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Pará lidera ranking de exportação de pescado; atividade gerou mais de 71 milhões de dólares em 2020

Produção paraense já representa 27,5% do total do Brasil. No ranking, o Pará é seguido por Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Norte

Cleo Soares e Daleth Oliveira / O Liberal

Na Amazônia brasileira estão alguns dos maiores rios do planeta. Gigantes como o rio Amazonas, com 6,4 mil quilômetros de extensão; e o Rio Negro, com 2,2 mil quilômetros, entre outros que alimentam uma poderosa cadeia alimentar. Uma delas – a dos peixes – é uma das maiores riquezas nutricionais e econômicas – fonte de renda para milhares de trabalhadores. Além do Amazonas e sua grande foz, na costa amazônica do oceano Atlântico, destacam-se em extensão e volume de águas os rios Tapajós, Tocantins e Xingu, cursos de água que são os maiores do Estado do Pará, que recentemente assumiu a liderança no ranking brasileiro da exportação de pescado.

Ouça o comentário desta reportagem em inglês:

Com cerca de 128 empresas atuando no Pará, em 2020 as exportações de peixe do Estado representaram 27,5% do total exportado pelo Brasil, percentual que trouxe para a região Norte a posição de liderança que era do Nordeste. Em valores, esse percentual representou a cifra de US$ 71,52 milhões em exportações no ano passado. E elas também se mantiveram em alta no primeiro semestre de 2021, com US$ 27,09 milhões somados - uma participação de 24,4% no mercado nacional, e que ainda mantém a primeira colocação do Pará no ranking dos estados, segundo números registrados no balanço de exportações consolidado pelo governo brasileiro, na Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

No detalhamento do Comex Stat, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro do governo federal do Brasil, o Pará liderou a exportação de peixes, seguido por Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Norte, no ano passado e no primeiro semestre deste ano - sendo responsável por 82,6% dos produtos com outros cortes e por 20,9% dos cortes de filé, onde o Pará também tem a liderança, seguido pelo Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Pará também se destacou na produção de crustáceos e moluscos, sendo o terceiro estado brasileiro que mais exportou, ficando atrás apenas do Ceará e da Bahia. Nessa produção, o Pará já faturou US$ 1,79 milhões só de janeiro a junho de 2021, enquanto em 2020, obteve US$ 3,042 milhões. De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), 53% das vendas do ano passado foram de lagostas e 46% de camarões congelados. Já nestes seis primeiros meses, 90,84% foram de camarões e apenas 8,80% de lagostas.

"O Pará tem uma produção predominantemente de peixes nativos, principalmente de tambaqui" - Francisco Medeiros, Presidente Executivo da Peixe BR.

Para se ter uma dimensão do peso dessas riquezas geradas pelas águas, vale ressaltar que, em 2020, as exportações de todo o setor de agronegócios do Pará movimentaram US$ 1,94 bilhões (com incremento de 15,74% em relação a 2019, e uma alta de 14,84% com relação à última década, tendo como base o ano de 2010, que registrou US$ 1,69 bilhões em negócios), e representaram um volume de 3,26 bilhões de toneladas (com ganho de volume superior 150%, ao se comparar o montante em toneladas registrado em 2010), apontam os dados da Sedap.

Nesse contexto, em 2020, o valor de exportação de todos os produtos do pescado registrou US$ 71,52 milhões (uma leve redução de 1,43% em relação ao ano anterior, mas um incremento de 90,76%, quando comparado ao valor registrado no ano de 2010). Em 2020, o volume de produtos de pescado do Pará enviado para fora do Brasil foi de 9,75 mil toneladas (um incremento de 16,63% em relação ao ano anterior, e um aumento de 67,34% quando comparado ao valor registrado no ano de 2010, diz ainda a Sedap em seu balanço da década).

Peculiaridades no mercado interno e metas de avanço

Sobre esse salto do Pará nas exportações, a Associação Nacional de Piscicultura (Peixe BR) aponta, em seu Anuário 2021, uma peculiaridade: o estado ainda precisa importar peixes de criadouros para abastecer o mercado interno. “O Pará tem um dos maiores consumos per capita de pescado do Brasil, e parte desse consumo é composta por produtos da piscicultura. Porém, o estado continua dependente da aquisição de peixes de cultivo de Mato Grosso, Rondônia, Maranhão e Tocantins para abastecimento de seu mercado interno. E contribui para o fomento da atividade nesses estados”, avalia a publicação da entidade.

image (Sidney Oliveira / O Liberal)

Entre os peixes de cultivo, o Pará produziu 25.400 toneladas em 2020, sendo as espécies nativas as mais produzidas (24.900 toneladas), além da tilápia (400 toneladas), considerada exótica, mas também com grande representatividade nessa produção. Segundo a Peixe BR, o Estado possui potencial, mas ainda precisa de incremento em políticas públicas ambientais que viabilizem a atividade.

“O Pará tem uma produção predominantemente de peixes nativos, principalmente de tambaqui, e uma taxa de crescimento inferior à média nacional, o que o leva a comprar tambaqui em outros estados”, avalia Francisco Medeiros, Presidente Executivo da Peixe BR.

Apoliano Nascimento, presidente do Sindicato das Indústrias de Pesca, da Aquicultura e das Empresas Armadoras e Produtoras, Proprietárias de Embarcações de Pesca do Estado do Pará (Sinpesca), concorda que o protagonismo do Pará na economia do pescado é muito positiva para o setor, mas ainda precisa crescer. “Essa alta gera renda, emprego e atrai mais investimentos para toda a cadeia da pesca. Mas o Pará é muito rico em espécies de peixes e temos muitas águas disponíveis para aumentar a produção e, consequentemente, a venda”.

"O peixe é mais que alimento. Ele é ferramenta para mudar o social, econômico e ambiental" - Apoliano Nascimento, presidente do Sinpesca.

Mas, para isso, o titular do Sinpesca diz ser imprescindível que o Estado direcione políticas públicas para ordenamento eficaz. Isto é, entender que cada espécie é produzida e capturada de uma forma diferente e, por isso, são necessárias regulamentações específicas, além da responsabilidade social e ambiental. “O peixe é mais que alimento. Ele é ferramenta para mudar o social, econômico e ambiental. Portanto, a atividade da pesca precisa ser feita de forma consciente, olhando para todas essas frentes”.

Investimentos em terminais pesqueiros

O presidente da República, Jair Bolsonaro, incluiu o Terminal Pesqueiro Público de Belém no Programa Nacional de Desestatização (PND). A medida foi publicada em decreto no Diário Oficial da União no último dia 6 de julho. Além de Belém, o decreto inclui sete terminais pesqueiros públicos no programa nacional de desestatização: Aracaju (SE); Cananeia (SP); os de Manaus e do Amazonas (ambos no AM); e ainda os de Natal (RN); Santos (SP) e Vitória (ES). O montante de dinheiro a ser aplicado na aquisição e melhorias dos terminais será de R$ 71 milhões.

Em Belém, a previsão é que 18.773 toneladas de pescados sejam descarregadas anualmente, após a inauguração na capital, aponta estudo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A construção do Terminal Pesqueiro de Belém deve gerar 58 empregos diretos e cerca de 600 indiretos, para atendimento da pesca artesanal e industrial, beneficiando principalmente os atacadistas de peixe, os peixeiros, geleiros, comerciantes locais, entre outros, diz o levantamento. O terminal será construído na rodovia Arthur Bernardes, área de fácil acesso à BR-316, principal rota de escoamento da produção.

image (Sidney Oliveira / O Liberal)

Pará puxou alta da exportação nacional de pescado

O salto do Pará na liderança das exportações de pescado teve reflexos no mercado da aquicultura brasileira, que fechou os seis primeiros meses de 2021 com aumento de 35%, na comparação com o mesmo período de 2020, totalizando US$ 7,2 milhões em vendas para o mercado estrangeiro. Segundo dados do Ministério da Economia, o crescimento foi puxado principalmente pelas vendas do segundo trimestre de 2021, que totalizaram US$ 3,9 milhões - desempenho 22% maior que o do trimestre anterior, e de 83% a mais na comparação com o segundo trimestre de 2020.

Os pescados mais exportados pelo Brasil em 2020 foram os classificados como outras lagostas congeladas, com US$ 57,67 milhões (22,2%); outros peixes congelados, exceto filés, com US$ 32,29 milhões (12,4%); pargo congelado, com US$ 29,18 milhões (11,2%); cabeças, caudas e bexigas natatórias de peixes, com US$ 23,41 milhões (9,0%); e lagostas inteiras congeladas, com US$ 16,16 milhões (6,2%).

image (Sidney Oliveira / O Liberal)

Os três principais compradores dos peixes vendidos pelo Brasil em 2021 são os Estados Unidos, a China e o Chile. Apesar dos resultados ascendentes, o déficit da balança comercial da piscicultura brasileira foi de US$ 169 milhões no segundo trimestre de 2021 - 13% a mais que o déficit do primeiro trimestre do ano, influenciado pelo aumento das importações, que atingiram US$ 173 milhões no segundo trimestre de 2021.

O motivo tem nome e sobrenome: Salmo salar, espécie popularmente conhecida como salmão. Sucesso nos restaurantes de comida japonesa, o peixe foi responsável por US$ 161 milhões do total importado pelo Brasil no período, ou seja, 93% do total. Coincidentemente, a maior parte do salmão consumido pelos brasileiros vem do Chile, que é o terceiro principal comprador de peixes brasileiros.

Criar peixes é fundamental para o futuro do pescado na Amazônia

A produção de peixes na Amazônia “não pode depender apenas da boa vontade da maré”, diz, taxativo, o agrônomo e doutor em economia agrícola Alfredo Homma, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. O motivo disso, diz Homma, é que sob o ponto de vista econômico o mercado da pesca na região não deve depender da reprodução natural das várias espécies de peixes nativos, que hoje garantem a pesca destinada à exportação. Para garantir um volume de exportações que gere renda e retorno para a economia, diz ele, a Amazônia precisa fazer uma revolução na piscicultura.

image (Sidney Oliveira / O Liberal)

Isso significa investir em criação de peixes nativos em cativeiro. Sem esse reforço na criação, a produção ficará sempre à mercê da maré - e até da ameaça de extinção de algumas espécies, como o pirarucu, que embora seja nativo da Amazônia, não é facilmente reproduzido em cativeiro, já que é carnívoro e necessita formar casal permanente, entre outras dificuldades que não são apresentadas por espécies como a pescada gó, o tambaqui e o tucunaré, entre outros.

O pesquisador garante que fomentar essa produção por meio da criação em cativeiro é totalmente viável. Ele cita o exemplo do estado de Rondônia, que se tornou líder no Brasil na produção de peixes nativos oriundos da criação em cativeiro, com 65 mil toneladas por ano. O segundo lugar nesse posto é ocupado pelo Mato Grosso, com 42 mil toneladas. Em terceiro está o Maranhão, com 40,8 mil toneladas. O Pará aparece na quarta posição no ranking, com 24,9 mil toneladas por ano. O quinto lugar também é em território amazônico, com o estado do Amazonas, que produz a média de 21,5 mil toneladas ao ano.

Na avaliação de Homma, justamente os estados mais distantes do mar, como Rondônia e Mato Grosso, estão na liderança da criação de peixes nativos. E isso se deve a políticas importantes que devem ser ampliadas para toda a Amazônia - em lugar do que, para o pesquisador, é um repetido discurso, de “riqueza pela biodiversidade”. 

"Não adianta se pensar que dá para transformar um pescador em um criador de peixe. Os fomentos devem ser diferentes, mas ambos precisam existir" - Alfredo Homma, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

“Esse discurso de que biodiversidade e recursos naturais se refletem em desenvolvimento econômico é uma grande falácia. E é urgente a necessidade de mudar esse pensamento e investir em produção. Claro que essa produção pode e deve utilizar os recursos naturais dos rios, que são abundantes na região, mas não dá para esperar que a natureza se responsabilize por produzir as riquezas em larga escala”, ressalta Alfredo Homma.

O especialista afirma ainda que as políticas públicas de incentivo à produção de pescado precisam ser diferentes para os criadores e para os trabalhadores da pesca artesanal. “Não adianta se pensar que dá para transformar um pescador em um criador de peixe. Os fomentos devem ser diferentes, mas ambos precisam existir”, ressalta o pesquisador da Embrapa, lembrando que o cenário amazônico também é propício a investimentos em mais estudos e pesquisas. “O Pará, por exemplo, já deveria ter um centro avançado de piscicultura. Hoje temos na Embrapa e outras instituições alguns estudos, mas é fundamental um investimento robusto em estudo e tecnologias para alavancar a produção do pescado na Amazônia”.

Indústria da pesca movimenta uma grande cadeia produtiva

Uma vida dividida entre dez dias em terra e cerca de 20 dias em alto mar. É assim a rotina dos trabalhadores da cadeia do pescado, para que se possa atingir uma meta industrial produtiva. As embarcações levam grupos de pescadores, formados em média por oito profissionais: o comandante do barco, dois ajudantes, um motorista, pescadores com habilidade nas redes de pesca, e um geleiro profissional. Somente se, como eles mesmos dizem, “o mar estiver para peixe”, a tropa volta para o porto localizado na rodovia Arthur Bernardes, na capital paraense, em menos de 20 dias.

image (Sidney Oliveira / O Liberal)

Em terra, o principal ponto de venda do pescado no varejo de Belém é o mercado Ver-o-Peso. É a maior feira aberta da América Latina - e onde alguns trabalhadores passam boa parte da vida. João Oliveira Filho é um bom exemplo. Dos seus 63 anos, 42 já são dedicados ao trabalho no mercado, recebendo peixes de várias regiões do Pará. “A gente recebe peixe de companhias de pesca em alto mar, normalmente dos municípios de Bragança, Augusto Corrêa e outros da Região do Salgado [no nordeste do Pará], mas a gente sabe que a produção pode melhorar muito”, acredita o comerciante.

O balanceiro Flávio Ferreira, de 44 anos, está há 20 anos no Ver-o-Peso. Todo dia chega ao batente às 23 horas, e só sai às 7h da manhã. Os peixes que ele mais pesa – os mais vendidos – são gó e dourada. Mas ele também acredita que a produção pode melhorar. “Esse período de desova da gó é bom. Nos demais o peixe fica mais escasso, mas a gente tá otimista com o aumento da venda nos últimos meses”, anima-se ele, que trabalha em família, com a esposa e os dois filhos.

"Nós saímos de Belém às 5h da manhã de um dia e às 1h do dia seguinte já começamos a pescaria. Com sardinha como isca nos anzóis, pescamos em média 200 quilos por dia" - Marciano Rocha, pescador.

Marcos Figueiredo, de 47 anos, é dono de barco há 20 anos e hoje atua nas duas pontas da cadeia: manda o barco para o mar, com uma equipe, e fica no Ver-o-Peso, trabalhando na comercialização. “Em cada viagem, pescamos em média 15 toneladas e retornamos. Com isso a gente consegue manter uma boa venda”, avalia.

Figueiredo trabalha próximo a Thyago Pimenta, cortador de filé de peixes que já tem 70% da sua venda sob encomenda para os restaurantes de Belém. “Corto filé de dourada e pescada amarela. A maior parte vendida em grandes quantidades, que caíram na pandemia. Mas agora as vendas já estão voltando, e esperamos que cresçam ainda mais”, afirma, otimista.

Mais de 100 empresas atuam no mercado da pesca em Belém

Em Belém, apenas uma das mais de 100 empresas do setor de pesca do Pará, exporta cerca de 40 toneladas de peixes por semana. E, em 2020, chegou a enviar para o exterior 1,9 mil toneladas, além de abastecer o mercado brasileiro com 340 toneladas. Os peixes mais vendidos hoje pela linha industrial instalada no bairro do Tapanã são os pargos (peixes vermelhos), a gurijuba, a pescada amarela, a pescada branca, a pescada de gó e a sarda.

image (Sidney Oliveira / O Liberal)

Do oceano Atlântico até o exterior, o caminho é longo e passa pela mão de vários trabalhadores da cadeia produtiva. Entre eles estão os geleiros, profissionais responsáveis por tratar e conservar o peixe na embarcação, desde que ele cai na isca dos pescadores até o desembarque na indústria. Marciano Rocha é um desses trabalhadores. “Nós saímos de Belém às 5h da manhã de um dia e às 1h do dia seguinte já começamos a pescaria. Com sardinha como isca nos anzóis, pescamos em média 200 quilos por dia”, conta.

Na quarta-feira (4), a embarcação em que Marciano estava trabalhando voltou com mais de sete toneladas de peixe, após a tripulação passar 23 dias a bordo. “Quando os pescadores pegam os peixes, eu e os ajudantes já corremos para tratar, gelar e armazená-los na urna”, explica. Cearense de nascimento e paraense de coração, ele trabalha no ramo do pescado desde os 14 anos. Começou como pescador, antes de se tornar geleiro de embarcações. Para ele, o protagonismo do Pará na exportação é bom para toda a cadeia produtiva. “A gente vive disso e se alegra com a notícia. Com as vendas em alta, eu e todos meus colegas ganhamos, do pescador mais simples até a indústria”, explica.

Após o desembarque, o pescado começa a ser processado na fábrica, o segundo passo até a exportação. “Inicialmente, fazemos a classificação comercial por espécie, tamanho e peso, além da análise sensorial, para separar o que pode ser enviado para o exterior ou mercado interno, pois cada um tem seus requisitos. Lavagem e descamação também são parte do processo para adequar o produto dentro dos padrões de qualidade”, explica a engenheira de pesca Rebeca Pereira.

"É necessário investirmos em mão-de-obra qualificada para continuar crescendo" - Mirian Carvalho, gerente geral da empresa.

O supervisor da produção, Antônio Nascimento, conta que o mercado do exterior é muito exigente, elevando o nível da qualidade necessária para que o produto seja bem aceito lá fora. “Após toda essa fase de preparação, tiramos todas as vísceras do peixe e o classificamos novamente, para finalmente congelar e armazenar, último passo antes da embalagem para a exportação. Tudo isso é feito com muito cuidado. Para exportar, o peixe tem que ser perfeito, sem rasgadura nenhuma”, detalha.

Mirian Carvalho, gerente geral da empresa, avalia que, apesar da boa atuação paraense no mercado internacional de pesca, o cenário pode ser ainda melhor. “É necessário investirmos em mão-de-obra qualificada para continuar crescendo. Essa ainda é uma dificuldade da indústria: encontrar pescadores e ajudantes que cuidem bem do pescado durante o período de pescaria, além dos demais trabalhadores profissionalizados para atuarem no processamento”.

Rebeca concorda que o desafio atual da indústria é o melhoramento da matéria-prima e consequentemente, da mão-de-obra. “Em dezembro deste ano vai entrar em vigor a portaria 310, que obriga as embarcações fornecedoras de pescado às indústrias a ter um certificado de boas práticas de manipulação a bordo. Isso já vai ajudar que essas companhias de pesca tenham mais qualidade”, complementa Rebeca, referindo-se à Portaria nº 310, da Secretaria de Aquicultura e Pesca, que começa a valer a partir do dia 29 de dezembro de 2021.

Após esta data, somente embarcações pesqueiras certificadas e integrantes de lista oficial poderão fornecer matéria-prima para os estabelecimentos sob serviço oficial de inspeção. Entre as normas a serem seguidas, estão a proibição da presença de animais considerados como pragas, animais domésticos e quaisquer outros alheios ao processo nas embarcações pesqueiras de produção primária - além da exigência de que os barcos sejam estruturados e mantidos em condições higiênico-sanitárias, para evitar contaminação da matéria-prima.

image (Tarso Sarraf / O Liberal)

Os principais compradores do empreendimento belenense são Estados Unidos, China, Canadá e Colômbia. Já no mercado interno, os estados que mais compram pescados e mariscos da fábrica instalada em Belém são exatamente São Paulo, Minas Gerais e Manaus. A empresa também abastece supermercados de Belém. 

Os países europeus são potenciais compradores. Entretanto, não compram do Brasil desde 2018, quando o Mapa suspendeu, temporariamente, a exportação de pescado para a União Europeia. A medida preventiva foi acompanhada de um plano de ação, para responder aos questionamentos apresentados depois da missão de auditoria dos europeus em solo brasileiro, ocorrida em setembro de 2017.

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