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Grupos cristãos fazem ações sociais com pessoas em vulnerabilidade

Projetos buscam alcançar pessoas em vulnerabilidade por meio da religiosidade

Elisa Vaz

Em meio às dificuldades socioeconômicas provocadas pela pandemia da covid-19, qualquer ajuda é bem-vinda. Muitas pessoas, no entanto, preferem que projetos sociais não estejam associados a religiões ou igrejas, mas que sejam independentes. Nesta sexta-feira (21), é comemorado o Dia Mundial da Religião e também o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Por meio da elevação espiritual, muitos trabalhos sociais são conduzidos por entidades religiosas das mais diversas, mais populares nas igrejas cristãs por conta da divulgação e alcance.

Uma das instituições religiosas que atuam de forma social é a igreja evangélica Link Church, em Belém, que já existe há quatro anos. Membro da equipe de comunicação, Verena Urrutty conta que o time nasceu pequeno, com uma reunião na casa do pastor. “Nosso intuito era orar pela cidade de Belém e por um avivamento na nossa geração. Com o tempo, essa reunião foi crescendo, e hoje temos um prédio em que reunimos a igreja, e somos, aproximadamente, 400 membros. Somos uma igreja pequena, mas com grandes sonhos”, afirma.

Desde o início os projetos sociais estavam presentes, e o grupo já fazia entregas de cestas básicas para comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica e até mesmo para outras igrejas localizadas em zonas de risco. Também já eram realizados eventos evangelísticos de rua, chamados de “outside the box” – do inglês, “fora da caixa”. Hoje existem vários projetos em andamento. As cestas básicas ainda são arrecadadas de tempos em tempos e entregues às famílias que precisam. Há também uma arara de roupas, um projeto do grupo de mulheres da igreja, cuja ideia é qualquer pessoa pegar e deixar peças. Também há um grupo de membros da igreja que entrega sopa para moradores de rua e prega o evangelho a eles.

“Entendemos que, como cristãos, compartilhar aquilo que temos, seja o alimento espiritual ou o físico, faz parte do nosso papel social. É muito importante porque, como cristãos, fomos chamados a servir a nossa sociedade. Jesus veio e o que Ele mais fez foi servir os outros. Serviu os curando, serviu alimentando, serviu com palavras, serviu com amor. Buscamos ser a cópia dEle, portanto, buscamos servir a nossa cidade. Faz parte total da nossa missão como Link Church. Nada do que temos é só nosso, tudo o que temos é para ser compartilhado com os demais”, comenta Verena.

No meio das ações sociais, o evangelho está sempre presente. Na maioria das vezes, a equipe oferece uma oração e tenta conversar com aquelas pessoas. A maioria delas, segundo Verena, está buscando ser ouvida, um ombro amigo, e é essa a função da igreja. “Nós oferecemos esse ombro e tentamos suprir a necessidade natural delas. Se a pessoa não aceita a oração, tudo bem também, entregamos o que temos para entregar da mesma maneira. O evangelho também é reconhecido através de atitudes e não só de palavras”.

Na opinião dela, ainda há um preconceito em relação a projetos sociais que são parte de uma igreja ou entidade religiosa, mas não por parte de quem recebe ajuda. “Veja bem, as pessoas que recebem a ajuda estão desesperadas por isso. Não importa de onde venha, elas querem ser ajudadas. Porém, acredito que exista um preconceito social em relação ao trabalho voluntário que envolve a igreja. Infelizmente, muitos não acreditam ou não enxergam o grande trabalho social que a igreja faz. Não só o de ajuda comunitária, mas quantas vidas são transformadas através do conhecimento do evangelho. Garotos que roubavam que não roubam mais, maridos que traíam e não traem mais. Jovens depressivos que encontram a alegria em Cristo. Infelizmente, isso a sociedade de modo geral não vê. Mas nós não fazemos para sermos vistos, fazemos para a plateia de uma única pessoa - o Senhor Jesus”.

Outro projeto cristão, mas ligado à Igreja Católica, é o Jovem Expedito, uma “escolinha” de futebol, vôlei, dança e teatro para crianças das regiões próximas à Igreja de Santo Expedito. O líder do grupo, arquiteto João Pedro Duarte, é membro da Comunidade Católica Cristo Alegria, atuante em Belém desde 2001 e que tem como participantes crianças, jovens e adultos, famílias em geral que frequentam as programações e se engajam com o time.

Desde que a atuação começou, já foram inúmeros projetos realizados. “Estou desde criança na comunidade e cresci acompanhando muitas pessoas serem ajudadas com contribuições materiais e, principalmente, assistência espiritual. Faz parte do carisma da comunidade transbordar o que é vivido e alcançar a todos”, relata João.

Hoje, o maior projeto é o Jovem Expedito. Aos sábados, as crianças assistem aula, treinam, se divertem e rezam com a equipe. Por meio do contato com elas, as famílias também são alcançadas e, periodicamente, são feitas ações com profissionais de saúde para atendimentos e encaminhamentos dessas crianças e de seus pais. O número de crianças cresce todos os anos, segundo ele, e todas as vagas são sempre preenchidas. O limite de vagas só existe para que o grupo aplique um trabalho com excelência na estrutura total, diz João.

“Tem funcionado e muito, as crianças têm crescido em um ambiente de aprendizado e convivência saudável. Faz parte da nossa fé. Cristo nos ensina que a fé sem obras é uma fé morta. A Igreja nos ensina em toda a sua história que só conseguimos viver o amor se entendermos que ele é caridade. Dessa forma, a nossa missão precisa passar pela caridade, no dia a dia, nos pequenos atos e nas grandes ações. É isso que desejamos apresentar para essas crianças. Por isso sempre rezamos com elas no início e, de forma lúdica, falamos sobre Jesus, sua vivência e seus valores”.

A espiritualidade faz parte do projeto, e as famílias sabem disso e apoiam, conta. Todos os voluntários são parte da comunidade e a proposta é oferecer esporte e arte para as crianças e, para a equipe, essas práticas quando unidas à fé, alcançam um potencial único e pertinente. Já João não vê preconceito da população com o projeto e diz que, no fim, a receptividade da espiritualidade é grande, as pessoas ainda têm fé de que a caridade pode mudar o mundo e, por isso, sempre acolhem o grupo.

“Claro que trabalhar com pessoas é sempre um desafio, nem sempre as coisas são fáceis. Lidamos muito com coisas que não esperamos, mas basta lembrar que o motivo maior é o serviço. Se buscamos encontrar Cristo no irmão, ficamos preparados e, aos poucos, até os corações mais fechados vão se abrindo. Todos temos nossos dias difíceis, é preciso entender qual nosso chamado e, assim, aproveitar os bons momentos, sorrir com os gratos e aprender com os que não são. Ser caridoso é ser assim, nem sempre preparado mas nunca sem Jesus”, finaliza João.

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