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O desmatamento e suas consequências

Valéria Nascimento

O Brasil ocupa a 5º posição no ranking dos maiores países do mundo em extensão territorial. Segundo dados do IBGE, apresenta uma área total de 8.510.345,538 Km2, dividida em 5 regiões (Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste, Sul), 26 estados mais Distrito Federal, 568 municípios mais Distrito Federal e Distrito Estadual de Fernando de Noronha e 6 grandes biomas (Caatinga, Cerrado, Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pampa e pantanal).

Devido a grande dimensão territorial brasileira, somada a precarização dos órgãos de fiscalização ambiental e aos interesses econômicos do setor agrícola (principalmente), a tarefa de combater o desmatamento acaba se tornando uma tarefa extremamente difícil e exaustiva.  

A prática de desmatar, também conhecida como desflorestamento é a supressão ou retirada da cobertura vegetal, total ou parcialmente, de uma área desencadeando uma série de consequências como a perda de biodiversidade, degradação de habitats, erosão, alterações climáticas e impactos sociais. Várias são suas causas, com pesos diferentes por região e bioma, com mudanças drásticas no uso da terra com destaque para a expansão da fronteira agrícola – principalmente para plantação de soja e criação de rebanho bovino, exploração madeireira, mineração, grilagem de terras e urbanização.
No Brasil, o processo de desmatamento remete desde colonização brasileira pelos portugueses, há mais de 500 anos, e intensificando-se no século XX.

Devido à facilidade de acesso, a colonização e consequentemente o desmatamento, iniciou-se pelo litoral, com impactos diretos ao bioma Mata Atlântica. Atualmente, resta-se menos de 8% da cobertura original de Mata Atlântica.

Nos dias atuais, os biomas brasileiros estão sendo desmatados em ritmo muito acelerado. De acordo com o primeiro Relatório Anual de Desmatamento no Brasil do MapBiomas, o Brasil perdeu, no ano de 2019, 12.187 Km2 de vegetação nativa. O relatório revelou também que 63% da área desmatada era da Floresta Amazônica e 13% do Cerrado.  Estima-se que cerca de 20 % da Amazônia brasileira já tenha desaparecido.

As derrubadas de florestas geralmente criam um habitat ideal para mosquitos e, à medida que a fragmentação florestal aumenta as populações de animais silvestres, devido a perda de seu território, são forçadas a se aproximar mais umas das outras e das populações humanas, promovendo a disseminação de doenças como malária, zika e doença de Lyme. Uma revisão publicada em 2020 na revista científica Mammal Review intitulada “Emerging zoonotic diseases originating in mammals: a systematic review of effects of anthropogenic land-use change”, examinou como as mudanças no uso da terra – como desmatamento, urbanização e conversão para agricultura – afetam a transmissão de doenças. A revisão evidenciou que as mudanças no uso da terra provocam alterações no comportamento da fauna, contribuindo assim para o surgimento de doenças em seres humanos.

Em 2020, a ONU divulgou, massivamente, a forte relação entre o desmatamento, a perda de biodiversidade, a invasão do homem às áreas de florestas nativas com o desequilíbrio ambiental que, lamentavelmente, abriu espaço para a pandemia que assola a economia mundial (COVID-19), e infelizmente, se não revertermos nosso comportamento em relação ao meio ambiente, novas epidemias virão. 

Alisson Rangel Albuquerque, engenheiro florestal e  professor da Uepa Campus VIII - Marabá.

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