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Trabalha no ramo da alimentação? Veja dicas de como precificar seus produtos

Analista do Sebrae dá algumas dicas para empreendedores e diz que o primeiro processo para precificar é o da padronização

Natália Mello

Um dos segmentos de venda mais promissores e que mais atrai pequenos empreendedores é o da alimentação. Mas, ao abrir um negócio, você saberia como calcular o preço dos produtos? Para chegar a esse valor final, o proprietário do estabelecimento precisa, primeiro, executar um processo que se chama padronização, segundo o analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PA), Nilberto Macedo.

O especialista explica que essa padronização nada mais é do que identificar quais são os custos para cada item do produto que ele vai oferecer em cada prato: proteínas, arroz, feijão, farofa, insumos, gás, energia que é colocada diretamente sobre esse preço. “Ele tem que identificar também o quanto de percentual de despesa vai ter que ser colocado para a correta formação de preço, e entender que cada produto possui uma margem de lucro adequada e que, quando não bem aplicada, pode encarecer um produto que não tem uma pegada de muita agregação e fazer com que aquele que tem uma agregação de valor venha ser vendido barato”, esclarece.

Nilberto pontua que esse empreendedor precisa entender o hábito de consumo do seu cliente para, assim, ter a formação de preço adequada ao tipo e tendência de hábito de consumo desse cliente. “Vale ressaltar que pra que isso aconteça ele tem que ter o controle das suas vendas, normalmente aplicadas e diariamente feitas no seu empreendimento, para que aí sim ele aplique um preço competitivo e que gere sucesso no seu empreendimento”, alerta.

E como esse pequeno empresário pode agregar valor ao seu produto? Um preço competitivo é definido conforme o hábito de consumo do cliente. Por exemplo, Nilberto lembra que cada consumidor consome pelos olhos, então aplicar uma melhor apresentação virtual ao seu produto também geram um diferencial competitivo, fazendo com que esse cliente venha a pagar um pouco mais por ele. Ou seja, isso é agregar valor.

Outra forma citada pelo analista do Sebrae é gerar experiência degustativa a esse cliente, trazendo um novo tempero, um novo molho – a valorização do regional, inclusive, é apontada como uma excelente estratégia de agregação de valor, e que garante um preço um pouco maior e melhor para o produto.

“Isso é agregação de valor. Também se pode aplicar linhas diferenciadas para pessoas que têm problemas digestivos, pessoas que têm problema de saúde, e usar a criatividade também, sempre focado no cliente e no mercado. Por que? Assim, ele saberá aplicar um diferencial competitivo e agregar mais valor ao preço que ele quer botar no mercado, atendendo à satisfação do cliente e com isso ter o diferencial competitivo. Essa é a pegada voltada para o cliente que ele atende, que esse empreendedor deseja alcançar”, finaliza.

Qualificação é o primeiro passo

Dona de uma esfirraria há quase um ano, Ellaine Oliveira começou no bairro da Marambaia, em Belém, onde hoje tem duas unidades, expandiu para Marabá e transformará a marca em uma franquia até outubro de 2022. Mas, desde que iniciou o negócio, a empreendedora enfrenta desafios diários, e o maior deles, segundo ela, consiste em precificar de produtos. “Seja no ramo de alimentação, vestuário, serviços ou outro qualquer. Compor o preço pode ir muito além de inserir no que se vende os custos fixos, variáveis e a margem de lucro pretendida”, avalia.

Para ela, é necessário fazer uma análise minuciosa do mercado em que se pretende atuar, além de identificar público alvo e a possível inovação naquilo que se está ofertando. Ellaine também lembra de outro ponto, o senso de oportunidade, uma vez que, dependendo do local, da demanda e escassez daquilo que se oferece, a percepção de valor pelo cliente pode variar muito, de acordo com a percepção dela.

Ellaine conta que a maior dificuldade foi o pouco conhecimento teórico que tinha sobre o assunto. A princípio, pensava que precificar os itens deveria ser uma tarefa que levaria em conta apenas a oferta de similares no mercado e o público do entorno do ponto escolhido para a venda. Entretanto, após analisar e aprender conceitos fundamentais de negócio – custo do produto vendido, inclusão dos custos fixos, e métricas capazes de retornar o resultado que pretendemos –, ela percebeu que o processo de colocar um produto à venda no mercado e precificá-lo começa pela forma com a qual o empreendedor deseja se inserir e posicionar, se objetiva fortalecer uma marca de valor, devendo considerar a formalização do seu negócio e como levar isso às pessoas.

“Nessa jornada, a qualificação através de cursos, workshops, relacionamento com parceiros e muito estudo de mercado, são grandes aliados para alcançarmos nossos objetivos, que vão muito além de vender. Acredito que um empreendedor deve buscar ser um solucionador de problemas. Alguém que está no mercado para tentar ofertar aquilo que os consumidores mais buscam: serem servidos com excelência e ter a devida atenção que buscam e merecem. Afinal, ouvir a demanda do público é a chave para atingir o sucesso no negócio. Quem não gosta de se sentir especial e representado ao adquirir um produto?”, conclui.

Para Josicley Queiroz, à frente de uma pizzaria artesanal no bairro do Coqueiro, em Ananindeua, também é primordial para qualquer negócio estabelecer um preço baseado em estudos, já que “se ficar errado o preço seu produto, quanto mais você vender, mais você se afunda, né?”, diz. Para o empreendedor, não fazer o levantamento adequado é um dos principais erros para quem está iniciando e um dos pontos que não pode ser esquecido é o concorrente direto que já tem uma carteira de cliente, tempo de mercado e uma marca.

“Ele está iniciando e da pior maneira, que é fazer aquela briga pelo preço, né? Ele vai colocar um preço abaixo do concorrente para tentar fazer a sua carteira de clientes e aí que ele realmente vai ter uma grande dificuldade, porque ele esquece de colocar na sua precificação os seus custos fixos e até mesmo seu esforço, seu trabalho. No início a gente cometeu, sim, esses erros. Tivemos que investir em cursos, em consultoria e, desde então, a gente não parou mais de fazer investimento em consultoria”, reforça.

Josicley acredita que as informações dos cursos são essenciais para obter os melhores resultados, e coloca outro ponto em questão: a qualidade do produto, uma prioridade para a empresa desde que iniciado o negócio. Por isso, ao começar, afirma ter tido dificuldades em relação à venda, o que atribui à necessidade de maturação do próprio negócio, que o tempo no mercado confere a qualquer empreendimento.

“Mas em relação a parte da precificação, a gente não sentiu muito, a gente sempre trabalhou um pouquinho acima dos preços dos nossos principais concorrente na época. E com a consultoria do Sebrae, a gente enxergou coisas que a gente não colocava na nossa precificação. Por exemplo, a gente não colocava a luz e outras coisas que precisam ser colocadas para você fazer uma precificação correta. Para você realmente não só trabalhar e você ver o resultado, ver o lucro no caso. Essa parte da precificação é a base de qualquer negócio, com certeza”, finaliza.

O preço de venda é a soma dos custos, mais as despesas e o lucro. Confira um passo a passo abaixo, de acordo com orientação do Sebrae:

  • Primeira etapa – some todos os custos fixos: aluguel, conta de luz e água, salários, materiais para escritório e todos aqueles que não são afetados pela produção.
  • Segunda etapa – divida o custo fixo total pela quantidade de produtos.
  • Terceira etapa – separe os custos variáveis, exemplo matéria-prima e embalagens.
  • Quarta etapa – obtenha o preço salarial pago pelos produtos (considerando que a produção é terceirizada), que deve ser acrescido aos custos fixos.
  • Quinta etapa – precifique e a margem de lucro desejada, calcule os impostos e as comissões (os três itens devem aparecer em forma de porcentagem). São chamados de Custo Total de Vendas (CVT).
  • Sexta etapa - após calcular todos esses dados, você poderá encontrar o Mark up divisor (MKD), que mostra a quantia cobrada por um produto para saber o seu lucro real. A formula é representada da seguinte maneira:
  • MKD = (100 – CTV) / 100
  • Sétima etapa – é o cálculo relacionado à venda, para descobrir o preço ideal. Com o resultado do MKD em mãos utilize-o como na fórmula a seguir: preço de vendas = custo do produto / MKD
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