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A força feminina na dança

Ana Unger e Mini Japa, destaques no balé e no break, falam de realizações e preconceitos

Enize Vidigal
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A força feminina na ponta dos pés. A bailarina Ana Unger e a Bgirl Mayara Collins, a Mini Japa, encontraram na dança a razão da vida. O balé foi a válvula de escape para a hiperatividade de Ana aos seis anos de idade, mas foi como professora que se realizou e segue dedicando-se como coreógrafa e produtora de espetáculos. "Me perguntavam como o meu marido aceitava 'pax de deux' (dança de casal de bailarinos) e me deixava viajar sozinha e usar roupas coladas (das apresentações)", recorda. Já Mini Japa, campeã nacional da batalha de dançarinas de break em 2018, fala sobre a dificuldade de se destacar em um estilo dominado pelos homens. "O Eu não escolhi o break, ele me escolheu. No break eu sou livre, ele me faz bem e só me trouxe coisas boas".

image Ana Unger no espetáculo de 2018, que misturou dança à poesia de Paes Loureiro (Divulgação)

Com 45 anos de carreira, Ana Unger começou a dar assistência como professora de Balé aos 11 anos. Fui muito precoce, muito apaixonada pela dança". Não demorou para começar a dançar profissionalmente, inclusive apresentando-se ao lado dos primeiros bailarinos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, como Carlos Louzada, e a participar de competições. "Meu avô não gostava que eu dançasse", lembra revelando o preconceito. "Um dia ele foi me ver escondido, no teatro. Quando eu vi ele na primeira fileira, pensei que fosse me bater. Mas, ao contrário, ele entendeu que o balé não tinha nada de ruim. Ele ficou emocionado, chorou e me pediu desculpas". Já casada, ela buscou aperfeiçoamento nos Estados Unidos e em Londres. Lidou com comentários que de quem não compreendia como o marido poderia "aceitar" que ela dançasse. Abriu uma escola de dança em Belém. Com o passar do tempo, as microlesões a levaram a se poupar das apresentações. "Sou apaixonada pela dança clássica, que foi a minha base e formação acadêmica, mas em paralelo tinha a dança contemporânea, ritmos amazônicos, sapateado e jazz".

Com 11 anos de carreira, Mayara Collins, a Mini Japa, teve que superar vários desafios no break: "O machismo é muito forte. Não são todos os produtores de eventos de break que colocam a categoria Bgirl. A evolução às vezes é interrompida pelos próprios Bboys, pois eles não acreditam que um mulher possa aprender movimentos de elevado grau de dificuldade e nem a dançar tão bem quanto eles. É uma cultura dominada por homens, mas isso vem mudando. Algumas Bgirls vem produzindo eventos e falando mais sobre esse assunto". Ela treina quatro horas por dia. Atualmente faz parte do grupo Amazon Crew, de renome nacional. "Eu já dava aulas antes (de vencer o campeonato) e, com o reconhecimento, passei a ser procurada para dar aulas, palestras e compor júri de concursos. Eu viajo praticamente o Brasil todo". Ela desenvolve um projeto voltado apenas para meninas e mulheres que querem aprender o break. O objetivo é ampliar a representação feminina nesse estilo de dança, que é muito pequeno no Pará. "Os poucos eventos e grupos que temos são de ótima qualidade, temos Bboys e Bgirls e grupos de alto nível que representam muito bem o nosso estado em outros lugares".

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