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Resíduos Sólidos: Um problema de todos, uma solução para muitos

Fátima Ferreira

Você se preocupa com a destinação do resíduo sólido gerado? Esta é uma questão que me proponho diariamente: "O que me incomoda?". É da natureza humana dar atenção apenas a questões que lhe causam incômodo. Logo, "incomodar-se" ou estar sensível ao que afeta a coletividade reflete o grau de amadurecimento da sociedade.

A geração e ausência de destinação adequada dos resíduos sólidos são problemas em nível local e mundial. No plano normativo, a Lei no 12.305/2010 estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), cujo cerne é o compartilhamento de responsabilidades a todos os integrantes da sociedade pela gestão dos resíduos sólidos: integrantes da cadeia produtiva, o consumidor e o Estado. A coleta seletiva é, então, instrumento de estímulo à adoção de padrões de produção e consumo sustentáveis. Ademais, a PNRS agrega a inclusão social à sustentabilidade, integrando os catadores no processo e reconhecendo sua importância.

Segundo a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), apenas 3% dos materiais vão para a reciclagem por ação dos catadores. Vê-se também que dos resíduos sólidos recolhidos, 30% são materiais recicláveis. Em 2018 foram gerados 79 milhões de toneladas de resíduo sólido urbano, não sendo recolhidas 6,3 milhões de toneladas cuja destinação é desconhecida. Seguindo a proporção acima, 24 milhões de toneladas são resíduos sólidos recicláveis que poderiam enriquecer a cadeia da reciclagem caso adequadamente separados e coletados. Além disso, com base nesses mesmo dados, observa-se que o brasileiro gera, em média, 330g de resíduo sólido reciclável por dia, sendo o plástico o material em maior quantidade nas residências.

image Fátima Ferreira, CEO do aplicativo AWA ONLINE (Arquivo pessoal)

A tecnologia é uma grande aliada atual na resolução de problemas. Após pesquisas sobre como facilitar a oferta dos materiais por parte dos cidadãos – dando-lhes também comodidade – e visibilidade às cooperativas de coletadores de resíduos sólidos, criamos o aplicativo AWA ONLINE na Universidade Federal do Pará. A população chegou a ofertar aproximadamente 10 toneladas de materiais recicláveis, mas a falta de infraestrutura tecnológica para o atendimento das demandas foi decisiva para a não adesão das cooperativas. Concluímos que seria necessário remodelar o AWA ONLINE, que será relançado no segundo semestre de 2020 a fim de que se torne uma importante ferramenta de transformação social e do meio ambiente.

As dificuldades vivenciadas foram necessárias para encontrarmos um novo propósito de engajamento do aplicativo. Para melhorar as condições de trabalho dessas pessoas tão invisibilizadas pela sociedade, iniciaremos um financiamento coletivo a fim de fornecer todos os instrumentos necessários para usarem o aplicativo, melhorando sua renda e condição de vida.

O cuidado com o "lixo" importa um sistema de cooperação. Então, que tal a sociedade assumir o protagonismo dessa causa? Afinal, ou mudamos, ou tudo se repete.


Fátima Ferreira é CEO do aplicativo AWA ONLINE, graduada pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em Engenharia Mecânica, Direito e Tecnologia em Produção Multimídia; pós-graduada em Tecnologias e Inovação Web e acadêmica da UFPA no curso de Sistemas de Informação

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