Campanha tem objetivo de alertar sobre cuidados com a pele

Câncer de pele que atinge cerca de 180 mil pessoas a cada ano, diz entidade

Elisa Vaz e Karoline Caldeira (estagiária, com supervisão) / O Liberal

As altas temperaturas podem ser sentidas diariamente no Pará. Por isso, idas aos balneários, praias e piscinas fazem parte do cotidiano da população e expõem à radiação solar o maior órgão do corpo humano, a pele, essencial para a proteção. Com o intuito de conscientizar as pessoas acerca dos cuidados com este órgão, a campanha Dezembro Laranja, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta quanto ao câncer de pele, doença que, a cada ano, tem cerca de 180 mil novos casos diagnosticados no Brasil, de acordo com a entidade.

A SDB ainda aponta que este é o tipo mais comum de câncer no país - um em cada quatro novos casos da doença é de pele. Em Belém, no Hospital Ophir Loyola, Centro de Alta Complexidade em Oncologia Pará, até novembro deste ano, 670 pacientes estavam em tratamento contra a doença. Em 2019, o hospital recebeu 260 casos novos, 209 em 2020 e 392 casos até o mês de novembro deste ano. A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) informa que foram registrados 766 casos de câncer de pele e 59 óbitos em 2020. E 291 casos e 48 óbitos, até o momento, em 2021.

A principal causa da doença é a exposição solar excessiva, mas também pode ser ocasionada pelo contato com substâncias químicas, como arsênio e alcatrão e alterações na imunidade. "Esse tipo de câncer é mais comum em pessoas a partir de 40 anos com pele, olhos e cabelos claros, além de histórico pessoal e familiar de câncer de pele. Por causa da pandemia e do medo compreensível de sair de casa, os diagnósticos tiveram uma queda de 24% no ano passado, em relação a 2019, de acordo com uma pesquisa feita pela SBD. As internações, pelas estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS), tiveram uma queda parecida, 26%. Então, em um país como o Brasil, que registra mais de 180 mil novos casos de câncer de pele por ano, é muito preocupante", afirma a oncologista Amanda Gomes.

O brasileiro também negligencia o uso de protetor solar. Em outra pesquisa realizada pela SBD, foi constatado que 63% dos brasileiros não usam nenhum tipo de proteção solar, nem no dia-a-dia, que é o ideal, e nem quando vão à praia ou à piscina, pontua a médica. "Esse dado é alarmante e daí a importância de campanhas como o Dezembro Laranja para conscientizar as pessoas sobre a prevenção, pois a radiação solar sem proteção é a principal causa da doença, causando danos que se acumulam na pele durante toda a vida. A prevenção deve ser feita desde criança, mas infelizmente essa ainda não é uma prática comum dos brasileiros", explica.

Diagnóstico precoce é fundamental

Existem dois tipos de câncer de pele: o não melanoma e o melanoma. O primeiro é o mais comum e representa 30% de todos os tipos de câncer diagnosticados no Brasil. São cerca de 95% dos cânceres de pele que se originam na camada superficial da pele e apresentam menor gravidade e, portanto, menor letalidade. Já o segundo é mais grave. Representa, em média, 3% dos casos de câncer de pele e a letalidade é mais alta. Esse tipo atinge células que produzem a pigmentação da pele e tem uma alta probabilidade de desenvolver metástase, ou seja, pode atingir outros órgãos do corpo, dificultando o tratamento e a cura. Embora seja detectado em apenas 4% dos pacientes, caso não seja diagnosticado de forma precoce, pode levar à morte.

Foi o tipo mais grave que acometeu o aposentado Tarcísio Barros, de 68 anos. Em 2014, foi diagnosticado com câncer de pele melanoma, após perceber ínguas nas axilas e uma das filhas, que é enfermeira, pedir para que ele fizesse um check-up. Com a biópsia, foi confirmado o câncer e o sinal foi retirado, mas, em 2018, os exames de acompanhamento mostraram metástases no pulmão e no cérebro. O nódulo no pulmão foi retirado em uma cirurgia, e o tumor no cérebro foi tratado com radiocirurgia.

“Na minha época não tinha isso de passar protetor solar, não era uma preocupação, principalmente entre os homens”, lamenta. Mas depois do diagnóstico, os cuidados se tornaram rotina. “Fico atento, porque tenho um irmão que também teve câncer de pele melanoma, e há outros casos de câncer na família. Por isso, a prevenção deve ser ainda maior”, opina o aposentado.

Quando a doença é descoberta cedo, a chance de cura é de 90%. Com o diagnóstico tardio, essa chance cai para 40%, explica a médica Amanda Gomes. "É recomendado consultar um dermatologista ao menos uma vez por ano ou se você observar lesões na sua pele, como manchas ou sinais que coçam, ardem, descamam ou sangram, e feridas que não cicatrizam em até quatro semanas. O auto-exame e o acompanhamento feito por especialistas são fundamentais para garantir a descoberta de diagnóstico precoce", aconselha.

A melhor maneira de se prevenir o câncer de pele é evitar a exposição prolongada e repetida ao sol entre 10h e 16h. O protetor deve ser usado todos os dias e de maneira correta, com um fator de proteção de, pelo menos, 30, que deve ser reaplicado a cada duas horas. Além disso, usar roupas e acessórios como chapéus e óculos escuros também pode ajudar.

O diagnóstico é feito pelo exame dermatológico da lesão complementado e confirmado pela biópsia com histopatológico. O Hospital Ophir Loyola oferece tratamento de acordo com o acometimento e tipo de lesão dos pacientes. São utilizados quimioterápicos de uso tópico, uma técnica terapêutica que consiste na aplicação de frio no local chamada de crioterapia; cirurgia para a retirada do tumor; e o acompanhamento clínico

No Pará, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), o diagnóstico e o tratamento inicial de pacientes podem ser feitos em qualquer um dos Hospitais Regionais e na Policlínica Metropolitana, em parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa). O tratamento com cirurgia, quimioterapia e radioterapia é realizado nos hospitais de referência, que são o Hospital Ophir Loyola, Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, Fundação Santa Casa e Hospital Universitário João de Barros Barreto, ligado à Universidade Federal do Pará (UFPA), todos em Belém; além do Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém; e o Hospital Regional de Tucuruí.

A Sespa informa, por fim, que a campanha alusiva ao Dezembro Laranja foi realizada dentro das ações de saúde na Usina da Paz. Já a Prefeitura de Belém declara que a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) não realizou campanha sobre a temática.

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