CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Versatilidade do açaí garante emprego e renda em Ananindeua

Festival celebra importância do açaí e criatividade dos empreendedores locais 

Eduardo Laviano

Quando a pandemia de covid-19 veio, Cristiane Araújo se viu sem emprego.

Ela e mais três mulheres do quilombo Abacatal, em Ananindeua, decidiram que era hora de empreender e começaram a fabricar bebidas que possuem como base o licor de cajuí, fabricado por quilombolas há mais de 300 anos e que pode ser misturado com diversas frutas, inclusive o açaí.

A bebida exclusiva e de sabor original ainda não é a principal fonte de renda de Cristiane, mas, segundo ela, caminha para ser.

"Isso aqui não é só um licor de açaí. É a cultura do nosso território e símbolo da força feminina. As pessoas degustam uma parte da nossa história a partir desse licor de açaí. É um processo inteiramente orgânico, que vai desde macerar a fruta, que pode levar meses, até chegar aqui para vender. Me sinto muito feliz de me apoiar na minha própria tradição para ter uma fonte de renda", conta ela, ao lembrar que os clientes sempre ficam curiosos para entender a origem do produto.

Cristiane estava fazendo parte, na manhã desta terça-feira (11), do 1º Festival do Açaí de Ananindeua, que reuniu diversos empreendedores que utilizam o fruto como fonte de emprego em renda nas mais diversas formas possíveis. 

Criatividade

Rosenildo Ferreira, por exemplo, vende biojoias feitas com caroço de açaí. São pulseiras e colares multicoloridos com desenhos que incluem elementos do folclore regional, como o Muiraquitã, e também a estética indígena das miçangas Kayapó.

"Hoje a minha especialidade são as gargantilhas, nas quais misturo o macramê com o caroço de açaí. Bem bonito e regional. Isso é minha paixão", diz.

image Rosenildo fabrica pulseiras e colares com o caroço do açaí (Ivan Duarte/O Liberal)

Os preços variam entre R$5 e R$35 e Rosenildo conta que muitos compram para dar de presente aos amigos turistas.

Ele se enche de orgulho ao dizer que o negócio dele é 100% sustentável.

"A gente transforma algo que ia para o lixo em arte, utensílio. E minha filha faz as embalagens com papel reciclado de catálogos. De uns tempos pra cá o mercado tem melhorado esse mercado e tenho certeza que é só o começo", afirma. 

As grandes empresas também contribuem para que a economia da floresta esteja cada vez mais forte e descentralizada.

Cosméticos com a cara do Pará

A Natura, empresa de cosméticos com forte presença no Pará, participou da feira exibindo os diversos produtos feitos com base no açaí, de sabonetes e hidratantes.

Na opinião da gerente comercial Raíra Carvalho, o fato da empresa valorizar o que vem da terra ajuda os clientes a se identificarem com a marca e indicarem os produtos para os conhecidos.

image Açaí é base para cosméticos da Natura (Ivan Duarte/O Liberal)

"A empresa trabalha com produtores que fornecem matéria-prima de maneira sustentável e originários de negócios familiares, não grandes empresas. Temos um compromisso com mais de 40 famílias de pequenos produtos e por isso viramos referência quando o assunto é Amazônia. E nossas consultoras são responsáveis por multiplicarem isso pelo Pará. Ou seja, é uma cadeia econômica que orgulha o paraense do início ao fim", avalia. 

Só no Pará, a empresa emprega quase 700 trabalhadores, entre funcionários e prestadores de serviço, que trabalham com 39 bioingredientes, incluindo o açaí. 

Pesquisa fortalece produtores

A pró-reitora de extensão da Universidade Federal Rural da Amazônia, Alessandra Rodrigues, conta que o açaí está presente na vida acadêmica da instituição, que está cada vez mais determinada em catalogar e distribuir conhecimentos e tecnologias acerca do açaí.

Atualmente, a universidade possui programas focados na residência agrícola na cadeia do açaí, na conversão dos resíduos de açaí em bioprodutos e bioenergia, no manejo sustentável e no reconhecimento de solos.

"Tudo é fruto de muita dedicação e pesquisa dos nossos alunos e professores, que contribuem com diversas dissertações e estudos. Isso ajuda no melhor retorno econômico para os produtores paraenses", aponta. 

image Ufra pesquisa sobre o açaí para ajudar produtores a terem negócios mais sustentáveis e lucrativos (Ivan Duarte/O Liberal)

Durante o Festival, a prefeitura distribuiu 30 tanques de branqueamento de açaí, essenciais para garantir um produto livre de doenças, como o mal de chagas. A secretária de desenvolvimento econômico de Ananindeua, Ivelane Neves, conta que o município tem se dedicado na capacitação dos produtores e dos mais de dois mil batedores de Ananindeua por meio do projeto Casa do Açaí, que depois gera o selo de qualidade 'Açaí bom que só'.

"É um alimento importante na mesa do paraense, mas precisa ter garantia de qualidade. Com a Casa do Açaí, monitoramos desde o manejo das ilhas até a ponta final, que é o batedor. Não queremos fechar nenhum ponto de açaí, mas sim ajudar com as melhores práticas e entender as necessidades do batedor", indica.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Empreenda +
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!