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Pará tem 386 pessoas na fila de espera à cirurgia bariátrica

Governo lança programa para tentar zerar a fila em um ano

Cleide Magalhães
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No Pará foram realizadas 62 cirurgias bariátricas ao longo de 2019, isto é, cerca de cinco ao mês. Hoje existem no Estado 386 pacientes que ainda aguardam pelo tratamento cirúrgico da obesidade, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Eles levam, em média, cinco anos de espera na fila pela cirurgia. Todavia, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), lançou o programa "Obesidade Zero", para tentar vencer os "gargalos" que ainda persistem existir no Estado e zerar a demanda reprimida com a realização de 480 cirurgias ao ano, ou seja, 40 por mês.

No Brasil, em 2018, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), foram realizadas 63.969 cirurgias bariátricas, sendo 49.521 pela saúde suplementar (planos de saúde), conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 11.402 cirurgias pelo SUS e 3.046 cirurgias particulares.

O número total de procedimentos realizados em 2018 é 4,38% maior que em 2017, quando foram realizadas cerca de 61.283 mil cirurgias pelo SUS e ANS. No entanto, para que se tenha ideia, o número total de cirurgias realizadas no ano passado representa 0,47% da população obesa elegível à cirurgia bariátrica e metabólica no Brasil, ou seja com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35.

Ainda segundo a SBCBM, a cirurgia é chamada de bariátrica ou metabólica, porque com a realização do procedimento no mundo se observou que a cirurgia conseguia alterar as condições metabólicas do paciente corrigindo algumas enfermidades, que se caracterizam como doenças metabólicas: diabetes, hipertensão, colesterol e triglicerídeos.

Após aguardar por cinco anos na fila de espera, a técnica em enfermagem Liliane Borges, 38 anos, fez cirurgia bariátrica, em Belém, em 2018. Ela conta que chegou a 189 quilos, hoje pesa 71 quilos e resgatou a autoestima.

"Sempre fui gorda e com minhas duas gravidez fiquei ainda mais chegando aos 189 quilos. Sem falar que tenho problemas nos nervos do joelho e quase não conseguia ficar em pé também devido ao enorme peso. Eu tentei dietas e exercícios para emagrecer, mas não conseguia, não tinha muita disciplina. Decidi então conhecer o hospital Jean Bitar e resolvi fazer todos os procedimentos à cirurgia. Ocorreu tudo bem, minha recuperação foi ótima e hoje cheguei aos 71 quilos. Ainda sou acompanhada pela nutricionista e psicólogo, e faço atividade física regular. Eu me sentia péssima, mas hoje me sinto bela, linda", conta Liliane, que tem indicação médica para fazer as cirurgias reparadoras pós-cirurgia.

Governo tenta solucionar "gargalos"


Segundo o secretário adjunto de Saúde, Sirpriano Ferraz, a realização das cirurgias bariátricas no Pará apresenta alguns "gargalos", que a gestão tenta solucionar. "Isso quer dizer que é algo que identificamos que tem 'travas', onde estamos acumulando os pacientes. Quando assumimos, primeiro, fizemos uma análise da saúde do Estado, para identificar os maiores problemas. E uma das filas históricas em que as pessoas demoram para operar é da bariátrica, que conta hoje com 386 pacientes e visamos zerar em pelo menos um ano. As estratégias serão com projetos para atender a diversas modalidades de filas que existem no Estado", afirma Ferraz.

Por isso, a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) lançou, na última semana, o programa "Obesidade Zero", com a disponibilidade de 480 cirurgias ao ano, para atender de forma mais ágil e efetiva os usuários do SUS que necessitam de cirurgia bariátrica para tratamento da obesidade.

Ainda segundo o secretário adjunto de Saúde, a cirurgia é de alta complexidade e a taxa de mortalidade é abaixo de 1%, e o acompanhamento do paciente no pré e pós-operatório é multidisciplinar. "O programa não é um mutirão. Ele oferece facilidade de acesso e tratamento multidisciplinar desde psicólogo, pneumologista, gastroenterologista, entre outros profissionais. E também disponibilizaremos as cirurgias plásticas reparadoras no pós-bariátrica para pacientes da capital e dos demais municípios do Estado de forma gratuita e segura”, explica.

O público-alvo do programa Obesidade Zero são os pacientes obesos, com ou sem outros problemas de saúde, que precisam de avaliação médica para saber se há indicação para realização do procedimento. As cirurgias serão realizadas nos Hospitais Jean Bitar e Galileu.

Somente tem indicação à cirurgia o paciente que não consegue resolver a situação com o tratamento clínico. Além disso, o paciente que tiver obesidade tipo três, ou seja, alcançar o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 40 quilogramas por metro quadrado.

Outra indicação é quem tiver o IMC entre 35 e 39 quilogramas por metro quadrado, considerada como obesidade tipo dois ou moderada, e que tem doenças associadas ou agravadas pela obesidade e, sobretudo, as doenças que colocam em risco sua saúde: diabetes, hipertensão, apneia do sono, enfim, pelo menos 20 doenças que aparecem ou se intensificam com a obesidade (comorbidades da obesidade). Para mais informações e cadastro no programa clique aqui.

Cirurgias envolvem riscos


Marcos Leão Vilas-Bôas, presidente da SBCBM explica que o maior benefício da cirurgia bariátrica e metabólica, além da perda de peso, é a remissão das doenças associadas à obesidade, como diabetes e hipertensão (entre outras), diminuição do risco de mortalidade, aumento da longevidade e melhoria na qualidade de vida.

Ainda segundo a SBCBM, com o desenvolvimento das novas tecnologias, da videolaparoscopia e da associação de novas drogas anestésicas os riscos hoje de uma cirurgia bariátrica são menores que uma cesariana, que um parto normal e menores que uma histerectomia comparativamente falando.

Entretanto, apesar de baixos riscos, eles existem em qualquer procedimento cirúrgico. "Por essa razão, deve ser feita em hospital com estrutura adequada e por médicos habilitados e com experiência comprovada".

A SBCBM aponta que existem condições adversas à realização de procedimentos cirúrgicos para o controle da obesidade, como doenças genéticas, limitação intelectual significativa, pacientes sem suporte familiar adequado, quadro de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso contínuo de álcool ou drogas ilícitas. No entanto, quadros psiquiátricos graves, alcoólatras e adictos sob controle não são contra indicativos à cirurgia.

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