CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Pipas trazem riscos de acidentes graves na rede elétrica

Somente em 2022, a concessionária de energia registrou mais de 7 mil ocorrências de incidentes ligados às pipas

Por Mirella Carvalho, aluna de Jornalismo da Unifesspa, e Tay Marquioro
fonte

Com o início do verão amazônico, as brincadeiras ao ar livre ficam mais frequentes, entre elas, empinar pipa. Mas é necessária uma atenção redobrada para evitar acidentes. É o que alerta a concessionária de energia do Pará. Somente em 2022, a Equatorial Pará registrou mais de 7 mil ocorrências de incidentes ligadas a essa recreação.

Em 2023, de janeiro a maio, a distribuidora de energia já registrou cerca de 1,8 mil reclamações de falta de energia que tinham como causa principal as pipas e as linhas enceradas utilizadas para empiná-las, que ficam presas na rede elétrica.

Os municípios da região sul e sudeste do Pará começaram a apresentar as primeiras ocorrências causadas por pipas no mês de maio. Marabá é a cidade campeã da região nesse tipo de caso, com 27 ocorrências, seguida por Parauapebas, com 8, Tucuruí, com 6, Redenção, com 5, e Xinguara, com 3 casos.

Natália Pirovano, técnica de segurança da Equatorial Pará, ressalta que há inúmeros transtornos que a brincadeira pode causar se for realizada nas proximidade de qualquer tipo de rede elétrica, tanto para quem está empinando pipa quanto para quem não tem nada a ver com a situação. “O principal problema é a interrupção do fornecimento de energia elétrica. As pipas causam o rompimento dos cabos pelas linhas que usam cerol, também conhecida por chilena”, explica.

As pipas ficam enroscadas na rede elétrica e podem provocar curtos-circuitos em dias úmidos. “Na tentativa de resgatar uma pipa enroscada na fiação, também pode ocorrer desligamentos no fornecimento, além de causar acidentes. É que, caso a pipa fique presa em um equipamento da rede elétrica, a pessoa pode tomar um choque de até 13.800 volts”, alerta Natália sobre os riscos de ocorrência de outros tipos de acidente por conta da descarga elétrica, que também aumentam consideravelmente.

A distribuidora de energia recomenda algumas precauções a serem seguidas pela população neste verão:

  • Não solte pipas em canteiros centrais de ruas, avenidas, rodovias ou qualquer lugar onde exista fluxo de veículos;
  • Linhas metálicas não devem ser usadas no lugar da linha comum. Nunca use cerol ou a linha “chilena”, elas são proibidas por lei e causam acidentes;
  • Não utilize papel alumínio na confecção da pipa. É perigoso, pois este material em contato com os fios provoca curtos-circuitos;
  • Caso a pipa enrosque nos fios, é melhor desistir do brinquedo. Tentar recuperá-la representa sério risco, assim como tentar remover a pipa com canos ou bambus;
  • Não solte pipa em tempo nublado, principalmente se tiver com chuva. Ela pode funcionar como para-raios, conduzindo energia;
  • Não é indicado subir nas lajes das casas para empinar pipa, qualquer distração pode causar uma queda;
  • Tenha cuidado com ciclistas e motociclistas, pois as linhas não podem ser vistas e linhas de cerol ou reforçadas podem causar graves acidentes. 

Risco à vida

Os riscos provocados pelas linhas com cerol não causam só danos coletivos, mas podem abreviar a vida de quem encontra com esses materiais pelas ruas das cidades. Apesar de a comercialização e uso da linha chinela ser crime previsto no Código Penal Brasileiro, no artigo 278, com pena de detenção, de um a três anos, e multa, os acidentes são comuns e as maiores vítimas são motociclistas.

O mototaxista Cleilton Lopes ganha a vida transportando pessoas no trânsito de Marabá há mais de 10 anos e, mesmo assim, não se sente seguro ao pilotar. “Eu tenho muito medo, porque não é raro a gente ver acidentes por conta das linhas de pipa com cerol. E o motociclista pilota, de certa forma, muito exposto, não é? Os cortes da linha de pipa são profundos, os acidentes são sérios, quem não morre é só por milagre mesmo”, diz o trabalhador.

Já Elielson Félix, que também trabalha como mototaxista, conta que já perdeu gente conhecida por causa de linhas chilenas presas a postes ou telhados. Em 2019, David Pereira Silva, de 30 anos, foi atingido no pescoço por uma linha encerada, próximo a Folha 16. Ele não resistiu ao ferimento profundo e morreu logo após dar entrada no hospital, em um caso que chocou a cidade. “O David era um cara bom, pai de família. Trabalhava fazendo delivery para uma distribuidora e morreu no serviço”, lamenta Elielson.

Por conta de episódios como o terminou com a morte de David, atualmente, antenas conhecidas como “corta-pipa” são obrigatórias para motos que fazem transporte de passageiros em todo o município. Este é um equipamento obrigatório, exigido pelo Departamento Municipal de Trânsito Urbano. A antena funciona como um bastão retrátil, acoplado à parte dianteira do veículo. Uma vez estendido, ele evita que as linhas cortantes entrem em contato com o tronco e pescoço do motociclista. “A cobrança sobre essa antena é muito severa. Se tiver um mototaxi circulando sem isso, a gente recebe até multa. Mas é por uma questão de segurança”, avalia Elielson.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Marabá
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!