Mais de meio milhão de mudas devolvem vida à área degradada no sudeste paraense

A área, equivalente a cinco mil campos de futebol, ao redor do complexo minerário S11D, em Canaã dos Carajás, foi recuperada com vegetação amazônica

João Thiago Dias
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Mais de meio milhão de mudas deram novamente vida a uma área que estava degradada ao redor do complexo minerário S11D, em Canaã dos Carajás, no sudeste paraense. São fazendas ao longo de cinco mil hectares, equivalente a cinco mil campos de futebol, que voltaram a contar com a vegetação da floresta amazônica. O registro fotográfico da presença de felinos como onça e jaguatirica, animais topo da cadeia alimentar, é umas das evidências de que a biodiversidade retoma a vida na área reflorestada.

A metodologia de plantio, chamada de "Corredores Ecológicos", consiste em formar galerias que unem pontos de florestas antes separados por áreas degradadas, voltando a constituir uma única e extensa área verde. A iniciativa é da Vale, que adquiriu a área, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O trabalho é realizado na região entre os municípios de Parauapebas e Canaã de Carajás.

Segundo a Vale, imagens de satélite comprovam o resultado. A área, antes degradada por pastagens, ação garimpeira ou madeireira, é vista, hoje, recuperada. Do total de 4.860,48 hectares, 80% já está em avançada regeneração natural semelhante ao ambiente de floresta robusta, já produzindo sementes. Outros 20% ainda estão mais jovens e em processo de crescimento em largura e comprimento. O total recuperado é quase o dobro da área empregada para construção do empreendimento S11D (2.745,72 hectares). A área também envolve compensação ambiental da unidade Serra Norte de Carajás e do Salobo.

O reflorestamento inicia com a escolha das sementes ideais até a muda se tornar uma árvore adulta. A seleção leva em conta, entre outros fatores, a capacidade de regeneração, a declividade do terreno e o uso de plantas típicas, raras e de interesse para a conservação como a Castanheira e o Axixá. O programa também associa técnicas como a formação de ambientes, que reproduzem habitats animais, para atração de fauna dispersora de sementes, o que favorece o retorno mais rápido da vegetação.

Monitoramento

A ação é acompanhada por estudos de monitoramento. Para o registro dos animais, câmeras noturnas são instaladas em árvores, geralmente próxima a rios, alguma trilha ou árvore frutífera, o que potencializa as chances de registro. Por meio do monitoramento realizado na área, nos últimos dois anos, foram 678 registros de mamíferos silvestres de médio e grande porte.

image Registro de jaguatirica, animal topo da cadeia alimentar, uma das evidências que indicam o retorno da biodiversidade (Divulgação)

 

 



De acordo com o engenheiro florestal Mario Luis Oliveira, a presença de animais de diferentes níveis da cadeia alimentar é um indicativo de que esses locais já estão cumprindo serviços ecossistêmicos importantes, como a dispersão de sementes, a fertilização do solo por meio das fezes e o controle de herbívoros. "Ao mesmo tempo, também, a consolidação dessas áreas formam um corredor verde e ampliam as áreas de reserva florestal no entorno da Floresta Nacional de Carajás", pontuou.

Corredores favorecem o combate ao efeito estufa

A recuperação de áreas do programa Corredores Ecológicos contribui para reduzir os efeitos dos gases do efeito estufa, mantendo a floresta em pé e fazendo girar o ciclo da vida, conforme apontou a Vale. As árvores retiram gás carbônico da atmosfera (um dos gases poluentes), esse carbono é um dos nutrientes essenciais para a árvore crescer. Com a transpiração das árvores, ela transforma esse carbono em oxigênio e em umidade que favorece as chuvas e abastecem os rios.

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