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Campanha alerta sobre prevenção contra câncer de pele

Segundo especialistas, a exposição solar é a principal causa da doença, e é preciso tomar uma série de cuidados para evitar o quadro

Elisa Vaz

As festas de final de ano são uma oportunidade de visitar balneários paraenses com familiares e amigos, mas, com o calor intenso e o clima ensolarado, é importante se prevenir contra as doenças que podem surgir a partir da exposição solar em excesso. A principal delas é o câncer de pele, que traz à tona um debate sobre prevenção estimulado pela campanha Dezembro Laranja, que luta contra a doença.

Em nível nacional, o câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desse quadro no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer (Inca) registra, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos. Informações da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), mostraram que o câncer de pele acometeu 158 pessoas no Pará entre o início do ano e o dia 22 de novembro. Embora o número represente uma redução de 25% em relação a 2018, quando foram registrados 201 casos, ainda é preciso ficar atento aos cuidados.

Conforme explicou a dermatologista Juliana Martins, a exposição solar é a principal causa do câncer de pele, então é possível prevenir a doença. No caso de quem tem familiares que já foram acometidos pela enfermidade, o indicado é passar por avaliação anual com um profissional de dermatologia. De acordo com Martins, a melhor forma de saber se a doença existe é por meio dos sintomas: feridas e pápulas – pequenos sinais que crescem na pele e podem ulcerar.

“Existem alguns tipos principais de câncer: não melanoma e melanoma. O primeiro, mais comum, se divide entre basocelulares e os espinocelulares. Ele tem letalidade baixa, mas os números são muito altos. A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Já o segundo, que só tem um tipo, é mais raro, mas tem alta taxa de mortalidade e é mais agressivo”, pontuou a especialista.

Martins ainda explicou que os sintomas específicos do melanoma são pintas que perdem a regularidade nas bordas, podem ter duas ou mais cores e com diâmetro de mais de seis milímetros. Essas pintas podem aparecer em qualquer lugar, mas tendem a surgir onde há mais exposição solar. Os sinais, geralmente, mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. As áreas mais comuns são as pernas, em mulheres; os troncos, nos homens; e pescoço e rosto em ambos os sexos.

Para confirmar o diagnóstico, o paciente deve fazer uma dermatoscopia, um exame que amplia em até 20 vezes a lesão para uma melhor observação por parte do médico. A confirmação total se dá por meio da biópsia. Quanto à idade de alerta, a dermatologista disse que o melanoma aparece em qualquer idade a partir da adolescência, enquanto os outros tipos, não melanoma, costumam surgir em pessoas com mais de 30 anos. Martins afirmou que as chances de cura são de mais de 90% quando há detecção precoce da doença, por isso é importante que o paciente procure imediatamente um dermatologista ao detectar lesões suspeitas.

Cuidado com o sol é a principal prevenção

Como a maior causadora do câncer de pele é a exposição solar, os cuidados com a pele devem ser constantes, mas devem ser intensificados nas praias, balneários e piscinas. “Todos devem usar protetor solar, é a principal medida preventiva. E quem for à praia precisa evitar tomar sol entre 10h e 16h, que é quando fica mais calor e a exposição aumenta. Não é recomendado ficar muito tempo no sol sem proteção e o fator mínimo do produto deve ser 50 para quem for à praia. Além disso, é preciso reaplicar o protetor de duas em duas horas e após entrar na água”, recomendou a dermatologista.

Além disso, especialmente as pessoas que têm casos na família, podem usar também as roupas com proteção contra os raios ultravioletas. “Está tudo bem moderno, temos essa praticidade, as roupas protegem 100% a área coberta”, ressaltou a especialista. Martins ainda disse que, além do câncer de pele, há outras doenças que podem surgir após contato intenso com o sol: manchas de pele, envelhecimento precoce, foto alergia, rugas e ainda as doenças que são pioradas pelo sol, como lúpus.

Superação

Entre tantos paraenses que ficam expostos ao sol, o engenheiro eletricista Nelson Lima, de 50 anos, foi um dos que tiveram complicações. Em 2017, aos 48 anos, ele começou a sentir incômodos no rosto, na região próxima ao nariz e aos olhos, e procurou uma dermatologista para verificar. “A médica pediu exames e eu fiz. Quando a biópsia ficou pronta descobrimos que era câncer de pele, e a doutora, imediatamente, me orientou para que procurasse um cirurgião”, contou.

Segundo Nelson, no mesmo dia, ele ligou para o seu irmão, que é médico, para explicar seu quadro: “chorei com a minha esposa, mas quando falei com meu irmão ele me confortou. O cirurgião era meu amigo, ele fez a remoção e tudo ficou tranquilo depois. Já fiz outros exames e não deu mais nada”, relembrou Nelson. Ele ainda disse que, antes de descobrir a doença, pegava muito sol, diariamente, e não usava protetor solar, nem na praia. Hoje, a única diferença que existe em sua rotina são os cuidados que precisa ter com a pele, para que a doença não reapareça.

Órgãos estaduais atuam na prevenção e conscientização

Com o objetivo de dar destaque à prevenção do câncer de pele, a Sespa realizou, apenas neste mês, dois mutirões. Segundo a coordenadora de atenção oncológica da secretaria, Patrícia Martins, “a intenção dos eventos foi divulgar a existência desse tipo de câncer e, principalmente, alertar a população de que deve procurar assistência médica o quanto antes, quando detectar algum problema na pele”, disse. A responsável ainda informou que o serviço de referência para o câncer de pele é o ambulatório de dermatologia da Universidade do Estado do Pará (Uepa), de média complexidade, para fazer o diagnóstico. Em janeiro deve ser inaugurado outro centro.

De acordo com a coordenadora do espaço oferecido pela Uepa, dermatologista Regina Carneiro, a faixa etária de maior incidência é a partir dos 60 anos, mas o excesso de exposição tem diminuído essa idade de aparecimento da doença, atingindo indivíduos entre 30 e 40 anos. O bronzeamento artificial é um dos hábitos que influenciam esse comportamento. “A pele é trocada a cada 70 dias. Quando o indivíduo vai além da exposição solar rotineira, as trocas de células ficam defeituosas. É uma matemática: a exposição rotineira somada à  proposital”, frisou Carneiro.

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