Natureza como terapia: momentos à beira-mar reduzem estresse e ansiedade
No litoral paraense, o mar, a areia e a brisa fresca se tornam aliados poderosos de quem busca equilíbrio emocional
Passar o dia na praia é mais do que lazer: para muitas famílias, é uma forma de renovar as energias, aliviar o peso da rotina e fortalecer os laços afetivos em meio à correria de trabalho, estudos e trânsito intenso. No litoral paraense, o mar, a areia e a brisa fresca se tornam aliados poderosos de quem busca equilíbrio emocional, relaxamento e momentos de pausa para recarregar as energias.
A autônoma Adailde Holanda, de 48 anos, aproveitou o domingo em Outeiro ao lado da família e destacou o quanto esse contato com a natureza faz diferença para o bem-estar físico e emocional. “A gente vem, toma um banho, vê outras pessoas, conversa, bebe alguma coisa, come algo diferente. É importante.”
Para Adailde, esses momentos na praia vão muito além do lazer: são uma oportunidade preciosa para criar memórias afetivas que marcam a vida de todos e fortalecem a conexão entre diferentes gerações da família. Mesmo em meio à correria do dia a dia, esses encontros ajudam a manter vivo o vínculo familiar, oferecendo um espaço de troca e apoio mútuo. “Isso fortalece. Eu acho que família tem que passar o máximo de tempo junta. Juntos somos mais fortes”, afirma.
Ela complementa que, quando a família está reunida em um ambiente ao ar livre, a atmosfera muda completamente, trazendo uma sensação de leveza que contrasta com o ritmo acelerado das cidades. “Quando a gente está reunido, tudo fica mais leve. Dá pra esquecer um pouco os problemas e aproveitar mais a vida.”
O mar, para ela, é mais do que um cenário bonito. É uma forma real de aliviar o peso do dia a dia e renovar as energias. “Respirar o ar da natureza é surreal. A gente fica mais feliz, mais alegre. É muito confortante, parece que sai do trânsito, daquela rotina monótona. Aqui a gente vem pra aliviar o estresse, respirar melhor. Tanto emocional como espiritualmente, a gente tenta deixar o estresse lá fora e aqui é só para relaxar”, finaliza.
O poder de uma pausa à beira-mar
O psicólogo Carlos Alexandre Pinheiro, que também aproveitou o domingo na praia de Outeiro com a família, explica que momentos ao ar livre são essenciais para aliviar a carga emocional acumulada ao longo da semana.
Para Carlos, além de lazer, estar em contato com o mar e a natureza é uma forma prática e acessível de cuidar da mente e do corpo sem precisar de grandes investimentos. “O nosso dia a dia é carregado de estresse e tensões que vêm do ambiente familiar, do trabalho e de várias situações que enfrentamos ao longo da vida. Então, vir para a praia, contemplar a paisagem, estar em família, tudo isso é importante para descarregar esse estresse, renovar nossas energias e equilibrar as emoções”, explica.
Ele destaca que a vida urbana, muitas vezes marcada por longos trajetos no trânsito, prazos apertados e pouco tempo de descanso, pode aumentar os níveis de ansiedade e tensão. Por isso, encontrar brechas na agenda para se conectar com a natureza é uma forma simples de prevenção para o corpo e a mente.
Pequenas pausas em locais abertos, cercados de verde ou próximos da água, ajudam a reduzir pensamentos negativos, acalmam a mente e diminuem o impacto do estresse na qualidade de vida. Para o psicólogo, estar em ambientes litorâneos faz diferença não apenas no humor, mas também na forma como cada pessoa se relaciona com os outros no dia a dia.
“O impacto de não conseguir aliviar o estresse seria não saber se relacionar bem com o outro, perder esse equilíbrio que é essencial para a convivência. Muitas vezes acumulamos preocupações, pensamentos negativos, e não temos um ambiente para aliviar essa carga emocional. É fundamental ter momentos assim para viver melhor conosco e com os outros”, destaca.
Carlos finaliza reforçando que o contato direto com a natureza é um dos caminhos mais simples, eficazes e acessíveis para cuidar da saúde emocional: “Existe uma relação muito forte entre o ser humano e a natureza. Ela traz essa calmaria, esse bem-estar emocional, essa leveza que precisamos para viver melhor e cuidar da nossa saúde mental.”
O contato com a natureza como terapia para corpo e mente
A psicóloga Roberta Rios também reforça a importância de reservar momentos para se reconectar com o que é natural. Ela destaca que, ao estar em contato com a natureza, geralmente vivenciamos um momento de pausa e introspecção, em que ficamos mais tranquilos e conseguimos nos conectar consigo mesmos. “Tudo isso ajuda a diminuir a ansiedade, ao desacelerar, trazendo essa sensação de bem-estar.”
A especialista explica que o contato com a natureza tem um efeito terapêutico, promovendo “essa sensação de bem-estar, de paz, de tranquilidade.” Muitas pessoas se sentem melhor com a sensação das ondas que “lavam a alma” e trazem conforto em momentos de exaustão mental. O mar, a brisa e o sal, segundo Roberta, trazem benefícios físicos e psicológicos, tornando-se uma forma natural de autocuidado.
Entre os benefícios físicos estão a melhora da respiração, a qualidade do sono mais leve e reparador, o fortalecimento da imunidade e a absorção da vitamina D, essencial para o organismo. Já os benefícios emocionais envolvem a redução do estresse e da ansiedade, além de uma clareza mental que muitas pessoas relatam sentir depois de passar um tempo na praia ou em contato com o verde.
Roberta ainda destaca que “o som das ondas tem um som inclusive para algumas meditações, então traz essa tranquilidade para a mente.” Ela reforça que ter esse contato direto com a natureza, encontrar momentos de paz no meio do caos urbano, “ajuda muito, diminuindo a ansiedade, diminuindo o estresse.”
Cada vez mais, especialistas alertam que pequenas pausas como essas não são apenas lazer ou passatempo, mas parte essencial de um cuidado preventivo para manter a saúde mental em dia. Para quem vive na correria das cidades, o mar, a floresta ou mesmo uma praça arborizada podem ser um refúgio importante para recarregar as energias e retomar a rotina com mais leveza.
*Laura Serejo (estagiária de jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidades)
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