Cursinhos preparatórios para vestibular garantem acesso ao ensino superior

A educação é um vetor de transformação da sociedade, mas muitas pessoas não têm acesso a cursos de qualidade por conta da realidade socioeconômica. Quem consegue terminar o ensino médio muitas vezes ainda precisa fazer um curso pré-vestibular para se preparar e entrar na faculdade – a mesma coisa para quem passou muito tempo sem estudar. Em Belém, a maioria desses preparatórios são particulares e, quase sempre, fora da realidade de pessoas em vulnerabilidade, mas existem projetos que oferecem aulas gratuitas e acessíveis.

É o caso do cursinho preparatório para vestibular da Universidade Federal do Pará (UFPA), o Projeto Universidade Aberta (PUA), que funciona com aulas presenciais, com exceção do período da pandemia da covid-19, em uma sala dentro da universidade durante os períodos letivos do ano vigente. Em geral, segundo a organização, começa em março e termina nas vésperas dos vestibulares. O projeto faz parte de uma das atividades do Programa Tutorial em Física (PET Física), coordenado nacionalmente pelo Ministério da Educação (MEC) e já existe há 19 anos.

Segundo o professor Rubens Silva, um dos integrantes da iniciativa, o cursinho da UFPA é voltado para estudantes que concluíram ou estão no último ano do ensino médio das escolas públicas, mas também são aceitos bolsistas integrais de escolas particulares. O propósito, diz ele, é atingir o público alvo que não pode pagar um curso de vestibular.

No projeto, são lecionadas todas as disciplinas exigidas no certame de vestibulares, e a equipe de docentes é composta por professores palestrantes voluntários já conhecidos neste âmbito, professores da UFPA, e professores estudantes na sua fase de conclusão dos cursos de licenciaturas, que passam por um preparo para serem inseridos no mercado de trabalho. Desta forma, Rubens acredita que, além de atender a quem de fato precisa, serve também como um laboratório de didática para os futuros professores da universidade.

“Oferecer à sociedade menos favorecida uma ação social desta natureza torna-se gratificante para todos como um projeto de extensão de tamanha relevância. Tudo isso é enfatizado pelos nossos resultados, que são bastantes satisfatórios. Nossa contribuição para este público é oportunizar o acesso de discentes com vulnerabilidade social, que não podem pagar um cursinho preparatório, a um curso superior. Nossa satisfação é manter um projeto desta natureza com estes objetivos e não deixar de manifestar os resultados desta ação, que envolve muitos colaboradores, tais como professores voluntários, coordenadores de diversos cursos de licenciaturas e estudantes do último ano de graduação que se lançam posteriormente no mercado de trabalho”, afirma.

Nas seletivas de cada ano são cerca de 3.000 pessoas inscritas, mas apenas 112 discentes aprovados, que são distribuídos em duas salas, com 56 vagas em cada, no turno vespertino. Neste ano, as inscrições foram prorrogadas até o dia 21 de fevereiro, na próxima segunda-feira, e podem ser feitas pelo site petfisicaufpa.wixsite.com/petfisica, com confirmação até dia 25 de fevereiro. As aulas terão início dia 14 de março deste ano. O PUA já está em sua décima nona ação e, ao longo deste tempo, passaram aproximadamente 2.000 pessoas pelo projeto, e centenas delas tiveram êxito e são hoje colaboradores do cursinho.

Projeto da Prefeitura garante acesso à universidade

O cursinho pré-vestibular municipal de Belém é uma iniciativa da Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Escola Bosque (Funbosque), e foi criado em 2015. A ação é dirigida a estudantes que moram na cidade e que estudaram em colégios públicos municipais, estaduais ou federais.

Dentro da iniciativa, há o projeto Redação Nota 1000, coordenado pelo professor de redação Milenon de Jesus Farias, que trabalha a redação incluindo noções de filosofia, sociologia, direito constitucional, biotecnologia e artes. Vários alunos alcançaram, no Enem 2021, nota acima de 900 pontos.

“Me sinto muito feliz, temos muitas dificuldades na educação no Brasil, mas o que faz realmente a gente seguir em frente é se sentir realizado, quando o aluno muito feliz manda sua nota pra gente e diz 'professor, muito obrigado, você fez parte disso'. Isso deixa a gente muito satisfeito", comemora ele. "O sentimento que fica é gratidão e realização, por poder ajudar essas pessoas que não têm condições de pagar um cursinho particular. A Prefeitura disponibiliza esse excelente projeto para a população,” finaliza o professor.

Governo do Pará oferece preparação gratuita

Além das iniciativas citadas, o governo do Pará também oferece uma série de ações para preparar a população para prestar vestibular. A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou, por nota, que, durante o ano de 2021, ampliou suas ações pedagógicas para garantir o conhecimento necessário e a competitividade dos alunos da rede pública estadual nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Entre os projetos está o Polo Metropolitano Pré-Enem, espaço de aprendizagem que foi inaugurado em agosto e tem capacidade para atender até seis mil estudantes que morem nos municípios da Região Metropolitana: Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba e Santa Bárbara do Pará. No local, são oferecidas aulas presenciais três vezes por semana, de segunda a sábado, em regime alternado.

Já o Enem Pará Itinerante é um programa que já beneficiou, aproximadamente, 30 mil alunos em diversos municípios do Estado. Em cada ‘aulão’, os participantes têm acesso a informações importantes e orientações fornecidas por especialistas nas quatro áreas do conhecimento exigidas no exame.

O Enem Pará Digital, por sua vez, é desenvolvido juntamente com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet). A plataforma disponibiliza, de forma online, conteúdos preparatórios para o exame e já atendeu cerca de 40 mil pessoas em todo o Pará. A ferramenta contém mais de 1,3 mil conteúdos preparatórios, que podem ser acessados a qualquer hora, através de um dispositivo com acesso à internet.