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Campanha alerta sobre cuidados com a saúde mental

Especialista fala sobre os principais sintomas das doenças mais comuns do século: ansiedade e depressão

Elisa Vaz

Cuidar da saúde mental é um dos pilares para se ter uma vida equilibrada, e até na hora de desenvolver atividades básicas rotineiras os cuidados com a mente têm uma importância. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros e os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número de pessoas incapacitadas nas Américas. Especialmente com a pandemia da covid-19, os casos de doenças mentais têm aumentado e, no primeiro mês do ano, a campanha Janeiro Branco busca chamar a atenção justamente para essas questões e necessidades relacionadas à saúde mental.

O psicólogo Alex Miranda, que também é coordenador do curso de psicologia da Faculdade Maurício de Nassau (Uninassau), afirma que saúde mental é um estado de bem-estar em que as pessoas podem perceber suas habilidades e capacidades para lidar com as tensões normais do dia-a-dia, conseguindo contribuir para o seu próprio bem-estar físico, social e de forma satisfatória para a sociedade. As principais formas de cuidar da saúde, segundo ele, é prestando atenção em como os eventos da vida lhe atingem e reservando um espaço para o autocuidado, fazendo algo de que se gosta, como ouvir músicas preferidas, ler livros, assistir a séries ou programas, brincar com os filhos e com o animal de estimação, entre outras formas de relaxamento.

Caso a pessoa não tenha esse cuidado, condições e doenças mentais podem surgir. “Esquecer-se de si pode gerar um preço muito alto à saúde mental. As demandas da vida têm sido muito grandes, principalmente agora, com a pandemia da covid-19. Procurar reservar um tempinho para cuidar de si, mesmo da forma mais simples possível, é fundamental, pois isso nos deixa menos propensos ao desencadeamento de algumas condições de crises de ansiedade, insônia, estresse agudo, crônico e pós-traumático, que podem evoluir para o transtorno do pânico, depressão, agorafobia, síndrome de burnout e ainda a chamada ‘fadiga pandêmica’ – novo fenômeno da pandemia. Esse conjunto, e mais alguns, fez com que a saúde mental de 53% dos brasileiros piorasse nos últimos anos”, avalia o especialista.

Entre as principais doenças relacionadas à saúde da mente estão a ansiedade e a depressão, que acometem, individualmente ou combinadas, uma boa parcela da sociedade. A primeira, de acordo com Alex, pode ser resumida em um sentimento próximo de temor ou medo de que algo esperado não saia da forma como foi pensado. Embora a ansiedade faça parte da vida, surge um problema quando ela fica fora de controle e mais atrapalha do que ajuda, e pode até paralisar. Nesse ponto, a ansiedade já está em um patamar de psicopatologia, diz o psicólogo, e alguns sintomas podem ser percebidos, como preocupação excessiva ou obsessiva, pensamentos intrusivos negativos, dificuldades de atenção e concentração, insônias, alterações de memória, vontade de chorar, pessimismo generalizado, taquicardia, sudorese, hipertensão, boca seca, entre outros.

Já a depressão é considerada um estado de tristeza profunda ou sensação de esvaziamento que não passa, em que a pessoa não consegue sentir nada: nem alegria, nem raiva, nem outras reações. “A pessoa não sente vontade de realizar suas atividades cotidianas, perde o prazer pela vida, não sente mais vontade nos planos futuros que tinha. Seus principais sintomas são o humor depressivo, sensação de esvaziamento, alterações no sono, desinteresse geral pela vida e a perda de capacidade de sentir prazer nas atividades que antes lhe davam”, destaca.

Caso esses problemas sejam percebidos e a pessoa não consiga ligar com a situação do desconforto mental sozinha ou com a ajuda de amigos e familiares, entra a atuação profissional. A importância de uma escuta qualificada é justamente o fato de ela ser uma escuta treinada com bases técnico-científicas que podem dar o amparo necessário e uma condução para buscar respostas ao problema.

Com o diagnóstico de algum transtorno mental em mãos, o próximo passo é dar início ao tratamento. Embora algumas condições específicas não tenham cura e precisem de tratamento permanente, o paciente não precisa ficar desamparado. “Isso vai depender de cada caso. No geral, o tratamento com o psicólogo é feito uma vez por semana, e a duração é vista de acordo com o desenvolvimento. Dependendo do problema, o psicólogo pode precisar da ajuda do médico psiquiatra para a administração de medicamentos que ajudarão no tratamento da pessoa. Há, sim, cura para essas condições mentais cotidianas e ela está muito próxima, basta que a procuremos nos profissionais especializados”, enfatiza.

Alex também diz que, aliado à ajuda profissional, a família e o ciclo de amigos têm um papel “super importante”, pois são vistos como um lugar de acolhimento. De acordo com o especialista, a família deve entender que se trata de algo situacional na vida daquela pessoa; deve procurar dar apoio para a procura de ajuda especializada; não acusar a pessoa que sofre como se fosse um aspecto de fraqueza e de covardia; não menosprezar o sofrimento e dizer que é ‘frescura’ ou falta de um trabalho para fazer; e, principalmente, entender e respeitar a situação de adoecimento mental e emocional desse membro da família.

Outra dica que o psicólogo dá é que o próprio paciente respeite o momento de dificuldade. “Não se pode cobrir o sol com a peneira e tentar fingir que o problema não existe. Esse é o primeiro passo”, comenta. Procurada a ajuda especializada, deve-se seguir o que o psicólogo ou o psiquiatra determinou como cuidado. No mais, procurar acreditar que vai passar, manter um foco em projetos mais próximos, de menos grandeza; dar um passo por vez; e procurar pequenas tarefas que lhe dê prazer, mesmo que simples.

Atendimento

Mesmo que o mês oficial de conscientização seja janeiro, os cuidados não devem ser tomados apenas no início de cada ano, e sim o tempo todo. Algumas instituições, especialmente as governamentais, oferecem tratamento e acompanhamento gratuitos. Pelo governo do Estado, o paciente deve ser encaminhado para uma das Unidades Básicas de Saúde (UBS), que funcionam como porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). Se estiver em crise, também pode ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192), levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) ou a um serviço de emergência psiquiátrica, como o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, em Belém.

As estratégias de atuação da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) envolvem as três esferas de governo e é composta pela Atenção Básica de Saúde, Atenção Psicossocial, Atenção de Urgência e Emergência, Atenção Residencial de Caráter Transitório, Atenção Hospitalar e Estratégias de Reabilitação Psicossocial. Após um caso de internação, o paciente dará continuidade ao tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). A unidade também articula as demandas sociais desse paciente e de seus familiares junto aos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que fazem a inclusão destes nos programas sociais ou de suporte de renda. Se o paciente possui algum histórico de violação de direitos, entra em ação o trabalho conjunto do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

Pela Prefeitura de Belém, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) segue com uma rede de atendimentos e atenção em saúde mental nas UBS e nos Caps, com uma linha de atendimento específica para a saúde mental. Haverá uma ação programada para o próximo domingo (30), na Praça da República, pelo Janeiro Branco. A atividade ocorrerá das 9h às 12h. O objetivo é sensibilizar a população para os cuidados com a saúde mental. 

Principais sintomas da ansiedade

Preocupação excessiva ou obsessiva
Pensamentos intrusivos negativos
Dificuldades de atenção e concentração
Insônias
Alterações de memória
Vontade de chorar
Pessimismo generalizado
Taquicardia
Sudorese
Hipertensão
Boca seca

Principais sintomas da depressão

Ausência de sentimentos como alegria ou raiva
Paciente fica vontade de realizar atividades cotidianas
Perda no prazer pela vida
Desânimo com planos futuros
Humor depressivo
Sensação de esvaziamento
Alterações no sono
Desinteresse geral pela vida
Perda de capacidade de sentir prazer nas atividades que antes lhe davam

Caps estaduais para atendimento

1 - Icoaraci (Caps I): Rua Monsenhor Azevedo, nº 237, entre passagem Maguari e Lopo de Castro, Campina de Icoaraci. Telefone: (91) 3227-9137.
2. Amazônia (CAPS I): Passagem Dalva, nº 377, Marambaia. Telefone: (91) 3231-2599/ 3238-0511.
3. Renascer (CAPS III): Travessa Mauriti, nº 2179, entre as avenidas Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, Pedreira. Telefone: (91) 3276-3448.
4. Grão Pará (Caps III): Rua dos Tamoios, nº 1840, Batista Campos. Telefone: (91) 3269-6732.
5. Marajoara (CAPS ad III): Conjunto Cohab, Gleba I, WE 2, 451- Nova Marambaia. Telefone: (91) 32360399.
6. Santarém (CAPS ad III): Travessa Dom Amando, Santa Clara, Santarém. Telefone: (93) 3523-1939.

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