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Economia do cuidado sai do âmbito familar e ganha debate na agenda pública

Após o assunto ser tema da redação do Enem 2023, ativistas na causa comemoram a visibilidade da temática

Bruna Lima
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A pauta sobre economia do cuidado ganhou repercussão após ser tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, uma questão presente nas famílias brasileiras, mas que é pouco discutida. Sobre essa realidade, Vanessa Sampaio, que é gerente da Área de Empoderamento Econômico da ONU Mulheres, avalia como uma conquista significativa a temática ser tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio, uma vez que a discussão sai do âmbito familiar e ganha uma agenda pública.

Vanessa explica que trazer o debate para a agenda pública, que faz com que a sociedade reflita sobre o assunto, é fundamental para construir uma nova sociedade e repensar na organização do trabalho de cuidado e garantir o cuidado a todos.

"A gente entende que todas as pessoas vão precisar de cuidado em algum momento da vida, seja bebês, crianças, pois o cuidado é um direito de todas as pessoas, mas quando pensamos no trabalho do cuidado ele engloba as atividades que envolvem bem estar físico e psicológico das pessoas e, de forma prática, vai desde lavar uma louça, cuidar da casa e de das pessoas que nela vivem", pontua.

Nesse caso, trata-se do trabalho do cuidado não-remunerado, que é o trabalho performado dentro das casas. Mas o trabalho do cuidado remunerado tem uma gama de profissões como: as trabalhadoras domésticas, que é o grande motor do trabalho do cuidado remunerado no Brasil, as enfermeiras, as profissionais da área da educação, cuidadoras, ou seja, uma gama de profissões que exercem essas tarefas do cuidado.

"Essa é uma atividade completamente invisibilizada, e que por ser trabalho é fundamental para manutenção da economia. Então imagina se a gente parasse todas as pessoas de fazer trabalho de cuidado, não remunerado ou remunerado. A economia não não funcionaria, pois entendemos que a atividade tem um valor econômico", explica Vanessa.

O trabalho de cuidado remunerado é contabilizado nas estatísticas do Produto Interno Bruto (PIB), mas o não remunerado não é. Então, se for analisar o tempo de trabalho que é investido e gasto, economistas estimam que poderia equivaler a 14% do PIB do Brasil. "Isso serve par demonstrar que realmente tem um valor também.

"Essa questão está relacionada com a organização social do trabalho do cuidado estabelecida no Brasil, que é desigual. Não só no Brasil, no mundo há uma expectativa, uma naturalização baseada em estereótipos do que mulheres e homens fazem, de que as mulheres deveriam ser responsáveis pelos trabalhos de cuidado", destaca Vanessa Sampaio.

A gerente da Área de Empoderamento Econômico da ONU Mulheres ressalta que, por meio dos dados do PNAD, é possível observar que as mulheres no Brasil são responsáveis e se dedicam quase o dobro ou mais do tempo a tarefas de cuidado do que os homens. Isso relacionado ao trabalho de cuidado não remunerado.

Particularmente as mulheres negras, pois existe um recorte no Brasil que é uma organização social desigual e injusta, pois faz um recorte de gênero, mas também um recorte de raça e etnia. "A gente vê isso nos dados que as mulheres negras dedicam ainda mais que as mulheres brancas ao trabalho de cuidado não remunerado e a gente vê essa mesma tendência no trabalho de cuidado remunerado em que essas profissões que eu citei anteriormente são profissões que tradicionalmente majoritariamente são compostas por mulheres", acrescenta.

O cuidado é um direito de todas as pessoas, elas têm direito de cuidar e de serem cuidadas. Diante disso, foi estabelecido o compromisso de Buenos Aires, um documento firmado por diversos países, no ano passado, na conferência regional da mulher, que afirmou pela primeira vez o cuidado enquanto um direito humano e que trata sobre a necessidade de construção de políticas públicas de cuidado ou que se chama também de sistemas integrais de cuidado.

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