Rearranjo partidário pode ampliar influência do Pará em Brasília
Federação entre União Brasil e PP será comandada pelo ministro Celso Sabino no estado

A federação entre o União Brasil e o Partido Progressistas (PP), oficializada nesta terça-feira (29), em Brasília, reorganiza forças no cenário político nacional e tem reflexo direto no Pará. Batizada de União Progressista (UP), a nova aliança passa a liderar o Congresso, com 109 deputados federais e 14 senadores, além de 1.336 prefeitos e seis governadores. No Estado, o bloco reunirá seis parlamentares — quatro deputados estaduais e dois federais — sob comando do ministro do Turismo, Celso Sabino, que já presidia o União Brasil no Pará.
Para Sabino, a federação se apresenta como alternativa de centro em meio à polarização política. “A União Progressista nasce da junção de duas das mais importantes agremiações políticas do Brasil. Representa equilíbrio, responsabilidade e maturidade política. A população brasileira precisa de alternativas sólidas, que fujam dos extremos — nem para a extrema-direita, nem para a extrema-esquerda”, afirmou após o ato de lançamento, na Câmara dos Deputados.
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Com a nova configuração, a bancada paraense da UP será formada por um deputado estadual e dois federais oriundos do União Brasil, além de três deputados estaduais do PP. O bloco manterá o apoio que os dois partidos já ofereciam ao governador Helder Barbalho (MDB). A expectativa é de que a atuação conjunta aumente a capacidade de articulação política e o acesso a recursos federais, especialmente em pautas como a COP 30, marcada para novembro, em Belém.
Sabino também ressaltou o foco da federação nas eleições de 2026. “Nascemos com a responsabilidade de representar a maioria da população brasileira. E não tenho dúvida de que, em 2026, seremos a maior força política do nosso país, com o compromisso de ajudar a desenvolver ainda mais o Brasil”, garantiu.
A criação da UP foi resultado de meses de negociação entre as cúpulas dos dois partidos, em busca de um arranjo que garantisse maior estabilidade e influência no Legislativo. Nos próximos quatro anos, União Brasil e PP atuarão de forma conjunta, como determina a legislação. Por enquanto, Antonio Rueda, que presidia o União Brasil, e o senador Ciro Nogueira, que presidia o PP, vão comandar juntos o novo bloco. A UP também terá que aprovar um estatuto conjunto e oficializar a federação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir segurança jurídica ao novo arranjo.
PSDB e Podemos aceleram fusão com foco em 2026
Em outro movimento com potencial de impacto para as eleições de 2026, o PSDB e o Podemos deram início oficial, também nesta terça-feira (29), ao processo de fusão que deve culminar na criação de um novo partido, provisoriamente nomeado "PSDB+Podemos". A decisão foi aprovada por unanimidade na executiva tucana e será submetida à convenção nacional marcada para o dia 5 de junho. No Pará, as legendas envolvidas no bloco contam com três deputados estaduais pelo PSDB e um senador e um deputado estadual pelo Podemos.
Os detalhes do novo partido — como nome, número, estatuto e programa — ainda serão definidos por uma comissão mista composta por dirigentes das duas siglas. Também serão consideradas pesquisas qualitativas e manifestações das bases partidárias ao longo do mês de maio. O registro definitivo no TSE só ocorrerá após aprovação nas convenções de ambos os partidos.
Especialistas avaliam impactos no Pará e no Brasil
As movimentações fazem parte das estratégias voltadas à eleição de 2026 e refletem mudanças recentes na legislação eleitoral, como o fim das coligações proporcionais (que antes permitiam que partidos se unissem apenas para disputar eleições, sem atuar juntos no restante do mandato) e a cláusula de desempenho (que restringe o acesso a recursos públicos e ao tempo de propaganda gratuita a partidos que não atingem um número mínimo de votos ou de deputados eleitos em todo o país).
Segundo os cientistas políticos Lucas Okado e Carlos Augusto Souza, ambos da Universidade Federal do Pará (UFPA), federações e fusões têm objetivos distintos, mas buscam reduzir a fragmentação partidária.
Okado explica que, nas federações, os partidos mantêm suas siglas, mas atuam juntos por pelo menos quatro anos. Já na fusão, as legendas deixam de existir e dão origem a um novo partido. “A federação garante estabilidade programática. Já a fusão é definitiva”, resumiu.
Carlos Augusto ressalta que as federações impõem maior coerência nas alianças, limitando mudanças bruscas de posição. Para ele, “isso contribui para um ambiente político mais previsível e reduz a barganha por cargos”, garantiu.
Os dois especialistas também apontam vantagens práticas, como mais tempo de TV, acesso ampliado ao fundo partidário e maior influência no Congresso. “A UP, por exemplo, tende a ampliar seu espaço em comissões e negociações com o Executivo”, diz Okado. Já Carlos Augusto destaca o impacto na governabilidade. “Com blocos maiores e mais coesos, o Executivo pode negociar com menos partidos, o que facilita a formação de maiorias”, destacou.
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