Menos passageiros, mais congestionamentos: o desafio da mobilidade em Belém e no Brasil
Na capital paraense, o trânsito está saturado

Nos últimos dez anos, o transporte coletivo brasileiro tem enfrentado uma queda alarmante no número de usuários, um fenômeno que vem impactando diretamente a mobilidade urbana e a qualidade de vida nas cidades. Em Belém, essa realidade é visível nas ruas cada vez mais congestionadas e no tempo de deslocamento que não para de crescer.
De acordo com o Anuário NTU 2023-2024, o país registrou uma redução de 44,1% no número de passageiros pagantes entre 2014 e 2023. Isso significa que, em média, 19,1 milhões de pessoas deixaram de utilizar o ônibus todos os dias. A consequência é clara: menos gente no transporte coletivo e mais veículos particulares disputando espaço nas vias urbanas.
Na capital paraense, a situação é um reflexo dessa tendência nacional. A frota de ônibus enfrenta diariamente um trânsito saturado, o que reduz a velocidade média das viagens, compromete a pontualidade das linhas e desestimula ainda mais o uso do sistema. O resultado é um ciclo vicioso — com a perda de passageiros, o transporte coletivo arrecada menos, o que dificulta investimentos e agrava os problemas operacionais.
Mas o impacto vai muito além das paradas de ônibus. A queda no número de usuários também aumenta a poluição atmosférica, o consumo de combustível e os custos públicos com a ampliação e manutenção das vias. Cidades como Belém, que já convivem com um crescimento urbano desordenado, sofrem com o desequilíbrio entre o transporte público e o uso excessivo de automóveis.
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) alerta que essa é uma questão estrutural que exige ações conjuntas e urgentes. “O transporte coletivo é o coração da mobilidade urbana. Quando ele perde força, toda a cidade sente os efeitos”, aponta a entidade em nota.
Belém tem dado passos importantes para tentar mudar esse cenário. A renovação da frota, a adoção de veículos mais modernos e a implementação de um novo sistema de bilhetagem eletrônica com pagamento por QR Code são exemplos de medidas que podem contribuir para tornar o ônibus mais prático, eficiente e competitivo.
O transporte coletivo precisa ser entendido como um bem público essencial, capaz de reduzir desigualdades, melhorar o trânsito e promover uma cidade mais sustentável.
Mais do que uma alternativa, o ônibus é um instrumento fundamental para o futuro da mobilidade urbana. Valorizar o transporte coletivo é investir em qualidade de vida, em inclusão e em um modelo de cidade mais inteligente e humano — algo que Belém e tantas outras capitais brasileiras precisam urgentemente recuperar.
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