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Livros abordam inclusão e ajudam a aprendizagem de crianças com deficiência; veja algumas sugestões

Na semana em que começa a Feira Pan-Amazônia do Livro e das Multivozes, educadores falam da importância da leitura e dão dicas de livros

Emilly Melo / Especial para O Liberal
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A poucos dias da abertura da 26ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que acontece entre os dias 9 e 17 de setembro no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, especialistas que atuam na área da educação e aprendizagem ressaltam como a leitura é fundamental para levar o tema de inclusão de crianças e adolescentes com deficiência e transtornos de aprendizagem para o ambiente escolar.

Mãe de um adolescente diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Isabel Melo revela que decidiu produzir materiais adaptados para ajudar o filho no processo de aprendizagem escolar. A ideia foi realizada em parceria com a amiga Aldeniza Ferreira, professora de Língua Portuguesa, que conheceu na Associação dos Pais e Amigos dos Autistas de Ananindeua (Apan). Há sete anos, elas desenvolvem esses materiais juntas e expandiram os instrumentos para uma loja após uma grande demanda de outros pais.

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“Nós somos mães de pessoas com autismo, com a experiência inicial com nossos filhos, vimos a funcionalidade desses recursos, pois eles aprendem de uma forma mais visual. A partir daí, outros pais começaram a nos procurar”, conta Isabel.

image Não tem felicidade maior ver a criança ser incluída no meio escolar e poder aprender”, declarou Isabel Melo, mãe de um adolescente diagnosticado com TEA (Isabel Melo / Arquivo Pessoal)

Isabel afirma que as ferramentas adaptadas são muito importantes para a inclusão de crianças no ambiente escolar, pois permitem desenvolver várias habilidades que são comprometidas devido a dificuldade em acompanhar todos os conteúdos ministrados nas aulas.

“Por exemplo, uma criança que esteja tendo dificuldade na leitura, apresentamos um material rico em figuras em que ela vai interagir com o material. Ela acaba sendo inserida naquele contexto, e isso torna prazeroso o aprendizado. Não tem felicidade maior ver a criança ser incluída no meio escolar e poder aprender”, destaca.

A neuropsicopedagoga clínica e institucional Erica Brito explica que a leitura nas escolas é responsável por ativar o cérebro, estimular o raciocínio e a imaginação, auxiliar no aprendizado de pessoas com baixa concentração por oferecer motivação e trabalhar a criatividade.

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“Dentro do ambiente escolar, a leitura auxilia no desenvolvimento completo do aluno, ajuda na melhoria e enriquecimento do vocabulário, desenvolve o pensamento crítico, transforma a escrita e facilita esse processo, além de estimular a capacidade de concentração, principalmente nos alunos com TEA e Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que são pessoas que apresentam déficit nessa área”, afirma a especialista.

Erica classifica o ato de ler como uma forma de inclusão e acentua que os livros permitem a inserção em vários meios sociais devido a capacidade de informar. “Existem muitos livros que falam sobre deficiência física, autismo, sobre sermos únicos e diferentes, sobre preconceito, aceitação, entendimento sobre o outro. A literatura infantil proporciona também livros adaptados de autocuidado e desenvolvimento motor, que trabalham essa inclusão de uma forma prática”, analisa a especialista.

Ambiente escolar

As instituições de ensino precisam ter a sensibilidade para conduzir o processo de aprendizagem dos alunos que apresentam algum tipo de limitação, seja física ou intelectual, por meio de uma educação inclusiva, pondera Isabeles Gomes, pedagoga e facilitadora de crianças autistas.

“A escola tem que incluir esses alunos nas atividades, adaptar o planejamento dos conteúdos, para que eles possam realmente participar das aulas e se tornarem os protagonistas do próprio processo de aprendizagem”, esclarece Gomes.

Aldeniza atua há 10 anos na rede de ensino e revela que decidiu se unir a Isabel na confecção dos materiais adaptados desde que a filha recebeu o diagnóstico de autismo de nível dois de suporte, que refere-se às pessoas com dificuldade moderada na comunicação, linguagem funcional, interação social e que podem precisar de auxílio na execução de atividades diárias.

Ao perceber que esses recursos ajudam a criança a aprender e a se desenvolver melhor, ela resolveu levar essas ferramentas para dentro da sua sala de aula. “Esses materiais são palpáveis e as crianças podem manusear à vontade, porque são lúdicos e de treino, assim oferecem desafios, mas não fogem da proposta curricular da escola. Percebi que, depois de começar a usar esses materiais, os alunos resistem menos em fazer as atividades e conseguem compreender melhor o conteúdo”, assegura a professora de português.

Influência dos livros nas escolas

Isabel expõe que percebe que muitas crianças não sabem lidar com a diferença de outros alunos.”A criança tem que entender que nem todo mundo é igual, cada um tem uma particularidade, por isso é importante a adoção de livros e atividades que possam incluir e acolher dentro da sala de aula.”

Erica Brito afirma que existem muitas obras literárias que abordam sobre a inclusão e o respeito às diferenças dos indivíduos. “Dentro dessa perspectiva, eles ajudam a ensinar sobre sensibilidade, o exercício da solidariedade e o respeito. Através da leitura de um livro que traz essas informações, uma criança vai poder saber e entender porque o amiguinho está em uma cadeira de rodas, porque ele não consegue aprender a se desenvolver como ela, o porquê que ele tem um comportamento diferente, às vezes ele chora do nada ou ele se irrita. Isso faz com que as crianças também aprendam a lidar, principalmente dentro do ambiente escolar, porque é lá que ela tem o primeiro contato com outra pessoa diferente da família”.

Livros que falam sobre inclusão para crianças (Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental)

  • Poá, Marcelo Moreira: O texto visual conta a história de uma galinha-d’angola que mora no campo e passa a ver as colegas de um modo estranho. Ela tem a ideia de experimentar um par de óculos e, a partir daí, passa a visualizar as colegas com nitidez.
  • O livro negro das cores, Menena Cottin e Rosana Faría: A obra explora os sentidos por meio da tradução em Braille e com imagens sugeridas, o leitor pode tocá-las e perceber esse universo que possui várias texturas e desafia a recriar cores, pensar no cheiro, som, entre outras sensações.
  • A felicidade das borboletas, Patrícia Secco: O livro conta a história da bailarina Marcela, de 9 anos, que se sente segura, mesmo sem enxergar, para se apresentar em um concerto pela primeira vez. Ela conseguiu desenvolver várias habilidades, como dançar, andar de bicicleta e nadar.
  • Um mundinho para todos, Ingrid Biesemeyer Bellinghausen: A história narra um mundo em que cada habitante tem um jeito diferente. Apesar das diferenças, todos são gratos por viver em um lugar tão feliz. O texto é impresso em Braille e também destina-se a leitores com visão subnormal e deficientes visuais.
  • Tudo bem ser diferente, tradução de Marcelo Bueno: Esta obra trabalha com as diferenças de cada um de maneira divertida, simples e completa, alcançado o universo infantil e abordando assuntos que deixam os adultos de cabelos em pé, como adoção, separação de pais, deficiência física, preconceito racial, entre outros.
  • A escova de dente azul - Marcos Mion: Escrito pelo apresentador Marcos Mion, o livro descreve uma história vivida por Mion, junto com o filho Romeo – que possui TEA – e explica como crianças com essa característica são especiais, no sentido de enxergarem a vida de uma forma diferente.
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