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Endividamento alcança 60% dos paraenses

Entre as pessoas que têm contas para pagar, 74,3% informaram possuir dívidas no cartão de crédito

Redação Integrada

Mais de 60% da população paraense ficou endividada no mês de setembro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic), divulgada pela Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio-PA). Em agosto, o índice fechou em 58,6%, e a variação representa alta de 1,6 ponto percentual (pp). No comparativo com setembro do ano passado, o reajuste alcança seis pp na taxa de famílias endividadas no Pará.

Conforme explicou a assessora econômica do órgão, Lúcia Andrade, setembro foi o quinto mês consecutivo com expansão no número de pessoas com dívidas no território paraense. “Esses aumentos, principalmente na comparação com setembro do ano passado, têm relação com o comportamento do consumidor, que realizou mais compras parceladas, efetuou empréstimos ou contraiu financiamentos no período”, comentou.

Entre os paraenses que têm contas para pagar, 74,3% informaram possuir dívidas no cartão de crédito, seguido pelo crédito pessoal (22,4%), carnês (7,3%), crédito consignado (4,3%), financiamento de casa (4%), financiamento de carro (3%), cheque especial (2,1%) e outras dívidas não especificadas (2,2%).

Para o economista Marcus Holanda, as elevações no nível de endividamento são comuns no segundo semestre do ano. Isso acontece, segundo ele, porque a população contrai mais dívidas perto das férias escolares de julho e com a chegada das festas de fim de ano. “Se fizermos um apanhado histórico, tradicionalmente, no segundo semestre o paraense se endivida mais. Mesmo sem dinheiro, muitas pessoas têm o costume de gastar em julho, viajando, e não ligam se estão ocupando muito o cartão de crédito. Aí chega agosto e setembro e as contas não fecham. Ainda vem o Círio, época em que fazemos almoços e reuniões e temos gastos extras”, pontuou o especialista.

Segundo Holanda, esse comportamento é notado há mais de cinco anos, e os números só têm piorado. O levantamento da Fecomércio também mostrou que 20,2% dos paraenses estão inadimplentes, ou seja, não conseguem pagar as contas, diferente de quem está endividado, em que se encaixa qualquer pessoa com parcelas que ainda devem ser pagas, mas não necessariamente estão atrasadas.

Em relação ao mesmo período de 2018, houve uma queda de 8,7 pontos percentuais, já que o índice estava em 28,9%. Já no comparativo ao mês imediatamente anterior, que registrou 19,8%, a queda foi de apenas 0,4 pp. Não terão condições de pagar os atrasos no próximo mês 11,9% dos paraenses, contra 15,7% em setembro do ano passado e 11,8% em agosto.

“É muito difícil manter um orçamento organizado, porque você precisa assumir a responsabilidade de pagar parcelas fixas mensais de uma coisa que você já consumiu”, opinou Holanda. Para contornar a situação, a palavra-chave é planejamento. Entre as indicações do economista, as três principais são fazer uma renegociação de dívidas em aberto, não utilizar o cartão de crédito no final do ano e buscar renda extra por meio de vagas temporárias.

Outro ponto analisado na pesquisa foi sobre a parcela da renda das famílias comprometida com dívidas em setembro, que ficou em 23,3%, ante 28,7% em setembro do ano passado. Isso significa que os consumidores comprometeram uma parte menor de seu rendimentos mensal, mais distante do chamado limite prudencial. “As dívidas não podem ultrapassar os 30%, porque ainda sobra alguma margem para novas compras sem entrar em situação de inadimplência e endividamento em excesso”, explicou Andrade.

Ainda de acordo com a Peic, os mais endividados são os que possuem renda acima de dez salários mínimos (72,1%). Os que estão abaixo desta faixa apresentaram taxa de endividamento de 59,1%.

O Liberal