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Para ganhar mais, trabalhador precisa ‘resolver problemas’, diz especialista; veja vagas bem pagas

Dados do Caged mostram que as profissões com as melhores remunerações são nas áreas financeira, bancária, comercial e tecnológica

Elisa Vaz

O mercado de trabalho tem, cada vez mais, sofrido transformações provocadas pelo avanço tecnológico e a criação de novas profissões que acompanham essa evolução. Conforme os trabalhadores vão se desenvolvendo em áreas que têm potencial de crescimento, mais conseguem garantir boas remunerações e estabilidade profissional.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, apontam que cargos de direção executiva e atividades ligadas a áreas como finanças, bancária, comercial, tecnologia da informação e saúde tiveram os maiores salários médios de contratação com carteira assinada no país em 2022. O patamar pode ficar entre R$ 30 mil e R$ 40 mil para funções como diretor de crédito, de riscos de mercado, de produtos bancários, de mercados de capitais e de serviços de informática, ocupações com maior salário médio de admissão no ano passado, segundo o levantamento.

Para o economista Valfredo de Farias, quem ganha bem hoje em dia é quem traz soluções para problemas. "Não à toa a maioria dessas profissões está ligada à área financeira e de tecnologia. No primeiro caso, sabemos que 'o calcanhar de Aquiles' da maioria das empresas é justamente o financeiro. Pessoas que trazem soluções e conseguem organizar o financeiro são muito valorizadas, assim como aquelas que trabalham com investimentos: a empresa está ali, com capital disponível, e o profissional faz investimentos bem aceitos no mercado, gera dividendos bons, essas pessoas também são valorizadas", afirma.

Ainda dentro da área financeira, o especialista cita os trabalhadores comerciais, que, embora tendam a ser remunerados apenas com um salário mínimo e ajuda de custo, conseguem receber de R$ 20 mil a R$ 30 mil só de comissão, por causa da produtividade. Já na parte de tecnologia, Valfredo lembra que é uma tendência mundial, a exemplo das inteligências artificiais e softwares inteligentes, então quem se capacitar nessa área terá destaque no mercado e boa remuneração.

"Hoje tudo é movido pela tecnologia, e nas profissões estamos falando de desenvolver aplicativos, sistemas, trabalhar com a base de dados da empresa, infraestrutura de TI [tecnologia da informação], por exemplo. Essas pessoas têm uma importância muito grande hoje para as empresas, porque, a partir do momento em que trava a rede de computadores, a empresa trava como um todo. Os profissionais dessa área são muito valorizados, mas lembrando, a partir do momento em que trazem soluções para o dia a dia das empresas", comenta.

Outra área que teve ascensão, de acordo com o Caged, foi a de engenharia. A profissão de engenheiro, em várias áreas de atuação, ganhou destaque entre as maiores remunerações, com 30 das 100 ocupações. Na opinião de Valfredo, isso é resultado do crescimento econômico. O economista diz que, em épocas de "bonanças" no país, o investimento em infraestrutura tende a aumentar, com a construção de condomínios, casas, edifícios, estradas, shopping centers e outros espaços, porque a construção civil tem muita demanda de obras.

"Todo mundo que está envolvido ganha com isso: engenheiro elétrico, civil, mecânico, arquiteto, enfim. Todas as engenharias participam muito desse processo de crescimento. Quando a economia estava crescendo muito, nos anos 2000 até início dos anos 2010, os engenheiros estavam ganhando muito bem. A partir do momento em que a gente entrou na recessão, lá em 2014, o país parou de crescer e os engenheiros, em sua maioria, perderam muita renda, muitos viraram motoristas de aplicativo porque não conseguem se manter na área de engenharia, que está muito ligada ao crescimento econômico", explica.

Salários maiores

O primeiro passo para garantir um salário maior em 2023, segundo o economista, é ter experiência e mostrar resultados. Valfredo trabalha esporadicamente com recrutamento e seleção e diz que as empresas, geralmente, não se preocupam com a universidade pela qual o candidato passou, mas querem saber dos resultados e soluções que levou aos seus trabalhos anteriores.

A capacitação também é muito importante - se um profissional quer mudar de área para garantir uma remuneração melhor, deve primeiro se preocupar em estudar, ler e buscar cursos sobre a profissão. Porém, a garantia de uma boa remuneração também depende do aquecimento da economia, na opinião de Valfredo, e é mais provável que consiga uma renda boa no curto prazo se desenvolver uma ferramenta, aplicativo ou curso.

"Na época em que a economia estava crescendo bastante, entre 2007 e 2012, os salários eram supervalorizados. Um auxiliar administrativo financeiro, por exemplo, pediam de R$ 2 mil a R$ 3 mil, e hoje pessoas com pós-graduação se sujeitam a ganhar um salário mínimo, porque estamos em um momento de crise econômica. Mas, de repente, o profissional desenvolveu um aplicativo e ele bombou, então vai ganhar muito dinheiro no curto prazo. Fora isso, não tem como, a não ser que a economia esteja em uma crescente forte, o que valoriza todo o mercado de trabalho", argumenta o especialista.

Remunerações baixas

Por outro lado, entre as ocupações com menores salários médios de admissão, somente duas registraram valores abaixo do salário mínimo em vigor no ano passado (R$ 1.212): gandula e catador de caranguejos e siris. Os cargos com as menores remunerações são os relacionados a serviços domésticos e na área agrícola, mostra a pesquisa.

Como, geralmente, as pessoas que ganham menos e ocupam essas funções vêm de famílias com poucas condições financeiras e baixos níveis de estudo, a melhor saída é empreender, na opinião do economista.

"As pessoas que não têm muita perspectiva de ter bons cargos e, consequentemente, bons salários, que moram no interior e ocupam funções mais braçais, só vejo essa opção de ter uma renda extra e, a partir dali, ter uma vida um pouco melhor. Já as pessoas que estão na cidade, em Belém, Santarém, Bragança, as cidades maiores têm o Sesi, Senac e outras entidades que promovem a qualificação do trabalhador. Acho que vale a pena um esforço extra para estudar, se aperfeiçoar, aprender outra profissão que venha a dar uma renda melhor", orienta.

Cinco profissões com os salários mais altos

  • Diretor de crédito: R$ 40,9 mil
  • Diretor de riscos de mercado: R$ 39,6 mil
  • Diretor de produtos bancários: R$ 37,9 mil
  • Diretor de mercados de capitais: R$ 36,5 mil
  • Diretor de serviços de informática: R$ 30,1 mil

Cinco profissões com os salários mais baixos

  • Gandula: R$ 1,09 mil
  • Catador de caranguejos e siris: R$ 1,19 mil
  • Criador de asininos e muares: R$ 1,21 mil
  • Trabalhador da cultura de fumo: R$ 1,22 mil
  • Trabalhador da cultura de dendê: R$ 1,22 mil

Fonte: Caged, Ministério do Trabalho

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