria ainda mais obstáculos. "Até hoje vivemos em uma sociedade onde as oportunidades são aptas a um gênero definido. É por isso que empoderar importa tanto. Mostrar para outras mulheres que elas podem avançar como pessoas e, principalmente, como mulheres dentro do mercado de trabalho e na sociedade é essencial. O empoderamento pode mudar vidas e, no ateliê, ele acontece todo dia, de forma coletiva e individual, e reflete nos resultados que acompanhamos", opinou Oeiras.

A líder ainda destacou que a atuação do projeto é contínua, ou seja, não existe uma quantidade de meses determinada para atender os grupos. O objetivo do grupo para 2020, segundo Oeiras, é “empoderar mais mulheres, impactar mais vidas, gerar mais renda e capacitar ainda mais as mulheres que já estão ativas no ateliê e alcançar outras que precisam".

Outro projeto do Time Enactus que é voltado para o público feminino é a Minerva, plataforma que conecta mulheres prestadoras de serviços de reparos residenciais às mulheres que precisam desses serviços, mas têm medo de contratar mão de obra masculina em suas casas. A equipe, então, ajuda a inserir essas pessoas no mercado da engenharia civil, promovendo igualdade, empatia e segurança na prestação dos serviços. Em menos de um ano de funcionamento, a ideia já foi eleita como um dos três melhores negócios sociais do país.

Hoje, existem várias mulheres cadastradas e algumas capacitadas e em treinamento, para realizar 12 tipos de serviços, entre eles pintura, instalações, revestimentos e reparos menores. Funciona da seguinte forma: a cliente solicita o trabalho pelo site e recebe uma ligação ou mensagem da equipe, que também é enviada à prestadora do serviço. Nesse momento, é feito um pré-orçamento e marcada a data do trabalho.

Após o agendamento, o serviço é realizado, e o projeto cobra uma taxa em cima do valor, que é reinvestido. Também promovemos capacitações para outras mulheres que queiram entrar no mercado da construção civil e um dia se tornarem ‘minervas’, como são chamadas. Para a vice-coordenadora do Minerva, Najla Mattar, a maior importância é diminuir a desigualdade de gênero no setor da construção civil e oferecer oportunidade para que as mulheres possam atuar e se aprimorar nesse campo. “Do outro lado, temos as clientes, mulheres que se sentem inseguras para contratar um homem em suas casas, ou que querem incentivar a inserção da mulher nesse mercado, contratando um serviço de outra mulher”, disse.

Ministério Público inicia projeto com mulheres

No começo deste ano, várias iniciativas voltaram à ativa, enquanto outras tiveram sua atuação inicial. Foi o caso do projeto “Empoderamento Empreendedor”, promovido pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). Em janeiro, cerca de 20 mulheres moradoras de Belém que foram vítimas de violência doméstica participaram de uma oficina de panificação para aprender a produzir gêneros alimentícios que podem se tornar fonte de renda. No curso, ministrado por professores do Centro Universitário Fibra, as mulheres aprenderam aspectos teóricos sobre a panificação e depois aprenderam a produzir pães caseiros.

De acordo com o promotor de Justiça Franklin Prado, coordenador do Núcleo Mulher do MPPA, titular da Promotoria de Justiça de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Belém e idealizador do projeto Empoderamento Empreendedor, as aulas objetivam proporcionar às mulheres vítimas de violência doméstica oportunidade de aprendizagem empreendedora no setor de panificação. “O pão é um dos alimentos mais consumidos pela humanidade. Com certeza, a mulher aprendendo a fazer um pão poderá vender este produto e auferir renda, se tornando independente financeiramente do agressor”, explicou.

Já há, de acordo com o promotor, tratativas entre o MPPA e redes de supermercados para que mulheres qualificadas na atividade de panificação sejam absorvidas por empresas instaladas em Belém. O grupo também quer encaminhar mulheres vítimas de violência doméstica e em situação de vulnerabilidade social a um atendimento psicológico e assistencial adequado, além de posterior inserção em cursos de qualificação profissional, oficinas, palestras e rodas de conversa sobre empreendedorismo.

Apenas em Belém, há quase oito mil mulheres com processos tramitando nas varas de violência doméstica. Ao oferecer atendimento psicológico e qualificação profissional às vítimas, o Ministério quer proporcionar independência econômica a elas, eliminando a dependência financeira dos agressores.

O LIBERAL faz ação em alusão ao Dia da Mulher

Nesta quinta-feira (5), os colaboradores do Grupo Liberal também recebem programação especial para debater temas relacionados à mulher. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a Diretoria de Recursos Humanos (DRH) da empresa organizou uma roda de conversa para falar sobre "nutrição da saúde da mulher moderna". Será no dia 5 de março, às 9h30, no auditório do Bloco "B" do jornal O Liberal.

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