Feira que divulga empreendedores LGBTQIA+ em Belém começa nesta quinta

Mesmo com a garantia de igualdade social prevista na legislação, as minorias ainda enfrentam dificuldades para acessar o mercado de trabalho. Estimular e fortalecer o empreendedorismo da população LGBTQIA+ é o principal objetivo da 7° Edição da Feira de Empreendedores LGBTQIA+ do Estado, a ser realizada este mês, entre os dias 16 e 18, das 10h às 21h, na Fundação Cultural do Pará (Centur), com entrada franca.

Um dos coordenadores do evento, Davidson Porteglio, explica que vão participar aqueles que têm trabalhos autorais de acordo com o perfil da feira. “Primeiramente, eles têm que nos mostrar o que produzem e a qualidade, aí vemos sua produção e eles são selecionados. São diversos setores, incluindo moda, calçados, acessórios, artesanatos, tatuagens, artes plásticas, culinária, entretenimento e outros. Nesta edição teremos 190 expositores nas duas praças do Centur”, adianta. Este número de expositores deve movimentar entre R$ 300 mil e R$ 500 mil durante os três dias de evento.

O tema escolhido para este ano é “Mimos de Natal”. Os visitantes poderão fazer suas compras de Natal pagando com cartões de crédito e débito, ou também usando o PIX. Para a organização, esta iniciativa potencializa os empreendedores LGBTQI+ e busca fortalecer os dons e talentos destas pessoas na elaboração de artigos, serviços e artes, os incentivando a sair da informalidade e serem microempreendedores.

“As expectativas são as melhores possíveis. Nesta edição dobramos o número de expositores, teremos o Fundo Ver o Sol dando todas as orientações para a abertura de microempresas e como adquirir crédito. Também teremos vários outros serviços, como a vacinação contra a covid-19. Além disso, como a feira acontece próximo ao Natal, os expositores estão preparando mil coisas interessantes, desde presentes personalizados a preços bem mais acessíveis que do mercado”, garante Davidson

Empreendedores aproveitam oportunidade

Entre os expositores do evento está a atriz e designer de moda Andreia Rezende, de 57 anos, que tem uma marca de bolsas e acessórios, a “Traçamadrinha”. Ela começou sua produção de bolsas e mochilas por encomenda, em 1995, por prazer e para complementar a renda, e foi dando certo. Junto com a bandeira da causa animal – já que Andreia é protetora e ativista – agora o negócio é parte de seu sustento.

A empreendedora participou de todas as edições da feira e também faz parte do Comitê Arte Pela Vida, que atua junto às pessoas portadoras de HIV/Aids no Pará. Neste ano, para a feira, Andreia vai levar uma coleção de mochilas "Traçamadrinha Meow" que fez – mochilas com estampas de gatinhos, além de necessaires com estampas de gatinhos.

“A feira é muito importante para a economia criativa. Tem uma galera extremamente criativa e produtiva que vive do seu trabalho. A importância de termos um evento que apoie a população LGBTQIA+ é o partilhar, a inclusão, a autoestima e a cumplicidade. É um espaço que respira criatividade, que eles podem mostrar o que fazem”, comenta. Quanto às vendas, a empreendedora afirma que, como todo evento, é variável. “Tem feiras que vendem bem, outras menos. Enfim, é assim que funciona. Mas sempre é válido por conta da divulgação e do partilhamento. Conhecemos outros criadores”, pontua.

A técnica de enfermagem Paula Santos, de 33 anos, e a professora Alessandra Marinho, de 39, são um casal lésbico que também vai expor seus produtos na feira dos próximos dias. Elas já haviam participado da edição passada, em setembro. As duas trabalham com roupas de algodão e viscose pintadas à mão e na técnica tie dye. Na grande maioria são camisas, e as pinturas destacam as cores da bandeira LGBTQIA+.

Alessandra conta que já existia a vontade de produzir blusas com as cores, devido à escassez desse tipo de produto com preços acessíveis no mercado, sobretudo em Belém. “Nós mesmas, quando queríamos comprar, pedíamos de outros Estados. E mediante a uma situação de desemprego de uma de nós, resolvemos colocar em prática e, mesmo com dificuldades por não haver um capital de giro, vem dando super certo. Já montamos até um atelier”, comenta.

Segundo ela, participar da feira foi uma experiência excelente na edição passada, porque as duas conseguiram divulgar a loja, @amor_ecor2021 no Instagram, vender bem e, além disso, se integrar a uma rede de empreendedores LGBTQIA+. Nessa edição, que será ampliada no número de expositores, o casal tem boas expectativas, pois ampliou sua produção para uma linha de desenhos de mulheres pretas com as cores do arco-íris, além das blusas de viscose em tie dye.

Para Alessandra, produzir eventos como esse é de total importância, pois política, social e economicamente não há espaços para a divulgação dos produtos da população LGBTQIA +, diz a professora. Além disso, o espaço proporciona a geração de uma propaganda de vendas para os negócios envolvidos para além da feira, por meio da divulgação dos produtos ao público visitante.

“Infelizmente ainda há muita discriminação dessa população, deixando muitos na situação de desemprego e alijamento social. O artesanato é um meio alternativo para sair desse quadro, porém, mesmo assim há a falta de espaços para divulgação e comercialização dos produtos. A feira constitui esse espaço e seria ainda mais importante que, para além dos movimentos, as instituições governamentais tivessem a atitude de organizar eventos com a temática, oportunizando que nós, LGBTQIA+, pudéssemos expor nossos produtos”, avalia Alessandra.

Programação

Fora a exposição dos empreendedores, o evento ainda contará com uma intensa programação cultural, que inclui performances, oficinas, música e teatro. Nos três dias de feira, a abertura será às 9h30 e a música eletrônica começa às 10h. Nesta quinta-feira (16), primeiro dia de evento, haverá apresentações do DJ Cercondini, às 15h; Espetáculo Posithivos, às 16h; Roda de Carimbó, às 17h; cantor Gustavo Mendes, às 18h; um desfile de moda, às 19h; Banda Pinup, às 19h30; Drag Safira Clausberg, às 20h; e Drag Sid Manequim, às 21h.

Na sexta-feira (17), pela tarde, haverá apresentações de DJs, a partir das 17h; o cantor Eloy Iglesias, às 18h; Chucky Banda, às 19h; Tiffany Boom, às 20h; e Drags Gigi Híbrida Bolero, Uiara e Alice Kasue, às 21h. Já no último dia, a Banda de Boa começa a tocar às 16h. Se apresentarão também Mario Emanuel e Banda Matinê ao Pôr do Sol, às 17h; Banda Patuá, às 18h; desfile de moda, às 19h; João da Hora e Convidados, às 19h30; cantor Johran, às 20h; e Drags Condessa e D'angela do Curió, Consuelo Vergara e Amanda, às 21h.

Serviço:
7° Edição da Feira de Empreendedores LGBTQIA+
Local: Fundação Cultural do Pará (Centur)
Data: 16, 17 e 18 dezembro
Hora: das 10h às 21h
Entrada franca
Informações: (91) 98250-6161 ou (91) 98280-2188