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Fotógrafos criam financiamento coletivo para lançar fotolivro sobre a área portuária do Ver-O-Peso

“Beirada” é resultado de um trabalho de cinco anos de Rafael da Luz e Yan Belém

Yan Belém e Rafael da Luz
fonte

Foi identificação à primeira vista. O fotógrafo e pedagogo Rafael da Luz participava de uma oficina de fotografia, em meados de 2015, mediada pelo fotógrafo Yan Belém, no Museu da UFPA e o convite para fotografar o Ver-O-Peso surgiu depois de um papo com reconhecimento de interesses em comum. “Foi a primeira vez que eu fui ao Ver-O-Peso tendo uma outra visão, um outro olhar sobre aquela realidade”, afirma Rafael. “Fomos construindo uma amizade e, ao mesmo tempo, desenvolvendo um trabalho. Íamos para o Ver-O-Peso quase todo sábado para conhecer pessoas, ouvindo suas experiências e a ideia do Beirada nasceu, como uma reunião de vivências coletivas”, complementa.

Yan já registrava o cotidiano da feira do açaí desde 2013. Com algum material produzido, mas sem ter uma ideia muito clara do que fazer com aquilo, procurou a fotógrafa Paula Sampaio, coordenadora do Núcleo de Fotografia do SESC Ver-O-Peso. “Ela me orientou que lá [no SESC] eles ofereciam um programa gratuito de atendimento e orientações para projetos fotográficos. Comecei a intensificar as fotografias no Ver-O-Peso e foi quando conheci o Rafa e passamos a documentar juntos”, explica. “Foi muito diferente das experiências que tínhamos. Era diferente de tudo que falavam para a gente, dos estereótipos de ser um local perigoso e compreendemos que o Ver-O-Peso não é uma coisa só; são muitas coisas: o Ver-O-Peso é um organismo enorme!”, sintetiza.

Como ambos eram orientados pela experiente e premiada Paula Sampaio, foi natural que a convidassem para editar o livro. Chegar à ideia do fotolivro foi uma maneira de explorar as inúmeras possibilidades que o formato oferecia. “É possível compreender o livro como uma obra, uma peça, como um objeto. Como objeto, ele pode ser visto como as pessoas quiserem; pode ser desfigurado, desmontado, usado como pôster e queremos entregar os livros para eles [os trabalhadores] e será lançado lá, no Ver-O-Peso. O formato de fotolivro propicia uma impressão diferenciada”, explica Yan.

Além de fotos, histórias
Os autores contam que o maior patrimônio foi o relacionamento construído com aquelas pessoas. Uma das histórias, frisa Rafael, chamou-lhe muito a atenção, em função dos estereótipos. “Um senhor que trabalha há 60 anos na feira, precisou sacar dinheiro de urgência para a filha e correu na lotérica. Ao chegar lá, foi humilhado e destratado por conta da aparência humilde e porque estava suado, depois de uma madrugada de trabalho. Depois de reclamar, o gerente apareceu e contornou, mas o senhor me disse que isso é muito comum, infelizmente”. Rafael estabeleceu diálogos, para que não fosse compreendido como um ‘caçador de imagens’ ou ‘daqueles profissionais que vão lá, registram e vendem na internet”, pontua.

image Cotidiano do Ver-o-Peso estará presente (Rafael da Luz)

 

Sobre o projeto de financiamento 
A intenção dos idealizadores do Beirada é que, por meio do financiamento coletivo, o projeto consiga envolver muitas pessoas e seja em um processo de colaboração múltipla. Distribuir o fotolivro de forma gratuita entre os trabalhadores do Complexo Ver-o-Peso é um dos objetivos da campanha. “Pensamos que é uma forma de retornar a eles um pouco daquilo que recebemos, e também por ser uma maneira simbólica de demonstrar nosso respeito como fotógrafos em relação à pessoa humana, possibilitando diálogos e questionamentos aos próprios trabalhadores, como eles enxergam ou entendem seu ambiente de trabalho e a importância de suas vivências na zona portuária do Ver-o-Peso como um documento histórico”, explicam os fotógrafos. A campanha de financiamento oferece recompensas a quem colaborar com o projeto. Dependendo do valor da contribuição, os colaboradores podem receber exemplares autografados do fotolivro, fotos impressas, canecas e oficinas da técnica câmera obscura para até dez pessoas, com todos os materiais inclusos, em Belém ou na cidade de Fortaleza. O projeto foi pensado em uma perspectiva expandida, livre de encadernações, de modo a viabilizar uma publicação de baixo custo, trazendo as imagens em formato de blocos que podem ser utilizados como pôsteres. 

Para colaborar com o projeto, basta acessar o site e escolher a recompensa e o valor do apoio. É possível contribuir com a campanha de financiamento até a próxima sexta-feira, 07 de junho.

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