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Campanha alerta sobre prevenção do câncer de mama e de colo do útero

No Brasil, o primeiro tipo é o que mais mata mulheres por câncer, e no Norte o segundo é mais comum

Elisa Vaz

Todos os anos, milhares de mulheres morrem por diversos tipos de câncer no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a primeira causa de morte por esta doença na população feminina é o câncer de mama, em todas as regiões do país, exceto o Norte, onde o de colo do útero ocupa a posição. A campanha Outubro Rosa tem o objetivo de alertar esse público a respeito do diagnóstico precoce, que pode evitar quadros mais graves e até facilitar o tratamento clínico, dando mais qualidade de vida às pacientes. Por isso, no décimo mês de cada ano, empresas e entidades públicas se unem iluminando seus prédios na cor rosa para incentivar essa conscientização.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), com base no Painel Oncologia, do Ministério da Saúde, apontam que o câncer de mama tem registrado queda de ocorrências no Pará: em 2019, foram 677 casos; caindo para 646 ocorrências em 2020; e neste ano, até o momento, chega a 299 notificações. Já o câncer de colo do útero somou 637 casos no Pará em 2019, 546 em 2020 e 181 registros da doença em 2021, até o dia 15 de setembro.

Quanto à mortalidade, a Sespa mostra que 315 mulheres foram a óbito em decorrência do câncer de mama em 2019; mais 330 no ano passado; e 216 já perderam a vida para a doença este ano. Em relação ao câncer de colo do útero, o Estado registrou 376 mortes de mulheres pela doença em 2019; 324 no ano passado; e 201 óbitos em 2021, até o momento.

A médica oncologista Danielle Feio, que atua no Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que o câncer em si é causado pela multiplicação desordenada de células anormais, que formam um tumor com grande potencial de invadir outros órgãos. Em relação ao câncer de mama, há vários tipos, e alguns têm um desenvolvimento rápido e outros crescem lentamente. Quanto mais nova a pessoa – 1% dos casos são registrados em homens – mais agressiva é a doença, em geral.

Não há uma causa única, segundo a especialista, mas há fatores que aumentam o risco do aparecimento, como a idade. Mulheres acima de 40 anos estão mais propensas a terem o câncer de mama, sendo que o risco mais grave é a partir dos 50 anos. Também é preciso considerar a história de reprodução: quem nunca teve filhos, nunca amamentou, engravidou após oua 35 anos e entrou na menopausa tarde tem mais chances de desenvolver o câncer de mama. Quem é obeso, sedentário, fuma e bebe também, além dos fatores genéticos.

Por conta disso, Danielle diz que é importante começar o acompanhamento a partir dos 40 anos, com exames como a mamografia. Mas, desde cedo, é bom conhecer o corpo e ficar atento aos sintomas nos seios, que são nódulos, tumores, inchaços anormais, feridas que não se curam e secreções.

Quanto ao câncer de colo do útero, a médica ressalta que a incidência é em mulheres sexualmente ativas, principalmente a partir dos 30 anos. “O HPV é responsável por mais de 90% desses casos, em idosas é bem menos comum. É importante fazer o Papanicolau (PCCU), porque por meio dele você consegue detectar a lesão no início e fazer o tratamento. No começo, não há sintomas para a mulher, mas ela deve manter esses exames constantes, uma vez ao ano. E se apresentar sangramento ou dor após a relação sexual ou secreção vaginal de mal cheiro é um indício de que alguma coisa está errada. A erradicação desse câncer está muito associada a esse preventivo e à vacinação”, pontua.

Após o diagnóstico do câncer, o tratamento depende do grau e do avanço da doença. No caso do câncer de colo do útero, pode ser cirúrgico ou com quimio e radioterapia. No de mama depende da extensão: se for pequena, é possível fazer a cirurgia, com retirada parcial ou total da mama, e fazer quimio e radioterapia e hormonioterapia após a cirurgia; se estiver avançado, ocorre o contrário – primeiro a terapia para diminuir o tumor e depois a cirurgia. “O diagnóstico precoce salva vidas e evita mutilações. A maioria das mulheres é curada quando descobre precocemente”, enfatiza Danielle Feio.

Mulher que teve câncer de mama cria projeto

A produtora cultural Fabize Muinho, de 50 anos, descobriu um câncer de mama na idade de 47, em 2018. Ela conta que o diagnóstico positivo foi um “divisor de águas” em sua vida. “Em um piscar de olhos, em exames de rotina, esse diagnóstico se transformou em fazer escolhas, mudar planos, alterar rotinas e colocar parte da vida em 'modo avião'. Hoje, eu olho para tudo o que eu vivi nesse tempo e vejo que um outro momento chegou, com a precisão do tempo certo de cada coisa. Depois do diagnóstico, eu tenho ontem, hoje e amanhã, a gente se fala para ver o que vai acontecer”, comenta.

O tratamento de Fabize durou dois anos, e agora ela está na fase de remissão, que é o monitoramento, e do controle hormonal. Segundo a produtora, o diagnóstico precoce foi determinante para o sucesso do tratamento – daí a importância de manter consultas e exames em dia e práticas saudáveis de vida. “O tratamento é extremamente desgastante, você vive diariamente com sintomas provocados pela quimioterapia. Fiz 21 sessões, cirurgia, radioterapia e, na sequência, por cinco anos, no mínimo, farei medicação de controle”, conta.

O seu lado “virginiana”, que pressupõe um senso prático e crítico, fez com que Fabize enxergasse a doença também pelo lado bom: no processo de cura e de reinvenção, ela teve novas descobertas, como a enorme capacidade física, fruto de sua paixão por esportes e exercícios físicos. Fabize diz que seu diagnóstico e tratamento resultaram em uma decisão para vida: ajudar mulheres nesse processo.

Assim, em dezembro de 2018, nasceu o projeto solidário, colaborativo e de compartilhamento de afeto Maria Bonita, a partir das observações acerca dos danos e sintomas dos efeitos colaterais no tratamento do  câncer e da real necessidade de um olhar mais atento e cuidadoso às mulheres na mesma condição de saúde, mas com pouco ou nenhum recurso para o enfrentamento das muitas dificuldades no processo de cura.

O objetivo, segundo a produtora cultural, é minimizar estes danos do tratamento por meio da criação de uma rede solidária e colaborativa para doação de produtos e serviços que contribuam para melhor qualidade de tratamento e atenção a essas mulheres, além de promover ações de esportes, artes, cultura e lazer.

“Entre os muitos efeitos colaterais do tratamento oncológico estão a alopecia, que é a perda total ou parcial de cabelos e pêlos, e as manchas na pele. Esses sintomas têm apelo significativo para essas mulheres. Eles afetam diretamente a autoestima, despertam curiosidade e olhares desconfortáveis, rejeição e preconceito. A autoestima é um conceito que envolve a crença em ações futuras, desempenho ou habilidades; é dita uma das motivações humanas básicas. E a baixa autoestima pode acelerar processos depressivos, que interferem negativamente no tratamento oncológico e na busca pela cura”, explica.

Resgatar a autoestima dessas mulheres, portanto, é também resgatar suas crenças sobre si mesmas, promover novas descobertas, emoções e comportamentos. O projeto é pioneiro no Pará na realização e promoção de atividades de canoagem (Caiaque, Sup e Va'a) para mulheres em tratamento oncológico, e desde 2019 são ações regulares do projeto, o Maria Bonita nas Águas. Neste ano, o evento será realizado nos meses de outubro, novembro e dezembro, para atender um número maior de mulheres.

Órgãos realizam ações de conscientização

O tratamento em alta complexidade de câncer de mama pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Pará é oferecido gratuitamente em Belém, no hospital Ophir Loyola e no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB). Na região oeste do Estado, o serviço é ofertado pelo Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém. Na região sudeste, o tratamento é disponibilizado pelo Hospital Regional de Tucuruí.

Para chamar a atenção para a doença, a Sespa tem realizado webinários alusivos à campanha Outubro Rosa, com a adesão das Secretarias Municipais de Saúde, a fim de que orientações sobre fluxo para atendimento no SUS para câncer de mama sejam multiplicadas pelas redes sociais e comunidades. No dia 7, a Poli Metropolitana realizará o Dia D para atendimento a demandas reprimidas já agendadas para consulta com mastologista e procedimentos para mamografia, de pacientes já encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). No dia 22 deste mês, no Bosque Rodrigues Alves, haverá a sessão “Oncologia Interativa”, com sessão de yoga e meditação para pacientes, mulheres e servidoras da Sespa.

Com o intuito de incentivar o cuidado com a saúde da mulher e levar o debate sobre o câncer de mama à tona, a Prefeitura de Belém também tem uma programação própria, até o dia 31 de outubro, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Nesta quinta-feira (7), das 8h às 12h, serão realizadas palestras sobre o Papanicolau (PCCU) e a mamografia, na Unidade Municipal de Saúde (UMS) de Icoaraci.

Já no final do mês, entre os dias 25 e 29, haverá a Semana da Mulher, com palestras sobre câncer de mama e útero, encaminhamento para mamografia e consulta médica, no dia 25, no Hospital Dom Vicente Zico; exposição de fotografias das servidoras e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), no dia 26, no Hospital e Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti; palestras sobre o câncer de colo do útero e mama, coleta do PCCU, encaminhamento para mamografia e PICS, no dia 27, no Samu; palestra sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), oferta de testagem, aconselhamento e PICS, no dia 29, no Hospital Geral de Mosqueiro; e o encerramento, com realização de PCCU e encaminhamento para mamografia, com exposição de fotos coletadas durante toda a campanha do mês, no dia 30, na URE Mulher, na Praça da Bandeira.

O Grupo Liberal também apoia a campanha Outubro Rosa. Ao longo deste mês, haverá o Dia D no jornal O Liberal, no bairro do Marco, em que todos os funcionários vestirão roupas na cor rosa. A ação já foi feita na sede da TV Liberal, no bairro Nazaré. Além disso, os colaboradores receberão um brinde em alusão à campanha.

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