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Cristo Redentor transforma vidas com aulas de música e costura

Projeto está prestes a completar 50 anos e beneficia mais de 300 crianças, adolescentes e mulheres

Eduardo Laviano
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Duas vezes por semana, as aulas de corte e costura viram uma mistura de local de aprendizado, local de acolhimento e terapia coletiva.

É lá que Jomara da Silva, de 53 anos, encontra forças para seguir em frente com a vida após se libertar de um relacionamento abusivo que durou 24 anos.

Agora ela está aprendendo a fazer saias, shorts e vestidos que podem ser a chave da independência financeira que ela almeja.

"Cheguei aqui e me acolheram muito bem. Minha professora é ótima tanto dando aula quanto dando conselhos. Aqui encontrei amigas e uma possibilidade de renda. Vou tirar daqui meu sustento e se Deus quiser vou ser igual a minha professora. Temos que ter força e fé em si mesmo. E procurar ajuda. Não tenham vergonha. denunciem. Levei 24 anos mas consegui", diz ela, orgulhosa da liberdade que conquistou. 

Jomara é uma das mais de 300 pessoas diretamente beneficiadas pelos cursos de capacitação da Sociedade Beneficente e Cooperativista Cristo Redentor, que há quase 50 anos contribui para a construção do futuro de mulheres, crianças e adolescentes no bairro do Coqueiro, em Belém.

image Curso de corte e costura atende 90 alunas por ano, entre turmas iniciantes e avançadas (Márcio Nagano/O Liberal)

Alaíde Assunção, de 55 anos, gosta tanto das aulas que nem se importa de andar 16 quilômetros por dia para aprender a costurar.

Ela vê no curso uma possibilidade de garantir renda, pois avalia que os empregos formais estão cada vez mais difíceis para pessoas com mais de 50 anos.

O projeto também tem ajudado Alaíde a se reerguer depois do suicídio de um sobrinho querido.

"Eu estava quase caindo de depressão. Passei duas semanas jogada na minha cama sem querer levantar para nada. Mas temos que correr atrás, seguir em frente. Gosto muito de aprender e estou procurando me esforçar. Sempre é bom a gente contar a história da gente até para ganhar respeito e respeitar os outros. Agradeço muito a Deus e à professora. Estou gostando muito das amizades que criei aqui. Somos vencedoras. Temos que ajudar umas as outras e quando a gente pegar o certificado, tudo vai ter valido a pena", afirma. 

Carla Levy, de 42 anos, é mãe de uma criança necessidades especiais e passa muito tempo cuidado do filho Daniel, de seis anos. Por isso, aprender uma profissão que pode ser realizada dentro de casa é a meta dela.

"Tenho que ter renda para comprar as coisas que meu filho precisa. Eu já fazia pequenos reparos mas vim para cá aprender a fazer a roupa do zero. Sair em casa e deixar com alguém não é a mesma coisa. Eles precisam de suporte da mãe e essa profissão me facilitaria isso", avalia.

A professora Arlete Lavareda está há cinco anos no projeto e conta que tão importante quanto as aulas é o fato do local ser um porto seguro para as alunas. "A gente conversa, cria vínculo de amizade. O importante é ajudar uma a outra. Isso aumenta a nossa autoestima", diz. 

Crianças aprendem a tocar instrumentos

Depois de não ter gostado tanto de tocar teclado, Renan Fonseca, de 15 anos, está aprendendo a tocar flauta doce. Ele já é craque e a música favorita dele para tocar no instrumento é "Eu só quero um xodó", do mestre pernambucano Dominguinhos.

"Gosto bastante de vir às aulas com o professor porque ele não trabalha só com música. Ele consegue integrar toda a experiência de vida dele com as aulas e passa pra gente. Ele não faz da gente só instrumentista, mas também pessoas preparadas para a vida. O projeto é uma forma de preencher o tempo das crianças e adolescentes com algo benéfico. Vejo muitas pessoas do bairro que só ficam andando pela rua sem nada para fazer e poderiam muito bem estar aqui aprendendo", diz. A Cristo Redentor oferece ainda aulas de flauta transversal, violino, saxofone, teclado e violão.

image Alunos aprendem a tocar instrumentos na Cristo Redentor, de flauta doce a saxofone (Márcio Nagano/O Liberal)

O professor ao qual Renan se refere é José Luis Souza, da Fundação Carlos Gomes, que trabalha como voluntário por conta da parceria que o conservatório de música mantém com a instituição beneficente.

"Aqui a gente trabalha a musicalização e a coordenação motora da criança, mas não só isso. Usamos a metodologia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura que é aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Isso traz muitos resultados na sala de aula e é um processo gratificante", afirma ele. 

Instituição é legado familiar compartilhado

Já faz 49 anos que a Cristo Redentor está em atividade. Ele foi concebido por Paulo de Carvalho Cruz, que era servidor público. O projeto iniciou pequeno, com atendimento a famílias vulneráveis do entorno. Primeiro veio a cooperativa de consumo, com alimentos baratos.

Depois Paulo conseguiu levar médicos e dentistas voluntários para o local, que atendiam de baixo das árvores da propriedade. Quando Estella Bacellar, esposa dele, se deu conta, mais de cinco mil alunos eram atendidos com uma escola conveniada de ensino fundamental, além de creche e cursos profissionalizantes. Para ela, continuar o trabalho do marido, que faleceu há 36 anos, é uma missão de vida. 

"Já tivemos alunos que fizeram mestrado na Espanha e em Portugal. Queria que vocês entendessem o que é felicidade. Não é ter coisas matérias. É ver alegria do próximo, ver que estamos contribuindo de alguma maneira com nossos irmãos que passam necessidade. fico muito feliz de estar aqui e até o último dia da minha vida quero continuar, se Deus me permitir. Quando veio a pandemia foi necessário parar tudo, mas superamos as dificuldades. Boa parte das salas estão alugadas para escolas e isso ajuda nos custos. As pessoas gostam de doar pois veem o trabalho feito, sempre prestamos conta. É uma alegria", afirma ela, que tem 84 anos. 

image Mãe e filho tocam projeto sonhado pelo pai 50 anos atrás (Márcio Nagano/O Liberal)

Hoje, boa parte dos gastos é custeada por apoiadores, sejam eles fixos, como a ONG Moradia e Cidadania (que garante os instrutores e professores, além de equipamentos), sejam eles esporádicos, como as pessoas físicas que conhecem o projeto e decidem ajudar.

Guilherme Bacellar, filho de Estella, conta que todo fim de semestre as mães assistem uma apresentação musical dos filhos e todas ficam maravilhadas com o trabalho beneficente realizado pela Cristo Redentor.

"Eventualmente a gente arrecada cestas básicas para doar também. Isso foi bem frequente durante a pandemia. Final do ano a gente consegue reunir mais de 300 cestas básicas, brinquedos. A gente ajuda como pode e as pessoa saem muito felizes daqui", destaca.

Como doar:

Sociedade Beneficente e Cooperativista Cristo Redentor

PIX:
sbccristoredentor@gmail.com

Dados Bancários:
Banco: 104 CAIXA
Agencia: 0820
Conta Corrente PJ: 595-1

CNPJ: 04.835.989/0001-04
Endereço: Rua dos Comerciários, 108. Coqueiro. Belem/Pa. CEP 66.650.550
E-mail: sbccristoredentor@gmail.com

INSTAGRAM:
@sbccristoredentor
FACEBOOK:
Sbc Cristo Redentor

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