Nova tecnologia contra a dengue: Belém recebe armadilhas que usam o mosquito como agente de controle
Antes da instalação das armadilhas, os agentes de saúde vão realizar visitas domiciliares entre os dias 1º e 25 de julho.

A capital paraense vai receber aproximadamente 8 mil armadilhas para reforçar o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. A instalação será feita em imóveis de bairros com maior incidência da doença, além de áreas no parque da cidade. A ação faz parte de uma nova estratégia da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), que também iniciou na terça-feira (17) o treinamento de 150 agentes de saúde para a operação da tecnologia.
Como funcionam as armadilhas contra o Aedes aegypti?
As Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), que são as armadilhas em combate ao mosquito, foram desenvolvidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério da Saúde. Elas funcionam como armadilhas que utilizam o comportamento do próprio mosquito para espalhar o larvicida em outros criadouros.
O dispositivo é um balde preto com água limpa e uma tela impregnada com o larvicida. A fêmea do mosquito é atraída para o local, pousa para depositar os ovos e, nesse processo, entra em contato com o produto químico. Depois, ao visitar outros pontos de água parada, ela acaba levando o larvicida para diferentes locais, atingindo criadouros de difícil acesso.
“É uma tecnologia simples, de baixo custo e com eficácia comprovada. O próprio mosquito se transforma em agente de controle”, explicou Sérgio Luz, pesquisador da Fiocruz, durante o treinamento realizado no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIIC), em Belém.
Agentes de saúde recebem treinamento para uso das armadilhas
Cerca de 150 Agentes de Combate às Endemias (ACEs) participaram da capacitação, que incluiu orientações técnicas sobre o manejo das EDLs e estratégias de mobilização comunitária.
Sebastiana Elizete, agente com 10 anos de experiência no combate às endemias, destacou a importância da nova tecnologia. “Já vimos muitos métodos ao longo dos anos, mas esse tem um diferencial: usa o comportamento do próprio mosquito contra ele. Estamos nos preparando para orientar bem a população”, afirmou.
Débora Costa, também agente de saúde, reforçou a necessidade de diálogo com os moradores. “A comunidade precisa entender que a armadilha deve permanecer intacta dentro das casas. O sucesso depende da participação de todos”, disse.
Quando e onde as armadilhas serão instaladas?
A instalação das EDLs será feita em duas etapas, de acordo com a análise de bairros com maior número de casos de dengue:
- De 4 a 29 de agosto: instalação de 5.300 armadilhas nos bairros Jurunas, Guamá, Condor, Canudos e Terra Firme;
- De 1º a 27 de setembro: instalação de mais 3.650 armadilhas nos bairros Marambaia, Sacramenta, Pedreira, Marco, Curió-Utinga e Souza.
Além dessas áreas, outras 100 armadilhas serão colocadas no Parque da Cidade, como parte das ações preparatórias para a COP 30, evento internacional que será sediado em Belém.
Redução dos casos de dengue em Belém
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Rômulo Nina, a chegada das EDLs reforça as estratégias de enfrentamento às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Segundo ele, Belém registrou uma redução de mais de 80% nos casos de dengue nos cinco primeiros meses de 2025.
“As EDLs serão uma estratégia adicional, principalmente agora, no período chuvoso, quando os casos costumam aumentar. O combate ao mosquito precisa ser contínuo”, afirmou.
Visitas domiciliares começam em julho
Antes da instalação das armadilhas, os agentes de saúde vão realizar visitas domiciliares entre os dias 1º e 25 de julho. O objetivo é orientar os moradores e obter autorização para colocar os dispositivos dentro das residências.
A expectativa da Prefeitura de Belém é que a combinação de tecnologia, capacitação dos agentes e o envolvimento da população ajude a manter os índices de dengue sob controle na cidade.
*Laura Serejo (estagiária de jornalismo, sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidades)
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA