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Moeda social incentiva a reciclagem

Experiências bem sucedidas nos municípios de Igarapé-Açu e Curuçá mostram que a população do Estado está engajada na educação ambiental

Valéria Nascimento
fonte

Desde 2018, moradores de Igarapé-Açu, no nordeste do Estado, trocam material reciclável por uma moeda social com poder de compra em mais de 52 comércios cadastrados na cidade. Com a comercialização dos recicláveis com empresas de dentro e fora do Pará, o Movimento Moeda Verde paga os comerciantes locais e um novo ciclo de sustentabilidade recomeça. Essa é a síntese do trabalho de educação ambiental que mobiliza moradores, empresas e a prefeitura municipal. A iniciativa já é replicada em Curuçá, que criou também o seu Câmbio Azul.

O Liberal Mobiliza, do Grupo Liberal, com apoio da Guamá Tratamento de Resíduos, conversou com as coordenadoras dos projetos, em Igarapé-Açu, Carol Magalhães; e em Curuçá, Luana Chucre, e você confere, nesta edição, tudo sobre a iniciativa sustentável pioneira no Pará.

Coordenadora do Movimento Moeda Verde - Igarapé-Açu, Carol Magalhães conta que o projeto faz a diferença em educação ambiental. "A gente tem uma cidade que está ficando mais limpa, isso já é perceptível, e com um movimento ecológico avançando".

O movimento completa dois anos em outubro de 2020 e já enviou à reciclagem 175 toneladas de materiais, entre os quais papel e plástico, e começou a coletar vidro, que não é reciclado no Pará.

Carol diz que conheceu a experiência na cidade paulista de Santa Cruz da Esperança, com dois mil habitantes, onde a prefeitura troca materiais recicláveis por moedas verdes. O projeto foi criado para combater o Aedes aegypti. "Propus, nas redes sociais, fazermos o mesmo em Igarapé-Açu. Em 17 de agosto de 2018, nós realizamos nosso primeiro encontro, batizado de Café com Ideias".

Dez amigos de Carol apareceram e a primeira preocupação foi com a proteção dos igarapés. "Igarapé-Açu tem muitos igarapés e já teve mais. Muitos estão poluídos. Lixo mesmo. São latinhas, garrafas pet, embalagens de biscoito etc. As pessoas deixam muita sujeira''.

Por mês, 12 toneladas têm tratamento adequado

image Carol Magalhães idealizou o projeto que viabiliza a reciclagem de toneladas de materiais (Arquivo pessoal)

Em 26 de outubro de 2018, aniversário de Igarapé-Açu, Carol Magalhães e amigos promoveram o evento Feira de Inspiração + Cultura, voltado para as crianças. As famílias foram estimuladas a trocar materiais recicláveis por moedas verdes para usá-las no dia do evento, na compra de lanches para as crianças.

O evento recebeu três mil pessoas e trocou R$ 800 em moeda verde por duas toneladas e meia de materiais recicláveis em menos de três horas de feirinha. A ação teve apoio institucional da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do programa ONU Habitat, o que deu grande credibilidade à ação, com o uso da marca no material de divulgação. "Nossa feira foi um sucesso", disse Carol.

O Movimento Moeda Verde saiu de duas toneladas e meia para 12 toneladas por mês. Foi necessário abrir postos de trabalho e alugar um espaço que atendesse à nova demanda. Isso onerou o projeto, mas os participantes seguiram em frente.

"O primeiro prefeito não dialogou com a gente, foi afastado por improbidade administrativa, em dezembro de 2019. O vice assumiu e começou a dialogar conosco, mas faleceu vítima da covid-19, em março de 2020. O presidente da Câmara assumiu e já tinha um diálogo com a gente. A partir daí, pudemos contar com o apoio da prefeitura e implantar a coleta seletiva em Igarapé-Açu. Nós já tínhamos a população engajada na educação ambiental com o uso da moeda verde", detalha Carol Magalhães.

A prefeitura garante um caminhão para a coleta seletiva três vezes por semana no município, além de espaço para armazenar os materiais, e o movimento recebe subsídio financeiro para pagar as pessoas que trabalham na triagem e tratamento do que é coletado.

"Hoje a gente tem esse investimento direto da prefeitura. Temos a comercialização do material reciclado destinado pelas empresas locais, que já fazem a destinação adequada dos seus resíduos e esse material é comercializado e gera renda para o projeto. Estamos na plenitude do movimento", comemora Carol.

Cidade muda e hoje comemora resultados

image Moeda Verde movimenta a economia local (Divulgação)

O município de Curuçá apostou na experiência e está satisfeito com os resultados. Coordenadora do projeto Câmbio Azul, em Curuçá, Luana Chucre afirmou que tudo começou quando ela e os amigos assistiram a uma reportagem sobre o Movimento Moeda Verde.

O grupo foi conhecer o projeto e Carol Magalhães mostrou como tudo funcionava; na volta, os ambientalistas, já atuantes no projeto Suruanã - que há 10 anos pesquisa as tartarugas marinhas no litoral paraense -, em parceria com a prefeitura municipal de Curuçá, criaram o projeto Câmbio Azul.

"Temos um posto de coleta para a recepção e armazenamento de resíduos como garrafa pet, ferro, alumínio, livros, entre outros. As pessoas trocam esses materiais pelo Câmbio Azul. Essa cédula tem o valor efetivo de um real e com ela você pode ir até alguns estabelecimentos credenciados ao projeto, como farmácias, lojas de roupas e supermercados'', explica a coordenadora Luana Chucre. Em pouco mais de um ano do projeto, "já houve a destinação correta de um volume expressivo de resíduos, por isso o Câmbio Azul é importante para nós de Curuçá'', acrescenta.

Ângelo Castro, diretor da Guamá Tratamento de Resíduos, destaca a importância social e ambiental da economia da reciclagem. "A economia da reciclagem contribui em duas importantes frentes: na redução do número de resíduos com potencial de reaproveitamento que são descartados no aterro sanitário, garantindo vida mais longa para esses empreendimentos; e também colabora para um modelo econômico sustentável, viabilizando emprego e renda para os profissionais de cooperativas de recicláveis e para as indústrias de reciclagem".

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