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Mulheres lideram número de MEIs abertos em 2021 no Pará, segundo Sebrae e Jucepa

Mesmo em ambientes predominantemente masculinos, mulheres lutam para ocupar espaços e se sobressaem

Natália Mello
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Faz um tempo que as mulheres vêm tomando a liderança no mercado de trabalho, seja ocupando cargos de destaque ou sendo chefes de empresas dos mais diversos portes. Levantamentos feitos pela Junta Comercial do Pará (Jucepa) e pelo Sebrae Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PA) ratificam essa segunda afirmação: a quantidade de empresas abertas em 2021 por mulheres do tipo MEI (Microempreendedor Individual) foi de 35.797 (56,6% do total/Jucepa); e do total de 132.807 empreendimentos individuais divulgados pelo Sebrae, 80.933 (61%) são liderados por mulheres.

A Jucepa reforça ainda que 42,36% das empresas no Pará pesquisadas no ano passado tiveram mulheres em seus quadros societários e de chefia. Quando às microempresas, elas lideram 8.521 (10% do total); 2.718 (62,2% do total) das empresas de pequeno porte (EPP); e 471 (30,2% do total) das sem porte definido. Samya Mafra, de 30 anos, integra a fatia que cabe às EPPs há 10 anos, quando abriu a empresa de engenharia sanitária. Há dois anos sozinha à frente do empreendimento, cuja mão de obra é predominantemente masculina – 24 funcionários dos 30 são homens, ela conta que o início foi de certa resistência dos trabalhadores.

image As mulheres na equipe de Samya atuam com limpa fossa, caminhão pipa, poliguindaste e veículos de grande porte (Cristino Martins / O Liberal)

“Quando comecei tinha um sócio, que era o pai da minha filha, mas saiu do quadro em 2020 e a empresa continuou só comigo. No início tinha uma resistência, estranhamento, por eles serem comandados por mulheres. Em sua maioria, esses trabalhadores são brutos. Mas, com o passar dos anos, a empresa foi crescendo e eles respeitam a nossa história. Eu não sou herdeira de nada, construí tudo com o meu trabalho”, detalha a jovem empresária.

Samya, que atua com limpa fossa, caminhão pipa, poliguindaste e veículos de grande porte – os quais ela mesma conduz, por muitas vezes, vê o trabalho como a chave de libertação da mulher, por permitir a independência financeira e emocional dela fora de uma relação. “A independência financeira permite a libertação da dependência emocional. Com o trabalho, a gente consegue ascender. No passado, as mulheres não tinham trabalho e se sujeitavam a casamentos por serem dependentes do marido e hoje não precisamos mais disso”, finaliza.

A advogada Ana Carla Rocha decidiu largar a profissão para ser dona do próprio negócio há quatro anos. Empreender sempre foi uma atividade que deu prazer à jovem, de 33 anos, e, ao lado de Adrianne Guimarães, começou com a venda de semijoias. Atualmente, esse se tornou um negócio extra, atrelado à gestão do novo empreendimento que divide com a sócia: uma clínica de estética e depilação.

“Trabalhei em alguns escritórios na área cível, empresarial, mas nunca gostei muito do dia a dia do advogado. Por isso encarei alguns anos estudando para concurso, mas não era a minha praia. Eu não tinha perfil e demorei um pouco para entender, aí me lancei para trabalhar com a parte das semijoias e com a revenda que percebi que gostava muito de lidar com o público. Hoje nós que fazemos tudo, estudamos marketing, as cores adequadas, fazemos a parte financeira, o caixa, entrada, saída, eu tenho aprendido cada vez mais”, conta a jovem.

Fotodepilação e depilação a lazer; tratamentos faciais – com protocolo de foto rejuvenescimento na face, nas mãos e no colo; limpeza de pele; e design de sobrancelhas e cílios. A clínica tem apenas quatro meses e já trouxe uma série de desafios novos às duas sócias, mas sem deixar de fazê-las acreditar no que são capazes. Diferente de algumas experiências vividas por Ana Carla na área jurídica.

“No direito eu fui assediada por várias vezes, inclusive em um dos escritórios que trabalhei, e por ele ser um cara muito influente e conhecido, falei ‘não vou fazer escândalo’, porque era meu nome que ia rodar a cidade sendo mal falada, então pedi pra sair. Acontecia muito. Na área do direito existe muito isso, sentia que era subestimada pela minha aparência, requisitada pela aparência e ao mesmo tempo subestimada pela aparência. Era muito triste e foi uma das coisas que me desestimulou bastante e me fez parar de advogar”, relatou.

Mas, voltando a este outro momento da vida que vive, por mais medos que ainda sinta pelas responsabilidades que assumiu por ser a dona do próprio negócio, especialmente no Brasil, ela diz que sabe que fez a escolha certa. “Eu cheguei a pensar, será que eu vou dar conta? Vão ter muitos funcionários dependendo de mim, ficava pensando nisso, mas graças a Deus eu vejo que sou capaz e posso até fazer mais do que estou fazendo agora. Meu maior desafio é resistir no Brasil, com essa política e economia louca que a gente vive. Quero pagar nossos impostos e conseguir me manter, porque a vida do empreendedor não é fácil”, finaliza.

De acordo com o Sebrae, a atividade econômica com maior concentração de mulheres empreendedoras é a de tratamento de beleza, como o negócio de Ana Carla e Adrianne, com 95% de presença feminina. Outros setores de destaque são varejo de confecção e acessórios (75% de empreendedoras mulheres) e comércio varejista de perfumaria e cosméticos (72% de mulheres empreendedoras).

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