CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Monte Alegre: beleza, história e mistérios da Amazônia

Parque Estadual da cidade remonta a presença milenar de povos habitantes na região

Ândria Almeida, de Santarém

O Parque Estadual de Monte Alegre (Pema) é um museu a céu aberto, onde é possível encontrar pinturas rupestres, trilhas e belezas naturais fascinantes. Situada no oeste do Pará, a região abriga alguns dos mais antigos registros da ocupação humana das Américas. Com fortes atrativos turísticos, a área reúne 5.800 hectares de pura história milenar, com 30 sítios arqueológicos catalogados. Desses, nove estão abertos ao público: o acesso ao Pema é feito por carro traçado e motos. Os visitantes sempre são acompanhados por um guia.

 

[VÍDEO]

 

Nos sítios arqueológicos existem pinturas que os especialistas estimam que datem de 12 mil anos – um fato que envolve muitos mistérios, curiosidades e estudos sobre os povos que já habitavam a região, muito antes da chegada oficial dos portugueses ao Brasil, no ano de 1500. Para o professor Arenildo Silva, mestre em Antropologia e Arqueologia, as pinturas rupestres encontradas no Pema remontam o passado humano na Amazônia, mas são marcas que se tornaram um enigma que desafia a ciência arqueológica. Ainda se tenta desvendar os significados dos registros deixados nas pedras.

Arenildo Silva explica que, quando os europeus chegaram ao Pará, fizeram o registro de algumas etnias que viviam naquele momento em Monte Alegre, como os Gurupatuba, Carabocas, Bubuizes, Mariaus e Serranos. No entanto, os próprios povos que residiam na região já não sabiam o significado das pinturas. “Eram pré-históricas. Uma pesquisa da arqueóloga americana Anna Roosevelt apontou que a camada mais profunda, onde foram encontrados restos de pintura, datam de aproximadamente 12 mil anos”, pontua o especialista.

Como chegar ao Pema

Para quem está em Santarém, município localizado no oeste paraense, e pretende visitar o parque, é necessário pegar uma embarcação com saída da cidade. A viagem dura cerca de 1h20 e o preço da passagem varia entre R$ 13 (balsa) e R$ 30 (lancha). Nesta primeira etapa, a embarcação conduz o turista até a comunidade Santana do Tapará, que ainda faz parte do município de Santarém.

“É um ponto de partida para a gente saber como é que viviam esses povos que habitavam aqui. E é difícil você demarcar quais eram os povos que estavam aqui” - Arenildo Silva, mestre em Antropologia e Arqueologia.

Na sequência, é preciso mais uma hora de estrada pela PA-255 até a cidade de Monte Alegre. O trecho pode ser feito por vans de lotação que ficam à espera de passageiros nos horários de chegada das lanchas e balsas. A viagem custa R$ 35 para ficar na porta do local de hospedagem. A estrada é boa, no entanto, a vicinal que dá acesso ao parque tem muitos buracos e vários pontos de alagamentos.

Diferentes povos ocuparam a região

O professor lembra que o estudo da pesquisadora norte-americana, baseado nas escavações, já apontou que o local foi ocupado por vários grupos. “Provavelmente, as primeiras pinturas foram feitas por um povo. Os achados nas escavações apontam que a região ficou um bom tempo sem ser habitada, sendo posteriormente ocupada por outro povo, que também deixou parte de sua história retratada nos painéis das rochas”, explica Silva.

(Ândria Almeida / O Liberal)

Para afirmar isso, as escavações se basearam na variação de tonalidades das pinturas, técnica que, segundo Arenildo Silva, todas as civilizações que habitaram o local tinham familiaridade. Os estudos mostram que essas práticas têm certa sinergia com a cultura dos povos indígenas da Amazônia, pois eles também fizeram pinturas em cuias, por exemplo.

Serra da Lua é um dos sítios mais procurados

(Ândria Almeida / O Liberal)

O Parque Estadual de Monte Alegre (Pema) recebe, em média, 400 visitantes por mês, de acordo com a gerência do local. O geógrafo e guia do Pema, Mazinho da Silva, conta que área da Serra da Lua é um dos pontos principais. As pinturas rupestres encontradas no sítio arqueológico estão distribuídas em 350 metros e 41 painéis. O local recebeu esse nome por conta das várias figuras em formas circulares pintadas na área.

Para ter acesso ao sítio Serra da Lua, é preciso subir 150 metros por uma trilha de rochas – a subida tem a retaguarda de um corrimão que ajuda os trilheiros na viagem. A caminhada pode ser feita com até 10 pessoas e dura cerca de 20 minutos, dependendo do sol e do condicionamento físico do visitante.

Veja o mapa da Serra da Lua:

Para aguentar a subida, o ideal é usar roupas leves, como legging e blusas com proteção solar, além de chapéu, e fazer uma alimentação leve e nutritiva antes da caminhada. Aos que não se preparam para a aventura, o centro comercial da cidade tem opções para compra, com variedade de preço e tamanho. Outra dica importante para realizar a expedição é levar sempre uma garrafa de água para se hidratar e lanches leves, porque o local não dispõe desses dois itens essenciais.

Casa rochosa de Deus e seu clima agradável

(Ândria Almeida / O Liberal)

A gruta Itatupaoca é outro ponto de visitação que chama atenção dos turistas. O nome faz referência a um termo que, em tupi-guarani, significa ‘casa rochosa de Deus ou igreja de pedra’. O local é um dos maiores do parque, localizado na encosta sul da Serra do Ererê, a aproximadamente 120 metros de altitude.

Ao chegar na gruta, o clima muda, ficando extremamente agradável. Isso porque o teto da caverna fica respingando água da chuva que se acumula durante o inverno. Na área externa, algumas pinturas de três cores diferentes podem ser vistas com maior clareza no período do verão, pois a umidade acaba deixando as cores quase imperceptíveis.

Pilão: natureza esculpida pela natureza

(Ândria Almeida / O Liberal)

A 175 metros de altitude do Rio Amazonas, a Pedra do Pilão possui um mirante de vista panorâmica de tirar o fôlego, sendo um monumento natural esculpido pela natureza. O espaço se tornou o mais visitado do Pema, sendo o símbolo do município de Monte Alegre. Mazinho da Silva explica que, por ser o ponto mais procurado, a Pedra do Pilão já sofreu algumas avarias nas pinturas.

Saindo da Pedra do Pilão e avançando um pouco mais na trilha, é possível chegar ao Painel do Pilão, que segundo o guia, é o local com mais pinturas agrupadas em todo o parque. O percurso desse ponto é feito por uma trilha floresta adentro, todo protegido pelas sombras das árvores. No Painel, as figuras desenhadas ao longo do paredão de rocha aumentam os mistérios sobre os significados. Uma delas lembra um calendário, outra é completamente enigmática, mostrando raios e uma figura que tem expressão, mas não tem corpo.

Veja o mapa da Pedra do Pilão:

A dica para esse passeio é caminhar com calma para não cansar. Na trilha, é possível apreciar rochas, algumas um pouco distantes umas das outras, e, em certos trechos, é necessário quase escalar para conseguir cumprir o percurso. Cavernas e abrigos também fazem parte do caminho, onde é possível se sentar e descansar por alguns minutos. Muitas delas, segundo os especialistas, foram habitadas por centenas de anos.

Entrada no parque apenas com guia

Para realizar o passeio no Pema, é obrigatório ter um guia. A contratação custa R$ 30 por ponto turístico visitado – o valor não inclui o transporte até o parque. Existem duas opções de veículos de locomoção dentro do Pema: carro traçado ou motocicleta.

O Parque Estadual de Monte Alegre (Pema) é uma Unidade de Conservação do Estado do Pará, gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio).

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Liberal Amazon Antigo
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!