Viver e trabalhar no exterior vale a pena, relatam paraenses

Bons salários, serviços públicos de qualidade, segurança e a bagagem cultural estão entre as vantagens apontadas por entrevistados que residem em Portugal, Alemanha e Estados Unidos.

Enize Vidigal
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No ano 2000, o paraense Bruno Fernandes, 44 anos, arrumou as malas e foi morar em Portugal. “Por serem em Euros, os salários são maiores do que no Brasil, mas o custo de vida também é mais caro. Ainda assim, acho que é mais fácil chegar ao fim do mês com algum dinheiro na carteira em Portugal do que no Brasil”, avalia. O desejo de morar fora do Brasil vem acompanhado da vontade de conhecer outros lugares e culturas, mas, especialmente, de ampliar a renda.

Assim como Bruno, o paraense Júnior Barbosa, de 39 anos, encontrou uma vida melhor nos Estados Unidos: “As vantagens são enormes, pois aqui ganhamos por hora e recebemos por semana e, seja o ramo que você escolher, a remuneração é muito boa comparada ao Brasil”. A relações públicas Thanny Andrade, de 34 anos, carioca filha de paraenses, mora na Alemanha e confirma: ”O dinheiro rende mais que no Brasil, com certeza. O poder de compra é maior”.

Bruno Fernandes escolheu inicialmente ir para Portugal, onde entrou com visto de estudante para cursar Jornalismo na Universidade de Coimbra e, após seis anos, obteve a nacionalidade lusitana. Depois, entre 2015 e 2020, mudou-se para Berlim, na Alemanha, por motivos profissionais, mas retornou para Lisboa, onde reside atualmente.

Somente após se formar, ele começou a trabalhar na área de call center e treinamento para atendimento ao público. “O início é sempre mais difícil pela adaptação e incerteza se a decisão foi a mais correta, mas as coisas tendem a melhorar e o outro país passa a ser visto como casa”. Ele observa que, apesar do elevado custo de vida, “em Portugal e na maior parte da Europa, os governos investem em áreas, como saúde e educação, que, sendo públicas e gratuitas ou de baixo custo, têm mais qualidade do que se vê no Brasil e são uma grande ajuda para os gastos do dia a dia”. 

Bruno não pensa em voltar a morar no Brasil. “Em Portugal, inicialmente, não tive muito contato com brasileiros. Na Alemanha, devido à diversidade e multiculturalidade, convivi com pessoas de vários países, incluindo brasileiros. De volta a Portugal e com o aumento da comunidade brasileira, passei a conviver mais, no trabalho e na vida pessoal”.

Assim como ele, Thanny também sempre quis morar fora do Brasil e só pensa em voltar de férias. “Amo o Brasil, mas a eleição de 2018 foi a gota d’água. Eu cheguei na Alemanha um pouco depois da pandemia. Foi complicado. No início, eu fiz freela de comunicação para restaurantes, serviços de tradução, trabalhei fazendo pizza e fiz uma transição de carreira definitiva para o design”, recorda.

Ela levou três anos anos para conseguir o visto de permanência na Alemanha e hoje está casada com um húngaro, o que garante a permanência do casal no país devido a acordos da União Europeia. Entre as vantagens de viver no país, ela aponta a qualidade do transporte público, ciclovias e segurança. “Claro que têm desvantagens: não é a minha cultura, não é a minha casa, não importa o que eu faça, o quanto eu aprenda a língua e os costumes. Isso faz muita falta”. 

image Júnior Barbosa ama as raízes em Belém, mas não quer voltar dos EUA. (Arquivo pessoal)

Júnior levou apenas um mês para conseguir emprego quando chegou nos Estados Unidos. “Inicialmente trabalhei em uma franquia de restaurantes americana ajudando na cozinha”, recorda. Ele é filho de mãe americana e pai brasileiro, conseguiu a dupla cidadania. “O custo de vida no geral é mediano pra alto. Porém, com o que se ganha eu acredito que o acesso a bens necessários são bem mais fáceis de se adquirir, principalmente eletrônicos e automóveis”. 

“Mesmo vindo com os documentos de cidadão, não deixei de ser um imigrante, pois tive dificuldades com o idioma, para fazer novas amizades e ir em entrevistas de trabalho”, revela. Hoje, ele trabalha como gerente de restaurante no aeroporto. “Não perdi minhas raízes com Brasil e com Belém, com nosso jeito de falar e a culinária. Sempre que posso vou em Belém pra matar a saudade e trazer muito açaí na mala. Mas, hoje, a ideia de voltar a morar no Brasil está distante pelo elevado custo de vida e a violência”.

 

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