Cuidadores devem evitar infantilizar idosos e respeitar autonomia
Mesmo bem-intencionados, cuidadores podem ficar atentos a atitudes que afetam a autoestima de pessoas maiores de 60 anos

O Estatuto da Pessoa Idosa, composto pela lei federal Nº 10.741/2023, prevê uma série de direitos assegurados à população com mais de 60 anos de idade. Ele destaca a garantia de oportunidades e facilidades, para preservação da saúde física e mental e aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
A lei enfatiza que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Entretanto, alguns cuidados precisam ser observados com cautela para não prejudicar a autonomia dessas pessoas. Tratar um idoso como se fosse uma criança, utilizando diminutivos excessivos, ignorando suas opiniões ou tomando decisões por ele sem consulta, é uma prática conhecida como infantilização.
O assunto foi tema do podcast "Entre Nós", um espaço para conversas diretas e objetivas, onde profissionais de diversas áreas compartilham seus conhecimentos e experiências para ajudar os ouvintes a terem uma vida mais saudável e feliz.
Embora muitas vezes mascarada de carinho ou excesso de zelo, essa conduta representa uma violação sutil, mas profunda, dos direitos e da dignidade da pessoa idosa, e pode colocá-lo em situações desumanas, vexatórias ou constrangedoras. A infantilização desconsidera a trajetória de vida, as experiências e, fundamentalmente, a capacidade de autodeterminação de um indivíduo adulto.
De acordo com Tayná Magno, assistente social com especialização em Envelhecimento e Ações Estratégicas no Cuidado à Pessoa Idosa, é preciso equilíbrio entre o cuidar sem afetar o indivíduo. “A infantilização ocorre quando a família começa a tratar o idoso como incapaz ou uma criança voltando aos primórdios do aprendizado, sem respeitar a autonomia e as decisões sobre o próprio corpo e sua condição na sociedade”, afirma.
A profissional destaca que o fato de o idoso ter algumas limitações não significa que ele perdeu sua total completude das suas responsabilidades. Isso significa que, a menos que haja uma interdição judicial formal por incapacidade comprovada, o idoso tem o direito de gerir sua própria vida, tomar suas decisões financeiras, sociais e de saúde, e expressar suas vontades.
As consequências podem incluir o agravamento de condições sociais, mentais e físicas. O idoso passa a se ver como frágil, incapaz e inútil, o que pode levar a um quadro de tristeza, isolamento social e, em casos mais graves, depressão.
Além disso, ao ser impedido de realizar tarefas cotidianas que ainda consegue fazer, como escolher a própria roupa ou caminhar sem auxílio desnecessário, suas habilidades cognitivas e motoras podem declinar mais rapidamente.
“O envelhecimento é cronológico, físico e psicológico. É preciso saber lidar e não deixar os idosos vulneráveis a situações de adoecimento”, acrescenta Tayná. É necessário oferecer suporte, segurança e facilidades, mantendo o idoso como o protagonista de sua própria história e decisões.
Para entender mais sobre o tema, acesse o episódio do podcast 'Entre Nós', que está disponível em OLiberal.com/play e é uma parceria com Max Domini.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA