A qualidade de vida na capital paraense depende da ressignificação do uso de nossos rios
No município de Belém são registrados atualmente 14 bacias hidrográficas. Ao longo do desenvolvimento desta metrópole regional, houve a racionalização do uso da água e, consequentemente, de suas peculiaridades hidrográficas, que segundo Ponte (2015), desde o princípio foram alicerçadas principalmente em trocas comerciais, intermediadas pela extensa atividade portuária, norteando a modificação da fisionomia natural desta região costeira ou estuarina.
Atualmente, as águas ainda são racionalizadas de forma reducionista, principalmente como veículo de dejetos, de matéria, mercadorias e pessoas. Essa percepção possui sua origem na forma como a região foi urbanizada, onde a partir do final do séc. XIX e ao longo do séc. XX, podemos citar como exemplo o período de racionalização do traçado e supressão de meandros de leitos de igarapés ou pequenos rios urbanos, acelerando o escoamento e distanciando da paisagem os dejetos produzidos (Sarges, 2002).
Diante desse cenário, observa-se que a urbanização e modificação da paisagem local não agregou a percepção de beleza cênica natural, principalmente quanto ao uso dos recursos hídricos, utilizados apenas dentro de seu potencial técnico.
A importância ambiental dos recursos hídricos em nossa cidade, especialmente nossos rios e afluentes, começa a ser incorporada tardiamente no contexto de desenvolvimento urbano e social. Aliado à isso, há uma extensa carência de conhecimento e condutas nas esferas governamentais nas formas de manejo e gestão de resíduos na capital paraense, cujo comportamento ainda é totalmente imediatista, tendo a água também como via ou disposição final, sem planejamentos que resguardem a qualidade dos rios para futuras gerações, ou seja, viabilizando e ressignificando nossos rios dentro de um contexto sustentável, vencendo sua conotação originalmente técnica.
Alcançar esta interpretação refletirá em diversas esferas como a social, onde a própria população terá o sentimento de pertencimento, como ser integrante e dependente do meio ambiente, além da auto responsabilização como principal modificador dos recursos naturais, conferindo a participação de cidadãos reflexivos e críticos, que também exigirão do poder público o planejamento adequado para um meio ambiente ecologicamente equilibrado, um direito constitucionalmente garantido.
Ressignificar as potencialidades de nossos rios, significa também criar meios e estruturas planejadas que reestabeleçam o contato direto com as águas, como por exemplo, orlas e faixas de praias, que foram suprimidas pela atividade portuária, além esportes aquáticos que também trazem alternativas de turismo ecológico, recreação e qualidade de vida para população, retomando valores de uma capital ribeirinha, contudo, nossos rios necessitam estar saudáveis e com um grande esforço ainda necessário para o uso nossos recursos naturais de forma sustentável.
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