Geração de renda a partir de resíduos sólidos

Soraya Costa

Segundo Lei 12.305/2010, a reciclagem é uma das ações recomendadas para a gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos. Assim, surge um contexto adequado para um mercado baseado na compra e venda de resíduos recicláveis. 

Esse mercado tem uma cadeia produtiva que envolve vários sujeitos, desde a geração dos resíduos até sua reintrodução numa linha de produção industrial. Em cada fase desse processo, há um valor financeiro associado ao material, que pode ser convertido em renda para o trabalhador. 

image Soraya Costa (Arquivo pessoal)

Para se ter uma ideia do potencial de geração de renda com à reciclagem, um relatório publicado pela Abrelpe (2019), indica que em 2018, no Brasil, foram geradas 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos e estima-se que os materiais recicláveis representam 31,9% do total desses resíduos (PNRS, 2012), o que equivale a cerca de 25 milhões de toneladas de materiais recicláveis coletados no período considerado. Mas, a estimativa é que, apenas 3% desses resíduos são encaminhados para a reciclagem. O cenário se repete, quando analisamos o estado do Pará ou a cidade de Belém. 

A cadeia da reciclagem é como uma inversão de uma rede de distribuição para o varejo. Em vez de distribuir produtos através de uma rede até o consumidor, os materiais recicláveis são recolhidos desde o consumidor, seguindo num caminho de agregação de volume até chegar à indústria. E cada material tem seu preço de mercado estabelecido conforme sua disponibilidade, ou seja, quanto maior o volume disponível para ser reciclado, menor seu valor no mercado. 

Segundo o Anuário da Reciclagem 2017/2018, em 2018, a disponibilidade de cada material no volume total nacional coletado foi de papel/papelão (65%), plásticos (16,9%), vidros (10%), metais (6,7%), alumínio (0,6%), o que faz com que papel/papelão sejam materiais com menor valor de mercado. 

Segundo o PNRS (2012), uma composição gravimétrica de resíduos sólidos urbanos típica é plástico (42,3%); papel/papelão/tetrapak (41,1%), alumínio (1,88%), aço/ferro (7,21%), vidro (7,5%). Essa composição é importante pois a qualidade do material também influencia na geração de renda. Por isso, os materiais coletados são triados, acumulados e vendidos conforme o tipo, associando volume e pureza do material para melhorar a renda final. 

Em Belém, cada tonelada de materiais recicláveis numa composição gravimétrica típica (exceto vidro), resultaria em R$ 419,79 (valores aproximados atuais). Porém, quando triados, é possível obter os seguintes valores por tonelada de material: R$ 120,000 (papel), R$ 700,00 (pet), R$ 300,00 (aço/ferro), R$ 2800,00 (lata de alumínio), que são valores mais significativos. 

Microempresas de reciclagem e cooperativas movimentam cerca de 20 ton e 60 ton de material por mês, respectivamente, tal que seu fluxo de caixa pode variar entre R$ 2.400,00 a R$ 42.000,00, mensais, trabalhando apenas com papel e pet. O que nos leva a concluir que com boa gestão, um empreendimento de reciclagem pode proporcionar uma renda satisfatória.

Soraya Costa é empreendedora social, co-fundadora e atual presidente do Instituto Alachaster Empreendimentos Sociais

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