Indústrias desenvolvem ações para preservação da água
Alternativas visam diminuir os impactos ambientes e auxiliar comunidades ribeirinhas

Os processos industriais estão entre os maiores consumidores da água do planeta em larga escala. A legislação ambiental exige que as organizações gerem ações e atividades de compensação preventiva ou corretiva e a água é um dos recursos a serem protegidos. Por isso, iniciativas desenvolvidas por empresas do setor industrial são alternativas para diminuir o impacto na própria instalação ou no entorno, no processo produtivo ou nas comunidades onde atuam.
Jardins filtrantes
O município de Benevides, Região Metropolitana de Belém, por exemplo, possui uma vocação econômica para a produção de água mineral. Por isso, o Benfica, um dos rios que cortam a cidade, recebe atenção especial pela proximidade com o Ecoparque da Natura, que produz sabonetes em barra.
Desde o início da operação industrial, há 10 anos, a empresa disponibilizou jardins filtrantes, um sistema de tratamento de efluentes líquidos. De acordo com Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura & Co América Latina, a tecnologia remove as impurezas para além dos 60% exigidos pela resolução 430 do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
“Todo o efluente industrial e doméstico é tratado neste sistema, ultrapassando em mais de 90% de remoção de impurezas da água, ressaltando que o fato de não se usar nenhum tipo de produto químico é uma solução baseada na natureza, um sistema de fitorremediação”, explica.
A iniciativa tem avançado em resultados de regeneração do ecossistema, com a melhoria da qualidade da água disponível e atração de uma maior biodiversidade de flora e fauna ao seu entorno e com a identificação do aparecimento de novas espécies.
Recirculação de água
Em outro segmento industrial, a siderurgia, a água desempenha um papel crucial na refrigeração de equipamentos e produtos. Para garantir o uso eficiente desse recurso, a Sinobras, umas das empresas do Grupo Aço Cearense, adotou um sistema avançado de recirculação de água em circuito fechado, no município de Marabá.
Toda a água bruta proveniente do rio Itacaiúnas é submetida a um rigoroso processo na Estação de Tratamento de Água (ETA). Após receber o tratamento adequado, a água é direcionada, através de bombeamento, para o uso nos processos industriais, em circuitos fechados diretos e indiretos. Em seguida, ela é novamente bombeada para os decantadores (torres de resfriamento) e, por fim, é reintegrada ao processo industrial.
O índice de recirculação de água na indústria atinge 98%. No decorrer de 2023, a empresa conseguiu recircular uma média mensal de 3.547.995,70 metros³ de água, o que seria suficiente para abastecer 177.399 residências.
“Nosso sistema não apenas reduz a demanda e consumo de água, mas também contribui significativamente para a preservação dos recursos hídricos locais, promovendo práticas que beneficiam não apenas a nossa empresa, mas a toda sociedade”, afirma Junimara Chaves, gerente de Sustentabilidade da Sinobras.
Chuvas da Amazônia
Com apoio do Fundo de Sustentabilidade Hydro, o projeto Chuvas da Amazônia ensina técnicas alternativas para acesso à água potável nas comunidades ribeirinhas de Barcarena, gerando assim uma melhor qualidade de vida com a diminuição a longo prazo de doenças relacionadas à falta de saneamento básico adequado.
As ações incluem etapas de diagnóstico socioambiental das comunidades; análise laboratorial da água utilizada; capacitações de educação ambiental e de técnicas alternativas de acesso à água potável; e implantação de estruturas fixas de captação de água da chuva.
Com as instalações comunitárias, 43 famílias se beneficiaram da iniciativa, com 165 pessoas atendidas com quatro estruturas de captação de água da chuva. Para Helenita Anjos, agente de saúde, o projeto veio para ajudar na promoção da saúde da comunidade. “Estamos aprendendo a filtrar e limpar a água da chuva, diminuindo doenças e adquirindo conhecimento sobre como melhorar a qualidade da nossa água”, afirma.
“Além das estruturas de captação, ofertamos diversas outras atividades de educação ambiental para crianças e adultos, como oficinas técnicas sobre construção de filtros e utilização de hipoclorito de sódio. Fizemos um diagnóstico socioambiental com as famílias que resultou na confecção de uma cartilha. Almejamos mais parcerias para a continuação do projeto, pois o retorno das comunidades foi muito positivo”, conta Thuany Batista, coordenadora do Projeto Chuvas da Amazônia.
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