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Mercado em torno da morte: procura por necromaquiagem e caixões personalizados cresce em Belém

Com o aumento da demanda pelo procedimento e da procura por cursos profissionalizantes na área, fica evidenciado que o mercado em torno da morte também precisou se reinventar

Fabyo Cruz

A atividade de maquiagem em cadáveres para funeral, a chamada necromaquiagem, não é uma novidade no Brasil, entretanto, em Belém, o serviço aponta crescimento nos últimos anos. Com o aumento da demanda pelo procedimento e da procura por cursos profissionalizantes na área, fica evidenciado que o mercado em torno da morte também precisou se reinventar. Entretanto, na capital paraense, ainda são poucas as empresas funerárias que executam esse trabalho, fazendo com que a prática seja terceirizada.

O empresário José Carlos, 38 anos, conhecido entre clientes e fornecedores como “Carioca”, por ser natural do Rio de Janeiro, reside há oito anos na capital paraense, onde possui um estabelecimento que oferta o serviços de necromaquiagem, tanatopraxia, embalsamamento, além da comercialização de caixões (urnas funerárias) e adereços para cerimônia fúnebre, no bairro Mangueirão.      image A necromaquiagem é um complemento da tanatopraxia, por isso ambas são ofertadas juntas, explica o empresário (Everaldo Nascimento/O Liberal)

Carioca explica que a necromaquiagem é um complemento da tanatopraxia, por isso ambas são ofertadas juntas. “Primeiro você faz o procedimento da tanatopraxia, que é a conservação, o embalsamento para o velório, que é mais duradouro e mais prolongado, e, após o término do serviço, a gente faz a necromaquiagem. Se o corpo tiver algum tipo de edema ou afeição de ruga e envelhecimento, nós procuramos chegar mais próximos à afeição do obituado em vida”, esclareceu o proprietário.

O empreendedor avaliou o mercado da necromaquiagem/tanatopraxia na capital do Pará: “É uma atividade que existe há mais de 50 anos, porém, aqui em Belém nós trouxemos o curso no final de 2016. Alguns empresários estão tendo uma boa aceitação, e outros ainda não se adaptaram com esse serviço. Eles acham que a formolização seria o suficiente, que dá uma falsa impressão de conservação, até porque o formol já foi proibido em vários estados por ser cancerígeno, e aqui ainda não foi proibido”.

José Carlos diz que o preço do serviço varia de acordo com o estado do cadáver. Um corpo oriundo do Instituto Médico Legal (IML), por exemplo, exige mais esforço de preparação, podendo custar R$ 1.800,00, enquanto em casos de morte natural, o valor fica em torno de R$ 800,00. O proprietário afirma que há um perfil dos consumidores dessa utilidade. Geralmente, são famílias oriundas das chamadas “classes A e B”, que querem se despedir de uma pessoa falecida, quase sempre mulheres, comumente apegada a questões estéticas.
 
A necromaquiagem é muito mais que a aplicação de produtos com efeito cosmético, de embelezamento ou disfarce, em um cadáver, afirma o empresário. Ele conta que o serviço também inclui, por exemplo, a feitura da barba em homens, retirada de marcas ou lesões provocadas por doenças que devolvem a aparência de um ente querido para o momento do último adeus. “Muitas famílias nos procuram para fazer esse serviço, inclusive já fizemos muitos procedimentos em pessoas que fizeram parte de casos emblemáticos aqui de Belém”, disse Carioca. 

Cursos profissionalizantes

Carioca conta que seu estabelecimento possui oito funcionários, sendo dois deles responsáveis pela realização dos procedimentos. Desde 2016, a empresa realiza cursos profissionalizantes para aqueles que almejam dominar os conhecimentos e seguir na área da necromaquiagem/tanatopraxia. Os cursos reúnem em torno de 25 alunos por turno. Uma nova formação está marcada para os meses de novembro  e dezembro deste ano, com um professor oriundo do Rio de Janeiro. As aulas incluem ensinamentos de reparação facial, embalsamento, noções de corpos em estado de putrefação e agente funerário. O curso custa R$ 1.450,00.

Caixões personalizados 

Outra mudança no mercado em torno da morte é a comercialização dos caixões personalizados. O que anteriormente estava limitado às urnas funerárias simples, feitas de madeira envernizada, agora é rica em detalhes, contendo até desenhos religiosos e símbolos de times de futebol como Remo e Paysandu. “O mercado precisou se reinventar”, afirmou Marina Santana, 30 anos, que trabalha em uma funerária localizada no bairro Mangueirão, em Belém.  

image Marina Santana, que trabalha em uma empresa funerária, afirma que o mercado precisou se reiventar (Everaldo Nascimento/O Liberal)

“Até o ramo de funerária em relação às urnas acaba se modernizando. Há dois anos começamos a trabalhar com a venda desses modelos personalizados. Quando geralmente um ente querido antes de morrer manifesta o interesse de ser enterrado em uma urna assim, as famílias acabam fazendo a vontade daquela pessoa que faleceu”, disse Marina Santana. A funcionária conta que a diferença no valor de um caixão personalizado para um não customizado está em torno de R$ 1.500,00. 

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