Do DNA aos combustíveis, sem o Carbono a vida não é possível

Valéria Nascimento

Do latim carbo (carvão), o carbono é um elemento químico com o símbolo C, número atômico 6 (6 prótons e 6 elétrons) e massa atômica 12. No dia a dia, ele está no lápis e até no diamante, a única diferença é o arranjo molecular dos átomos. O projeto Liberal Mobiliza, do Grupo Liberal, com apoio da Vale e da Guamá Tratamento de Resíduos, ouviu o professor doutor em Agronomia, José Henrique Cattanio, sobre a versatilidade do carbono, conhecido como o elemento da vida, e por isso mesmo, objeto de estudo em vários campos de conhecimento.

“O carbono está presente em todas as formas de vida de organismos pluricelulares, cerca de 20% da massa do corpo humano são constituídos de carbono. Ele existe, por exemplo, na natureza na forma orgânica (matéria de plantas e animais) e inorgânica, como em rochas, solo, gases na água e na atmosfera’’, explica Cattanio, que é professor no Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e orienta mestrandos e doutorandos em pesquisas sobre a captura e armazenamento do carbono em diversos estudos.

O carbono, afirma o professor, pode ser encontrado ligado a outros elementos químicos, formando os mais diversos compostos. “Por exemplo, quando ligado a dois átomos de oxigênio, forma a molécula do gás carbônico (CO2) presente nos ciclos de respiração celular e na fotossíntese das plantas, também é constituinte de outro gás importante, o metano (CH4)’’, explica.

“O carbono está presente na constituição de compostos orgânicos naturais, como o DNA, as proteínas e os biocombustíveis, e de compostos sintéticos (como o nylon, borrachas, plástico e fármacos). Também em combustíveis, como gasolina, diesel, gás natural e carvão. Na indústria siderúrgica pode ser adicionado à liga de ferro para dar maior resistência ao material, como é o exemplo do aço’’, observa o pesquisador. 

AQUECIMENTO

Mas, atenção, assim como se pode afirmar que o carbono é o principal responsável pela vida na forma como a conhecemos, ele também pode ser considerado o grande vilão do aquecimento global, embora a responsabilidade pelo aumento de suas emissões seja, na verdade, dos humanos. 

Não é difícil entender, ensina o pesquisador da UFPA, como o CO2 se tornou o vilão do efeito estufa. Ele explica que o ar é composto praticamente de nitrogênio e oxigênio. O dióxido de carbono representa apenas 1%, mas é uma fração que está crescendo, gerando um grande problema.

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É preciso compreender que o pensamento sustentável não é uma mera tendência. Ao longo das décadas, essa preocupação se tornou uma necessidade urgente para preservar os recursos naturais do planeta e garantir qualidade de vida para a humanidade.

Já sabemos que o carbono existe na natureza na forma orgânica (matéria de plantas e animais). E é por meio da fotossíntese, utilizando água e a energia da luz solar, que as plantas absorvem o CO2 do ar para produzir glicose.

Enquanto plantas e organismos vivos usam diferentes carboidratos para gerar energia para seu próprio metabolismo, a respiração faz o processo inverso, liberando CO2 para a atmosfera. Além da fotossíntese e da respiração, o componente biológico do ciclo do carbono envolve outros processos, como a conversão de espécies enterradas (após a morte) nos chamados combustíveis fósseis, como o petróleo, que, ao ser extraído e usado como combustível, devolve o CO2 à atmosfera.

O ininterrupto processo de industrialização e o aumento da demanda energética têm elevado de sobremaneira o uso de combustíveis fósseis, o que causa o crescimento das taxas de emissão de CO2 para a atmosfera, desequilibrando o ciclo do carbono. Ou seja, muito mais gás carbônico chega à atmosfera do que a quantidade que pode fazer o caminho inverso pelos processos conhecidos.

O desmatamento crescente também contribui para esse desequilíbrio. O excesso de gás carbônico é o principal responsável pelo chamado “efeito estufa”, que aumenta o aquecimento global do planeta, devido ao excesso de CO2 que se acumula na atmosfera e impede que a radiação infravermelha (responsável pelo calor que sentimos quando ficamos sob o Sol) refletida pela superfície da Terra seja dissipada. E tudo isso contribui para as temperaturas cada vez mais altas.

EMISSÃO

Perguntado sobre quais atividades do nosso cotidiano mais emitem carbono, José Henrique Cattanio, que tem experiência na área de recursos florestais e engenharia florestal, com ênfase em ciclos biogeoquímicos, disse que as principais fontes de emissão são as mudanças de uso da terra (44%), a agropecuária (28%), o setor de energia (19%), processos industriais (5%) e resíduos sólidos (4%).

Em 2019, por exemplo, o Brasil lançou para atmosfera 2,18 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e). Uma tonelada de metano (CH4) representa 28 toneladas de CO2e, pois seu efeito na atmosfera é 28 vezes superior ao de uma tonelada de CO2. 

“Como podemos ajudar a diminuir essas emissões? O caminho mais indicado é a redução do uso dos combustíveis fósseis e a drástica diminuição do desmatamento”, explica o pesquisador.

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