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‘A Fazenda da Esperança tem alcançado resultados positivos’, diz Dom Alberto

A comunidade que acolhe dependentes de substâncias psicoativas, proporcionando a eles uma reconciliação consigo mesmo

Fabyo Cruz
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Espiritualidade, convivência e trabalho fazem parte do tripé da Fazenda da Esperança, comunidade que acolhe dependentes de substâncias psicoativas, proporcionando a eles  uma reconciliação consigo mesmo. A definição é dos próprios voluntários e coordenadores do local, que um dia já enfrentaram os mesmos dilemas. Atualmente, existem 163 lugares iguais a esse no mundo, distribuídos em 26 países. No Pará, há seis deles, e a sede está localizada no distrito de Mosqueiro, em Belém.

No total, 70 homens, maiores de 18 anos, coabitam na matriz paraense Fazenda da Esperança Nossa Senhora de Nazaré, onde Luciano Figueira é coordenador-geral. A comunidade tem como princípio o auto sustento, ou seja, quem habita no local aprende um algum ofício rural, como cultivo de hortaliças, criação de abelhas, porcos e galinhas, e também podem atuar com as tarefas da marcenaria e da padaria da propriedade. O trabalho é visto como um dos métodos de regeneração do espírito.

Arismar Neves exerce há quase dois anos a função de padrinho na Fazenda da Esperança, em Mosqueiro, onde também coordena os trabalhos na marcenaria. Ele explica que o tripé, ou método da comunidade, são a base oferecida a quem chega em busca de ajuda e encontram, ali, uma nova maneira de viver. “A gente tem como base fundamental esses três pontos para que as pessoas encontrem um estilo de vida aqui. O trabalho, por exemplo, não é só fonte de auto sustento, mas também a dignidade, pois o trabalho dignifica o homem”, disse o voluntário.

image Há quase dois anos a função de padrinho na Fazenda da Esperança, Arismar Neves explica que o tripé, ou método da comunidade, são a base oferecida a quem chega em busca de ajuda.  (Ivan Duarte/O Liberal)

Para ele, a convivência é um dos grandes desafios da comunidade, pois as pessoas chegam ao rancho debilitadas, ao mesmo tempo que também é uma das principais ferramentas de autoconhecimento. “A convivência é um verdadeiro tesouro do tripé, pois aqui temos pessoas de várias realidades, idade e jeitos diferentes, e é uma possibilidade de um ajudar ao outro. Na convivência, o outro acaba me mostrando aquilo que nós não enxergamos, portanto, essa parte do método nos tira da zona de conforto”, afirmou Arismar.

Sobre a espiritualidade, o voluntário conta que a maioria dos indivíduos que residem na propriedade rural, sobretudo aqueles que tiveram dificuldades com drogas ilícitas, a princípio, estão enfraquecidos espiritualmente, isto é, sem fé. “Essas pessoas chegam aqui falidas espiritualmente, então essa experiência de estar em um local, onde é possibilitado voltar a acreditar naquilo que já havia desacreditado, acordar pela manhã e fazer meditações, rezar o terço, é uma oportunidade de desenvolver essa espiritualidade", comentou.    

 

Histórias de vida

 

Há dois anos na Fazenda da Esperança, Lucas Maranhão, 28 anos, tem um sonho de se tornar um missionário. Para chegar a esse objetivo, ele passou um ano estudando na Comunidade Semente do Verbo, em Icoaraci. Antes disso, o jovem passou pelo processo de recuperação proporcionado pela irmandade e, hoje, diz estender a mão àqueles que o ajudaram e a quem precisa de ajuda. “O que mais me identifiquei aqui foi com o estilo de vida da fazenda: a espiritualidade, o trabalho e a convivência. Agora dou de graça aquilo que recebi de graça deles”, disse o jovem.

image Lucas Maranhão, 28 anos, tem um sonho de se tornar um missionário (Ivan Duarte/O Liberal)

Lucas conta que as atividades que fazem parte dos trabalhos são importantes para preparar quem chega ao local para o mercado de trabalho. “Hoje a gente tem várias atividades no caipirão de granja, também com os porcos, patos e uma série de atividades que faz parte também da nossa restauração, para a gente suar, tirar toda a toxina do corpo para nos sentirmos bem e preparados para o mercado de trabalho”, comentou. O destino final dos animais do rancho é tanto o consumo próprio quanto o sustento financeiro da fazenda.

Há cinco meses na propriedade, Aramilton Filho, 37 anos, diz estar vivenciando uma nova fase em sua vida. Ele passou dois meses pela triagem, primeira fase de quem chega à Fazenda da Esperança. Agora, já almeja se tornar um voluntário para ajudar outros irmãos. “Sempre digo que cheguei aqui acabado, cabisbaixo, no fundo do poço. Hoje, estou fortalecido com os irmãos, e pretendo me tornar um voluntário para ajudar outras pessoas. Aqui está ́ sendo tão bom pra mim que até minha família está feliz, minha noiva e meu filho no caso”, contou.  

image Aramilton Filho, 37 anos, diz estar vivenciando uma nova fase em sua vida (Ivan Duarte/O Liberal)

 

Festa da juventude

 

Nos dias 16, 17 e 18 deste mês foi realizada a 3ª edição da Festa da Juventude, que reuniu vários jovens na Fazenda da Esperança Nossa Senhora de Nazaré. Com o tema “Enraizados na Esperança”, o evento contou com uma programação diversificada, envolvendo atividades lúdicas, momentos religiosos e comercialização de artigos para custear serviços de recuperação de dependentes de substâncias psicoativas. O arcebispo da capital paraense, Dom Alberto Taveiro, participou do evento e contou sobre o trabalho promovido em parceria com a igreja católica.

“O método da Fazenda da Esperança é muito simples: viver a palavra de Deus, que é a evangelização; a partilha, que é a vida comunitária; e o trabalho, que dignifica o homem”, disse o sacerdote. Dom Alberto contou que atualmente existem 163 fazendas da Esperança, em 26 países. Ele diz sentir-se alegre com o método de recuperação das pessoas que, segundo ele, tem alcançado resultados positivos.

“A Fazenda da Esperança é uma graça de Deus. Existe um costume para as fazendas, que é fazer, perto das festas de São Francisco, o momento de acolhimento, principalmente da juventude, com intercâmbio de experiências, formação e conhecimento da fazenda. Aqui vivem 70 pessoas. Temos uma feminina em Abaetetuba, onde vivem apenas mulheres e seus filhos, as outras vivem homens, são seis no Pará e uma no Amapá. Não somos uma clínica, somos uma comunidade terapêutica religiosa”, completou.

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