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Filme retrata memórias do povo Aikewara

A Guerrilha do Araguaia, movimento armado ocorrido entre as décadas de 1960 e 1970, é o fio condutor do roteiro

Tay Marquioro
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A Guerrilha do Araguaia, movimento armado que ganhou força entre as décadas de 1960 e 1970, é o fio condutor do documentário Caminhos e Memórias do Povo Aikewara. A produção de 30 minutos de duração marca a estreia da fotógrafa Rayda Lima como diretora e roteirista no mundo do audiovisual.

Natural de Bom Jardim do Maranhão e radicada em Marabá, onde vive desde os sete anos de idade, Rayda já trabalha há cinco anos como fotógrafa e carrega na bagagem uma ampla vivência com povos indígenas do sudeste paraense. “Meu primeiro contato com a cultura indígena foi proporcionado pelo meu trabalho como monitora na Uepa (Universidade do Estado do Pará). Como tinha o curso de Licenciatura Intercultural Indígena, eu me aproximei de estudantes dos povos Gavião e Suruí, ajudando esses indígenas a resolver questões de documentação, informática, já que alguns deles não tinham intimidade com computador e internet na época”, relembra. “Então essa troca foi crescendo, eu fui me identificando mais com a cultura deles, fui vendo a necessidade de estudar sobre eles. Até no meu trabalho como fotógrafa, já fiz muitos registros nas aldeias”.

Sobre as motivações que a levaram a retratar a relação dos indígenas com um capítulo tenso da história do Pará e do Brasil, Rayda explica que na sua jornada por mais conhecimento essa cultura observou que há poucos registros sobre os Aikewara. “Eu não sei se acontece assim com todos os cineastas, mas as minhas ideias sempre partem de algum incômodo, de alguma coisa que me deixa particularmente insatisfeita. Então, minha motivação nasceu do fato das pessoas não saberem como é a vida dos Aikewara, o que veio antes, o passado, a história... muita gente fala muito sobre esse povo, mas poucos sabem o que é real”, avalia.

Os indígenas Aikewara ocupam hoje a área conhecida como Terra Indígena Sororó, às margens da rodovia BR-153. A maior parte do território pertence atualmente ao município de São Geraldo do Araguaia, que fica na divisa do Pará com o Tocantins. Ao todo há sete aldeias na região e a Aldeia Sororó, a maior delas, serviu de locação para a maior parte dos depoimentos registrados no documentário. “Eu não sei se acontece assim com todos os artistas, mas as minhas ideias sempre partem de algum incômodo. Então, minha motivação nasceu do fato das pessoas não saberem como é a vida dos Aikewara, o passado, a história... muitos falam sobre esse povo, mas não se sabe o que é real”, avalia.

A vida dos Aikewara foi duramente influenciada pelos conflitos que permearam a Guerrilha do Araguaia. Além de várias violações de direitos humanos hoje considerados fundamentais, esses indígenas também perderam porções consideráveis de território nos anos de confronto armado e mesmo após esses confrontos. “Você leva a pessoa de volta a um determinado momento do passado. Enquanto eu fazia algumas perguntas, tentando fazer um resgate mesmo, a personagem volta para aquele episódio da guerrilha, de sofrimento, até o semblante dela muda. Eu ficava ‘nossa, estou mexendo com algo muito profundo’”, relata a cineasta.

A produção do documentário foi viabilizada pela Fundação Cultural do Pará, por meio do Prêmio FCP de Incentivo à Arte e à Cultura, e conta com o apoio do Serviço Social do Comério (Sesc) em Marabá. Caminhos e Memórias do Povo Aikewara é uma tentativa de resgatar, a partir da ótica indígena, a percepção sobre o conflito, de guardar para posteridade as vivências dos mais antigos e de desfazer a narrativa distorcida da perspectiva do homem branco sobre esse episódio que mudou para sempre a vida dos Aikewara. “Eu não acho que esse documentário vá mudar as ideias das pessoas, mas se ele servir como ferramenta de estudo para pesquisas futuras ou até para as futuras gerações de indígenas como um registro, eu já ficaria muito satisfeita”, conclui Rayda.

SERVIÇO

Exibição gratuita do documentário “Caminhos e Memórias do Povo Aikewara”

Data: 15 de dezembro de 2023

Hora: 19 horas

Local: Sesc Marabá – Av. Transamazônica, nº 1925, núcleo Cidade Nova

Vagas limitadas. Reserve seu ingresso pelo Sympla.

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Marabá
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