Moradores acolhem projetos de compostagem para redução de resíduos

Moradores de Belém, Ananindeua e Marituba já fazem sua parte com técnicas que contribuem para a redução da quantidade dos resíduos sólidos destinados ao aterro sanitário, que deve operar para recebimento apenas até o fim de setembro, de acordo com determinação da Justiça.

BELÉM - universitário ensina a compostagem

O universitário Mateus Lima, que cursa Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), teve a iniciativa de criar uma conta no instagram (@compostagem_na_real) voltada para a disseminação da prática da compostagem doméstica, processo de transformação de matéria orgânica em adubo orgânico que pode ser facilmente feita em casa.

Além disso, ele ministra palestras sobre o tema e utilizou baldes para criar uma composteira, recipiente ou conjunto de recipientes onde os resíduos orgânicos são transformados em adubo orgânico, para que os próprios colegas de turma pudessem se conscientizar.

"Procuro demonstrar que, em pequena escala, é possível realizar a compostagem em qualquer local, mesmo dentro de casa, apartamento. Resolvi levar essa prática para o local de trabalho e também para dentro da minha sala na faculdade, onde, além da lixeira, temos uma composteira. Todo resíduo de frutas, assim que gerado, é inserido na composteira por quem o gerou. Essa prática vem sendo adotada também pela reitoria e na coordenadoria do curso de Agronomia", contou.

De acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da composição dos resíduos descartados no país, 57,41% são de matéria orgânica (sobras de alimentos, alimentos deteriorados, lixo de banheiro). 

"E pouca gente fala disso. Na região Norte, percebo que não há preocupação em grande escala com compostagem. Apenas casos isolados. E é uma prática que facilita muito a vida dos catadores, que costumam descartar muito material porque estão misturados com resíduos orgânicos", pontuou Mateus.

ANANINDEUA - Associação garante boa produção com compostagem

Luiz Brito garante colheita produtiva com adubo feito com compostagem (Fábio Costa / O Liberal)

O produto é utilizado pelos próprios associados, que compram mais em conta se comparado à cama do aviário [toda e qualquer forração disposta no piso do galpão onde se encontram os frangos e as galinhas], também usada como adubo orgânico.Em Ananindeua, no bairro do Curuçambá, a Associação de Produtores e Hortifrutigranjeiros da Gleba Guajara (Apha) também trabalha com compostagem. A diretoria recebe resíduos orgânicos doados pela indústria e transforma em abudo orgânico.

"A cama do aviário nem tem totalidade de aproveitamento para a produção. E um saco do nosso composto, pelo mesmo preço, dá dois no tamanho da cama", explicou o tesoueiro da Apha, Luiz Brito.

Ele conta que a alta qualidade do produto garante 100% de aproveitamento da produção.

"Com nosso composto, é total aproveitamento. Por enquanto, produzimos para nosso consumo. Temos horta dentro do espaço físico da associação com várias verduras. Plantamos chicória, cariru, jambu e outras".

Para a compostagem, são utilizadas polpas e até resíduos de restaurantes.

"Uma empresa trouxe resíduos orgânicos de um restaurante. Isso é muito bom para nosso adubo. São produzidas cerca de cinco toneladas de adubo a cada dois meses. Mas ainda estamos no início. Pretendemos aumentar nossa produção e abrir para vendas mais abrangentes", ressaltou Luiz.

MARITUBA - estudantes apresentam projetos para redução de resíduos e aproveitamento de materiais

Na Escola Estadual Agroindustrial Juscelino Kubitscheck de Oliveira, no bairro de Bela Vista, em Marituba, os próprios estudantes desenvolveram um projeto de produção e utilização de composto orgânico, por meio da compostagem. 

Além disso, há um projeto de reaproveitamento de materiais, como pneus e garrafas PET, que viraram decoração da praça ecológica. E garrafões de água mineral foram usados a confecção de lixeiras para coleta seletiva. 

Garrafões de água viraram lixeiras para coleta seletiva (Divulgação)

A instituição também finaliza os preparativos para a I Semana Integrada de Segurança, Saúde e Meio Ambiente, que será realizada nos dias 13 e 14 de junho, das 8h às 15h, conforme adiantou a professora Eliane Costa, dos cursos técnicos de Floresta e de Segurança do Trabalho.

"É uma feira em que os alunos de todos os cursos vão apresentar esses projetos. Cada turma ficou responsável por um tema que envolve a responsabilidade social"

"A questão do lixo será tratada com temas como compostagem, resíduos sólidos gerados em empresas, impacto causado pelo descarte incorreto do lixo na feira de Marituba. A ideia é dar continuidade nesses trabalhos", explicou Eliane.

O QUE É COMPOSTAGEM?

E um processo no qual os resíduos orgânicos são submetidos e transformados em adubo, por meio de um processo natural e biológico de decomposição, no qual, microrganismos, como fungos e bactérias, degradam a matéria orgânica, transformando-a em composto orgânico rico em nutrientes para enriquecimento do solo.

COMPOSTEIRA DOMÉSTICA

Pode-se utilizar baldes reaproveitados com tampa (margarina ou de tinta por exemplo). Os baldes ficam empilhados e os de cima são usados como depósito para os resíduos orgânicos coletados diariamente, como cascas de frutas e verduras, folhagens, cascas de ovos e borra de café. Esse resíduos são triturados e misturados com matéria vegetal seca. O composto orgânico estabilizado fica pronto naturalmente por meio deste processo após cerca de 90 dias. O balde de baixo serve como coletora do chorume não tóxico, usado como biofertilizante. É recomendado que se procure tutoriais em vídeo.

TIPOS DE COMPOSTEIRA DOMÉSTICA

Pode-se fazer com minhocas (vermicompostagem), que requer maior cuidado para as mesmas não morrerem e também a compostagem sem minhocas, onde é o mais recomendando para quem quer começar e sente-se inseguro.