Caroço do açaí também funciona como filtro de pureza

Doutor em Ciência e Tecnologia da Madeira pela Universidade Federal de Lavras (UFLAO), de Minas Gerais, o pesquisador Rodrigo Nobre trabalha no Laboratório de Produtos Florestais da Uepa, no campus VI, em Paragominas.

Sobre o processo de transformação do caroço do fruto em parte da composição do carvão ativado, que funciona como filtro de pureza, ele explica que tudo começa com a separação de uma parte do que é coletado dos resíduos para que se defina a umidade do material. Em outra parte é realizada a limpeza (lavagem) para retirada de impurezas e posteriormente os caroços são secos em estufa com temperatura de 103 graus por 24 horas.

Após a secagem, os caroços submersos em soluções químicas durante 12 a 14 horas para o processo de ativação de sua superfície podem ser utilizados como solução de produtos básicos ou ácidos, como exemplo o hidróxido de sódio.

"Em seguida ao período submerso em solução, os caroços são retirados, lavados e secos novamente em estufa. Após a secagem, eles são inseridos em reatores metálicos que serão utilizados nos fornos elétricos para o processo de tratamento térmico em temperatura de 450 graus e alta velocidade de aquecimento, onde será transformado em carvão ativado, com elevada porosidade", conta.

Rodrigo também trabalha com o biochar. Conhecido como carvão biológico, basicamente é a mesma coisa que o carvão vegetal comum, mas com aplicação nos solos para melhorar as propriedades e, consequentemente, aumentar a produtividade de alguns vegetais.

"A ideia do biochar surgiu a partir das 'TPI - Terras Pretas Indígenas', que começaram a ser estudadas por pesquisadores após verificarem que próximos às aldeias existia uma terra preta mais fértil e nutritiva, onde as plantações cresciam e produziam mais. Após esses estudos, as pesquisas evidenciaram que essas TPI eram basicamente restos carbonizados de madeiras, ossos etc. Um material rico em carbono e com alta capacidade de promover melhorias na qualidade do solo e plantios".