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Ciência com protagonismo e impacto social

Laboratório referência no diagnóstico e monitoramento da covid-19 tem uma equipe formada por maioria de mulheres

Fabrício Queiroz
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Com a pandemia de covid-19, a ciência se tornou um campo em maior evidência. A busca de conhecimento sobre o vírus SARS-Cov-2, seu comportamento e as formas de deter a sua propagação mobiliza pesquisadores em todo o mundo há mais de dois anos.

No Pará, os cientistas do Laboratório de Vírus Respiratórios do Instituto Evandro Chagas (IEC) são a principal referência nesse trabalho.

“A maioria das pessoas que trabalham comigo são mulheres que têm caminhado nessa área da ciência desde a graduação, tem se formado, feito a sua pós-graduação. Aqui no nosso laboratório, a gente vê uma ampliação realmente da participação feminina na ciência” - Mirleide Santos

O local é um Centro Nacional de Influenza (NIC), com reconhecimento junto à Organização Mundial da Saúde, além de atuar na vigilância laboratorial de vírus respiratórios realizando a detecção para dez estados nas regiões Norte e Nordeste. Em março de 2020, foi a equipe desse laboratório a responsável pela detecção do primeiro caso do novo coronavírus no Pará.

A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Mirleide Santos, explica que, desde essa primeira onda da covid-19, a demanda de trabalho é intensa, com jornadas que chegaram a ultrapassar 14 horas diárias. Um reflexo dos anseios da comunidade científica e da população por respostas.

“Passar por uma pandemia com todo o trabalho que a gente tem, com todo esse contexto social também que impacta, a gente sabe que tem essa relevância devido a ser um vírus novo que a população ainda não estava habituada a lidar. Até hoje a gente vem aprendendo constantemente, a cada dia novas informações surgem para que a gente possa lidar melhor com essa pandemia”, afirma a pesquisadora que é mestre em Doenças Tropicais e doutoranda em Virologia.

image Mirleide Santos avalia que o campo da Virologia obteve avanços durante a pandemia. No Pará, um dos impactos foi no desenvolvimento da técnica de sequenciamento genético de vírus (Divulgação / Ascom IEC)

Nesse sentido, as ações do laboratório se atualiza com a própria dinâmica da pandemia. O monitoramento das novas variantes do SARS-Cov-2, que foram responsáveis pelas segunda e terceira onda de infecções, levou ao avanço das pesquisas em consonância com a evolução global nesse campo.

De acordo com Mirleide Santos, houve uma ampliação da rede de vigilância do vírus, além do aumento da capacidade laboratorial e da capacidade técnica dos profissionais. Um exemplo disso se observa no trabalho para o sequenciamento genético, uma técnica aplicada tanto para o coronavírus quanto para outras doenças respiratórias.

“A gente sequencia o genoma completo a fim de identificar todas as mutações presentes nesse genoma e essas mutações são as que caracterizam, como se fosse um mapa genético das variantes. É ele que diz se é uma variante ômicron, delta ou gama”, detalha a pesquisadora. Os testes são realizados em amostras pré-triadas e enviadas pelos estados ao IEC, que leva cerca de uma semana para liberar os resultados.

Mirleide Santos considera que, apesar dos desafios, o processo tem sido de muitos aprendizados. “É uma pandemia de grande impacto. Eu já havia enfrentado uma pandemia anteriormente trabalhando com vírus respiratórios em 2009 que foi causada pelo vírus influenza, mas a de covid-19 foi sem precedentes. O impacto realmente foi enorme, então a gente ganhou muita coisa com isso em relação a lidar melhor com esses problemas de saúde pública”, ressalta.

image A equipe do laboratório realiza um trabalho de referência regional e nacional para casos de influenza (Divulgação / Ascom IEC)

A atuação do Laboratório de Vírus Respiratórios demonstra ainda a importância de outra questão social: o protagonismo feminino na ciência. Esse é um desafio real, mas que tem sido superado pouco a pouco em uma área tão visada como a Virologia, segundo Mirleide. “A maioria das pessoas que trabalham comigo são mulheres que têm caminhado nessa área da ciência desde a graduação, tem se formado, feito a sua pós-graduação. Aqui no nosso laboratório, a gente vê uma ampliação realmente da participação feminina na ciência atualmente”, avalia.

Para a pesquisadora, outro ponto importante é a necessidade de maior valorização do campo científico, que repercute diretamente em melhorias para a população. “O cientista trabalha para responder as demandas da sociedade, esse eu acho que é o principal feito de um cientista, é o que nos traz prazer e vontade de continuar trabalhando com ciência”, acredita.

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Mulheres
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